Vasco

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sábado, 14 de outubro de 2023

ADEMIR, CENTROAVANTE-CENTROAVANTE

1 -  Perto de inteirar duas décadas do final de sua carreira, o goleador Ademir Menezes dizia, em 1973, que, se ele jogasse o futebol setentista, não faria tantos gols como na fase em que defendeu o Vasco da Gama e a Seleção Brasileira. Via os novos sistemas táticos matando os artilheiros, devido o “encurtamento dos espaços vazios”, e previa que o gol só surgisse em jogadas coletiva, nunca da ação de um só atleta, em jogada individualm criativa.

 Ademir não gostava de ver atacantes recuando para proteger o meio-de-campo e nem de a força substituir o talento, a improvisação. Decepcionava-se, tremendamente, com isso. Declarou à revista Placar Nº 166, de 19 de maio de 1973: “O centroavante tnha a obrigação de fazer muitos gols. O futebol era mais franco, com dois zagueiros, três homens na linha intermédiaria e cinco atacantes. O Leônidas (da Silva) fez nove gols na Copa do Mundo de 1938. Em 1950, a coisas mudou um pouquinho. Veio a diagonal do (treinador) Flávio Costa dois latgerais presos, dois médios (apoiadores) soltos no meio-de-campo e dois meias indo e vindo, de acordo com o lado da jogada.... A diagonal mantinha o futebol descontraído e o centroavante com mais espaço para jogar”. No seu caso, para quem Flávio Costa criara a diagonal, Ademir comentou: “Eu esperava por lançamentos longos (de Maneca e de Ipojucan, no Vasco, e de Ziziho e de Jair Rosa Pinto, na Seleção Brasileira). Como eu tinha velocidade, ganhava sempre (dos marcadores) na corrida. A marcação era pouco móvel, cada um marcava o seu homem”.

                        REPRODUÇÃO DE CAPA DA REVISTA PLACAR 

            Eles dois foram os maiores centroavantes vascaínos   

 Embora tivesse se beneficiado muito da diagonal de Flávio Costa, o goleador Ademir Memezes apontou o sistema por “vulnerável”, a partir de quando o treinador uruguaio Ondio Viera (no Vasco da Gama)  o madava cair para a direita nos jogos contra o Flamengo (de Flávio). “O lateral-direito deles (Biguá) jogava preso e quem sasía para me combater era o médio-esquerdo (Jaime de Almeida). Sobrava grande espaço, eu estava sempre livre para o pique”, explicou.

 As dificuldades para marcar gols surgiram para Ademir, como contou, entre 1950 e 1952, quando o Botafogo era treinado por Zezé Moreira e trouxe o zagueiro Basso, da Argentina. “Ele era inteligente, com perfeita colocação em campo. Não colava em mim, como os outros marcadores, e nem me acompanhava quando eu procurava sair da área (atacada). Marcava a zona (de ataque), pois sabia que, encostando-se em mim, poderia perder no pique. Então, ganhava terreno obrigando-me a tentar o drible ou o passe para o lado” .

                              REPRODUÇÃO DA REVISTA O CRUZEIRO

                        Ademir marcando gol contra o Flamengo 

Por aquele 1952, Ademir Menezes via defesas mais fortes e plantadas, menos espaço para os ataques e quase nenhum para os contra-ataques, além de um ponteirao já ajudado a defesa. Para ele, a fase 1958 a 1962 foi a melhor do futebol brasileiro. “Foi como ter filtrado tudo do passado e aproveitado só o positivo”, considerou, ao ver o  Brasil jogando na Copa do Mundo da Suécia “com uma linha de quatro zagueiros, três meio-campistas e restabelecendo o centroavante, mas com este voltand, deslocando-see para as laterais e, também, jogando sem bola. Já a defesa fazia rodízio na cobertura, garantiondo segurança”, elogiou e considerou o pós-1958 como o “fim do centraovate estático”.

Ademir Menezesa disse, ainda, a Placar que a Copa de 1970 (no México) foi a cristalização do ataque, sem um homem de área. Por exemplo, citou que Pelé e Jairzinho fizeram mais gols e que sobraram oportunidades, também, para os outros. Enfim, via o sacrifício do centroavante-cetroavante parte da evolução do futebol.         

                                                       2 - A DESPEDIDA DE ADEMIR 


Entre as décadas 1940 e 1950, o atacante Ademir Marques de Menezes, em eleições de melhor jogador nacional, tinha mais votos do que qualquer presidente da república.Em meia página da edição de Nº 71, de 30 março de 1957, a revistas carioca Manchete Esportiva, definindo por “canto do cisne”,  abordou o jogo de despedida do "Queixada",  em “certo domingo de fevereiro” (não citou dia e nem ano), quando o matador “voltou a vestir a camisa 9 do bicampeão pernambucano” (Sport Club Recife), por exigência “dos desportistas do ‘Leão do Norte”, como é chamada a agremiação.  

 Por um texto curto, o assinante Adonias Moura conta que Ademir atuou por apenas 30 minutos, sem o mesmo vigor dos tempos de glória e  saíra de campo chorando. Não disse, no entanto, contra quem disputou o seu último jogo e nem o placar. Dois clicks de José Cavalcanti registram Ademir andando, sem mostrar o rosto de frente, e sentado, à beira do gramado.  
Aquela – em 10 de março de 1957, diante do Bahia –, na verdade, fora a segunda despedida de Ademir. O seu último jogo quando ainda podia ter um bom rendimento fora em 10 de junho de 1956, quando o Vasco inaugurou o novo estádio do clube português Sporting, em Lisboa, vencendo-o, por 3 x 2. Entrou em campo, no decorrer da partias, em lugar do seu conterrâneo Vavá, também cria do Sport Recife.

Ademir marcou 301 gols, em 429 jogos, durante 11 anos de futebol
 Ademir só foi suplantado no Vasco da Gama, como ídolo, por Roberto Dinamite, a partir de 1971. Este entrou em campo quase quatro vezes mais do que ele, que que passara 11 anos na Colina, a partir de 1942. (Fotos reproduzidas da revista Manchete Esportiva).


 

 

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