Roupas espalhafatosas - LP de 1969 - ... |
O rock´n´roll desembarcara no Brasil, pela
metade da década-1950, fazendo a moçada subir pelas pardes - ou melhor, pelas
cadeiras de cinemas -, esquentada pelo
som de “Rock around the clock”, com Bill Halley and his Comets.
Foi o bastante para o governador de São Paulo,
Jânio Quadros, proibir a execução daquele embalo em bailes no seu terreiro, a
partir de 16 de fevereiro de 1957.
Pra o juiz de menores da capital paulista, Aldo de Assis Dias, aquilo era imoral. E proibiu menores de 18 de idade de assistirem ao filme traduzido por aqui por “No balanço das horas”.
Pra o juiz de menores da capital paulista, Aldo de Assis Dias, aquilo era imoral. E proibiu menores de 18 de idade de assistirem ao filme traduzido por aqui por “No balanço das horas”.
Não
adiantou. O visitante chegara pra ficar, fazendo surgir cantores e conjuntos
que jogavam a guitarra no pescoço e tocavam em mi maior, lá maior, si maior, mi
maior, e “vamu ki vamu”.
Foi por ali que, em São Paulo, os garotos
Cláudio, Arnaldo e Sérgio Dias Bapista aderiram à onda, carregando no sangue o
gen de uma mãe – Clarisse Leite Dis Baptista – que fora a então primeira e
única mulher deste planeta a compor um concerto parta piano e orquestra.
Rola o calendário e, no 5 de outubro de 1962,
chegava às lojas de disco da inglesa Liverpool um 45 rotações com “Love me do”
e P.S I love you”, de uns tais The
Beatles. Arnaldo, péssimo aluno de piano, aprendeu a tocar baixo eletrônico
e manteve seus primeiros contatos roqueiros por meio de Neil Sedaka. E teve sua
primeia aventura musical tocando em uma programação de igreja do bairro
paulistano de Pompeia, por um conjunto anunciado por The Thunder. Sérgio, desde os 11, já tocava violão, de ouvido. De
sua parte, Cláudio logo mudou de ideia, preferindo desenhar e produzir
aparelhos eletrônicos.
... marcaram, inicialmente, a carreira... |
Em janeiro 1964, chegava ao Brasil o primeiro
compacto dos Beatles, com “ She loves
youy” e “I want to hold youyr hand ”.
Durante festa de formatura na Vila Mariana, o baixista Arnaldo, então no Wooden Faces, voltou a encontrar Rita,
cantando com as Teenager Singers. Durante o show, ele mandou ver a
beatlemaníaca “Tewist anda shout”, com os rapazes.
Após três anos, os Baptista já tocavam pelo “Os Flashs”. Em agosto de 1965, surge a Jovem Guarda, com Roberto, Erasmo Crlos
e Wanderléa mandando aquela brasa, mora? Mas o recado era só coisa de jovens, em
tempo de ditadura militar e na esteira da beatlemania.
Por ali, Rita Lee deixou de tocar bateria e
pegava aulas de baixo com Arnaldo, que a convidou, juntamente com Sueli (também
Teenager Singers), para formarem o Sixseded Rockers, que não demorou a virar
O Seis – Arnaldo, Sérgio, Raphael,
Luiz Pastura, Rita e Sueli, cantando só em inglês.
... dessa moçada que teve uma força de Gilberto Gil ... |
O
grupo tocou no programa Jovem Guarda,
da TV Record-SP, mas não curtia aquilo. Achava seu som ultrapassado e queria e
algo mais à frente, inclusive roupas espalhafatosas, o que não agradou ao público. Foram dois anos
daquela aventura, da qual restaram os Baptista e Rita. Foi quando eles passaram
a se apresentar como O Konjunto, que
tocou a “Marcha Turca”, de Mozart, no programa de Ronnie Von, na mema TV
Record. Tempinho depois, em outubro, Ronnie Von já fazia o programa ”Pequeno
Príncipe”, na TV Bandeirantes, competindo com o Jovem Guarda, e chamou o trio,
que estava sem nome e pensava adotar Os
Bruxos, para uma nova apresentação. Sérgio, ainda menor de idade, tocava
por trás das cortinas do palco.
Enquanto
o grupo não ia ao palco, Arnaldo lia “O
Planeta dos Mutantes”. Ronnie Von gostou do título do livro e propôs batizar o
conjunto por tal nome.
Em julho de 1967, lançando o LP ”Sargent
Pepper´s Lonely Heart Club Band”, os Beatles,
com arranjos inovadores, misturando o clássico ao pop, deram uma porrada forte
nos embalos das tardes dos domingos de Roberto, Erasmo e Wandeca, onda que só
sobreviveu até 8 de janeiro de 1968, quando abriu passagem, definitivamente,
para a “Tropicália”, que já rolava há três meses.
... para a carreira ganhar asas e decolar legal. |
Um pouquinho antes, quando Gilberto Gil,
finalizando “Domingo no Parque”, com a qual concorreria no III Festival de
música popular brasileira da TV Record, ele achou que deveria ter, naquela
música, algo diferente das tradicionais
orquestrações “brasucas”. Então, o
maestro Chiquinho de Morais sugeriu-lhe convidar Os Mutantes para o acompanhamento. Mas foi um outro maestro, Rogério
Duprat, quem fez o arranjo definitivo. Foi marcado um encontro em estúdio e Gil
perguntou: “Que lance de guitarra é este, cabeludos? Mostrem aí”.
A moçada mandou ver, Gil se amarrou e deixou
tudo acertado para chegarem ao festival da Record. No 11 de outubro de 1967,
usando guitarras elétricas, baixo eletrônico e roupas de plástico, um escândalo
para os conservadores da música popular brasileira, Os Mutantes ajudaram Gilberto Gil a sair do palco em segundo lugar –
e o restante da história deles é assunto para uma futura coluna. Não dá pra esticar
isso aqui, pois ninguém tem saco pra ler texto “kilométrico?” Você tem?
IMAGENS reproduzidas de capas de discos da coleção de www.kikedabola.blogspot.com.br
IMAGENS reproduzidas de capas de discos da coleção de www.kikedabola.blogspot.com.br
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