Ela era odiada pela elite paraguaia, que a vendia como prostituta, em Paris. Mais: indigente, ao final da vida. Inverdades. Intrigas da oposição ao general Francisco
Solano López. Se bem que o descontentamento com a ligação dele com
a bela loira irlandesas começava pela sua família.
Vários livros já foram escritos sobre Elisa |
Elisa Alicia Lynch teve
uma vida paraguaia nos moldes das brasileiras Anita Garibaldi e Maria
Bonita. Acompanhou o amásio na guerra, até ver as tropas brasileiras matá-lo, e a
um filho, de 16 anos de idade.
Diz a lenda que ela teria cavado, com as unhas, a última morada do seu general; uma outra versão sustenta ter sido ajudada pelo inimigo, naquele 1º de
março de 1870, quando ele foi cercado e abatido no arroio de Aquidabã.
ORIGEM - Nascida na cidade
irlandesa de Cork, em 1834, Elisa casou-se, aos 15 anos de idade, com o médico
militar francês Xavier de Quatrefages, a quem acompanhou quando ele foi para a
Argélia. Depois de separarem-se, ela conheceu Solano López, em janeiro de 1854, durante uma festa parisiense. Rapidamente, apaixonaram-se. Como Elisa era casada no papel,
viveram amigados, sem jamais morarem juntos sob um mesmo teto. Para não prejudica-lo,
ela recusava residir no palácio presidencial, o que não impediu-lhes de gerarem dois
casais de filhos.
Elisa levou ao Paraguai
o estilo de vidas francês. Era vista como uma espécie de "raínha do Paraguai". Incentivou a música e a arte, e, também, adquiriu um
grande poder junto ao general Lopéz. Foi por ali que os inimigos políticos aproveitavam-se
para acusá-la de tê-lo levado à guerra contra o Brasil a Argentina e
o Uruguai.
Ao ser presa pelas tropas brasileiras, Elisa Lynch foi
levada para o Uruguai, onde ficou, até ser deportada para a Inglaterra, por
pressões de governos europeus. Voltou a Paris e, por lá, viveu, durante cinco anos, com a
ajuda dos amigos, entre eles o escritor Victor Hugo, o autor de “Os Miseráveis”,
uma das obras mais celebradas da literatura ocidental. Em 1875, ela tentou voltar
ao Paraguai, na expectativa de reaver os bens lhe confiscados. Ruy Barbosa foi
o seu advogado, mas nada conseguiu.
AMAZONAS PROIBIDA - Quando casada com Quatrefages, a sua beleza
incomodava as mulheres dos outros militares. Ele sentia tanto ciúmes dela que
proibiu-lhe de praticar equitação, na Argélia, para onde ela foi, na qualidade de
enfermeira militar, para poder acompanhá-lo. No segundo ano da guerra contra a tríplice
aliança (foram seis), Solano Lopéz pediu-lhe que fosse para a Europa, com
os filhos. Ela recusou-se. Não abria mão de estar do seu lado, cuidado dos feridos
nos campos de batalha por onde ele
andava. Uma heroína. Uma mulher que, por não ser casada com o homem a quem fortemente,
amou, foi rejeitada, também, pela igreja católica paraguaia. Em 1961, quando o Paraguai comemorou 150 anos de independência, o seu governo fez as pazes com a história de Elisa Lynch. E recebeu as suas cinzas, que foram espalhadas sobre o solo pátrio. O povo a
amava.
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