Vasco

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O HOMEM DO RADINHO. MEDICE, O GENERAL-PRESIDENTE E O FUTEBOL

    Em 1971, ainda na euforia pela conquista do tri de México-70, e no auge da ditadura governamental dos generais-presidentes, a Confederação Brasileira de Desportos-CBD (atual CBFutebol) decidiu promover mega torneio dentro das comemorações do Sesquicentenário (150) da Independência do Brasil -e que faria parte, também,  da campanha do seu presidente, João Havelange, ao comando da FIFA.   

Reprodução da revista O Cruzeiro

 Aquele era um tempo em que os militares faziam obras faraônicas para um “Brasil Grande” em que vários Estados levantaram estádios com nomes superlativos - Batistão, Mangueirão, Vivaldão, Morenão, Castelão, etc -, homenageando governadores da "tchurma" para tentar ajudar o  partido do Governo-Aliança Renovadora Nacional (ARENA)  a ganhar eleições com voto do povo que cabia nos estádios. 

Para a bola rolar, a CBD marcou jogos em Porto Alegre, Curitiba, Salvador,  Aracaju, Maceió, Recife, Natal, Manaus e Campo Grande-MS, deixando Belo Horizonte e o Rio de Janeiro para a segunda fase. Por reunir tantas seleções - Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, França, Iran, Irlanda, Iugoslávia, México, Bolívia, Combinado da Concacaf, Escócia, Paraguai, Peru, Portugal, Tchecoeslováquia,  União Soviética e Venezuela -, o torneio foi chamado  por Minicopa e  teve o patrocínio da União de Bancos Bradesco, da Esso, da Souza Cruz e da Gillette, que não se importaram com o fato de seleções fortes, como a então Alemanha Ocidental, Inglaterra, Itália e Espanha (além de Grécia, Áustria e México) recusarem convites para virem ao Brasil. Conviodados definidos, a CBD marcolu jogos para Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Aracaju, Maceió, Recife,  Natral, Manaus e Casmpo Grande-MS,  deixando Belo Horizonte e Rio de Janeio para a segunda fase.

Bola rolando, na primeira parte, rolou o que tinha de rolar, como Iugoslávia 10 x 0 Venezuela; Argentina 7 x 0 Concacaf (América do Norte/Central/Caribe); França 5 x 0 Concacaf; Portugal 4 x 1 Chile e Paraguai 4 x 1 Venezuela.

Jairzinho e Tostao comemoram gol em por foto reproduzida da revista carioca Manchete

Chegada a vez dos brasileiros adentraram aos gramados, eles começaram decepcionando o Maracanã, no 28 de junho daquele 1972, no 0 x 0 Tchecoeslováquia, com Tostão vestindo a camisa 10 do aposentado (da Seleção) Pelé, e Rivelino com a 9 do centroavante que ele nunca fora. Mas a turma do treinador Mário Jorge Lobo Zagallo recuperou-se, no 2 de julho, no paulistano Morumbi, mandando 3 x 0 Iugoslávia, com Leivinha (2) e Jairzinho na rede. Três dias depois, voltou ao Maracanã e o “furacão” Jairzinho marcou um belo gol, de peixinho, com cruzamento feito por Rivelino, a oito minutos do final,  para o escrete nacional nal bater a Escócia, por 1 x 0, e classificar-se à final, contra Portugal, que eliminara os soviéticos, pelo mesmo placar, no Mineirão, em Belo Horizonte.

Veio a final, em 9 de julho, o Maracanã, e lá estava o ditador Garrastazu Medici com o seu radinho à pilha colado aos ouvidos escutando a narração da partida e esperando o apito final, na certeza de ver o Brasil campeão da Minicopa, ele entregar a taça aos vencedores e ser aplaudido pelo povão e sentir o seu governo, cada vez mais, consolidado naquela fase chamada por “Era de Chumbo”, tal o grande número de torturas, assassinatos e desaparecimentos de inimigos do regime militar acusado de sumir com centenas de brasileiros classificados por “‘subversívos”. 

Não foi fácil para o presidente Medici cantar a vitória naquele dia. Principalmente, porque o atacante portuguê Jordão chegou a acertar uma bola no travessão, calando o Maracanã. De nada adiantava o desesperado treinador Zagallo fazer de tudo para mexer no placar.

Jairzinho salta mais alto do que o goleiro português em clique de Manchete

 O segundo tempo transcorria tenso, quando Zagallo mandou para o jogo o atacante Dario, o atacante preferido do presidente Medice. Quando os portugueses já economizavam forças para uma iminente prorrogação, aos 43 minutos, Jairzinho pegou rebote da defesa lusitana, investiu, pela direita, e foi derrubado, pelo lateral Adolfo. A torcida gritou alto, pedindo pênalti. O Ditador levantou o som do seu radinho, mas o árbitro israelense Abraham Klein marcou falta fora da área, pelos lados da linha de fundo. Jairzinho queria cobrá-la. Mas, como não era especialista no tema, Rivelino pediu pra bater. E levantou a maricota na área fatal dos portugas”, exatamente, onde estava a cabeça “furacaniana” do Jair Ventura Filho, que saltou mais alto o que o goleiro visitante e sacaudiu a rede:  Brasil 1 x 0. No mais, foi só administrar o placar para o Ditador entregar a taça ao capitão Gérson de Oliveira Nunes –  tempo em que o Ditador Medici dizia que “o homem não foi feito para viver em democracia”.

https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/o-homem-do-radinho/       

 JBr de 26.01.2025 (domingo) trazido para cá pelo túnel do tempo

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