O
caso comoveu o auditório da TV Tupi – e todo o Rio de Janeiro – e até mesmo o
apresentador do programa. A candidata a ganhar um premio em dinheiro, na última
pergunta, esqueceu da resposta, que ela sabia. Veio um branco em seu cérebro
naquele instante.
Era
1968 e Leni Orsida, de 22 de idade, sonhava casar-se com Silvério Varela, de 27.
Ela tralhava para a fábrica de autopeça Aeroquib e ele enrolava bobinas para a
Standard Eletric.
O problema era que a grana dos dois não dava para se casarem.
Nem mesmo com ela e as irmãs Marlene e Cleide tirando a noite para fazerem
bolsas que Dona Heliana, a mãe, saía vendendo para colocar um feijãozinho a
mais na mesa.
Pra piorar o nível de renda familiar, o pai, seu Olavo, sofrera um acidente e passara quatro temporadas sem poder trabalhar par a FNM-Fábrica Nacional de Motores, onde era fichado.
A caminhada de Leni ficou pelo meio da estrada |
Pra piorar o nível de renda familiar, o pai, seu Olavo, sofrera um acidente e passara quatro temporadas sem poder trabalhar par a FNM-Fábrica Nacional de Motores, onde era fichado.
Os problemas financeiros eram evidentes, mas,
mesmo assim, a família Orsida dizia não se interessar pela vida material, só
pela espiritual. Era frequentadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na
Pavuna, e, quando Leni pensou um jeito de ganhar a grana que lhe permitiria
casar-se, não agradou, desejando participar de programa televiso.
O
programa chamava-se Show sem Limite,
dominava o seu horário, era apresentado por J.Silvestre e Leni inscrevera-se
para responder perguntas sobre o escritor português Guerra Junqueira, do qual
jamais ouvira falar, até 1965, quando lhe pediram para declamar a poesia A Caridade e a Justiça, durante uma das
festinhas semanais da igreja.
Assim que lembrou-se do fato, Leni concluiu
que ir a um auditório de TV não seria contra os princípios adventistas. E a
partir de novembro de 1968, passava até 15 horas diárias – as vezes, varava a madrugada - estudando a vida e a obra do homem. Nem mais aos saraus do seu
templo comparecia.
Considerando-se
pronta para encarar as perguntas da TV, Leni foi à Tupí e teve dificuldades
para entrar. Entrou na marra e invadiu o programa de J. Silvestre. Em vz e lhe
tirarem, do mesmo jeito e lhe mandarem embora, ela foi aceita para responder
sobre o português.
Guerra Junqueira levou Leni à TV |
Indenizado
pela FNM, Seu Olavo comprou uma casinha que os noivos de suas filhas – Ntalino
e Silvério – foram reformando e pintando. Mais: as bolsas vendidas pela mãe
estavam tendo boas saídas e, a cada programa, Leni recebia presentes, como
toalhas, vestido, sapatos – além da admiração dos telespectadores.
Como ia bem no programa da TV, Leni sonhava
comprar a casa de Nº 83 da Alameda dos Beija-Flores, em Nova Pavuna, loteamento
distantes 500 metros de seus pais. No mais, só os móveis essenciais. Tímida,
balançava a cabeça e os cabelos compridos quando ia responder ao
apresentador. Encantou o proprietário de
uma empresas de turismo que ofereceu-lhe uma viagem de lua-de-mel por oito
países europeus.
No
dia 28 de julho, Leni foi para a penúltima prova. Quando o carro que a TV
mandou busca-la entrou em uma curva em frente à casa, uma porá se abriu, ela
quase caiu fora, mas alguém que estava na fila para entrar e assistir o
programa a segurou. Ficou nervosa e chorou. Foi preciso o produtor do programa, Oswaldo
Miranda, acalma-la. Mas, na última pergunta – citar 38 nomes constantes da obra
do escritor nascido em Freixos-de-Espada-a-Cinta -, lhe veio um branco no
último nome. Foi eliminada. Agora, casamento, casa, lua-de-mel deveriam ser
adiados, pois não teria da TV o dinheiro que cotava para realizar o sonho.
O sonho ficou pela casa da Rua Sargento Noraldino |
Revoltado, Jota Silvestre, garantia de boa audiência, lembrou do perdão a uma outra candidata que errara uma pergunta, mas pôde continuar, pediu demissão, acompanhado por seu produtor Oswaldo Miranda. Agora, casamento, casa, lua-de-mel deveriam ser adiados, pois Leni não teria o dinheiro que contava para realizar o seu sonho.
FOTOS REPRODUZIDAS DA REVISTA FATOS & FOTOS 446,
DE 21.08.1969.
Gostaria de ver fotos antigas e atuais da noivinha da Pavuna.
ResponderExcluirSerá wue ela ainda é viva .???
ResponderExcluirOlá que bom saber que a história de pessoas como a minha mãe a Novinha da Pavuna ainda não caiu no esquecimento, ela está viva sim e gozando de boa saúde e não para de fazer história, obrigado Kike da bola por levantar está bandeira, levando as novas memórias a viajar
ExcluirEu me lembro dela no programa, inclusive veio passar a lua de mel em minha cidade, Sao Lourenço, MG.
ExcluirTive uma vaga lembrança da época , mas pensava ser sobre o escritor brasileiro Machado de Assis.
ResponderExcluirEu assisti à época, e tinha muita curioridade de saber como está a noivinha da Pavuna!
ResponderExcluirInteressante
ResponderExcluirLá em casa já tinha TV , e eu tinha 7 anos , mais lembro que meus pais , acompanhava o programa.
ResponderExcluirEu gostaria de entrevista-la.
ResponderExcluirQueria uma foto dela atual..obrigada
ResponderExcluirEu me lembro sim da noivinha. Gostaria de ver uma foto atual. Deus à abençoe.
ResponderExcluirAssisti aNoivinha da Pavuna,ainda era criança e a época morava em Sobradinho-DF,,,,J.Silvestre,foi grande apresentador,
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