O ex-almirante Vasco Vasconcelos gostara muito das fotos do Sabará carnavalesco, publicadas pela “Manchete Esportiva”. Tempos depois, o glorioso Onophre de Souza, o verdadeiro nome do ponta-direita vascaíno, queixou-se com o ex-comandante de esquadras de um país que não tem nem mar: “Vasco, amigo véi. Não tenho nenhuma foto minha na Seleção Brasileira. Preciso guardar uma, pra mostrar aos netos”.
Vasco Vasconcelos, vascainíssimamente vascaíno, amigão do “Jabuticaba”, como o seu amigo fotógrafo Gervásio Batista chamava Sabará, pegou de primeira: “Xá comigo, ô pá”. E encomendou ao velho chapinha: “Lambe-Lambe” (apelido que colocara no Gervásio), me bata uma foto do escrete nacional posado, para dar de presente ao Sabará”.
Veio, então, uma tarde de Maracanã fervendo, com a Seleção Brasileira no garmado. Gervário pediu ao editor Augusto Rodrigues que o escalasse para o jogo e ficou na cola do amigo Sabará. Fez a chapa de time posado, de Sabará se aquecendo, acenando pra galera, o diabo. Nos bate-bola, antes do pontapé inicial, Gervário escutou Sabará dizendo: “Olh´aí, niguin! Veja se honra a firma da pele, hem! Vou lhe encher os cornos de bola, lá na área. Veja se não vai furar a maricota com uma xifrada. Você tem uma cara de corno dos diabos!” .
O folclórico Sabará |
Rola a bola. O jogo começou e Gervário ficou atrás do gol do adversário, para ver se pegava um cruzamento de Sabará para um gol de Pelé. Não pegou. “Pelé apanhou tanto, que não voltou para o segundo tempo, e Sabará, lá pelas tantas, também foi substituído”, recorda Gervásio, que foi a fazer as fotos de vestiário, após o jogo. Por lá, deparou-se com Vasco Vasconcelos, conversando com Sabará, que estava enrolado em uma toalha. Ao ver Pelé assobiando, o ex-almirante chamou-o, formou um quarteto, com Sabará e Gervário, que virou-se os dois e disse: “Perdi a foto do Prêmio Esso. Não era pra você cruzar e este mané dar uma xifrada na bola, ô Jabuticaba?”
Sabará olhou em volta e respondeu: “Não deu, né!” Ao que Gervário contra-atacou: “Sabe de uma coisa? Vocês dois nem pra corno servem. Não servem nem pra dar uma xifrada na bola”. Com o que concordou o ex-almirante Vasco Vasconcelos, sacaneando mais: “Cornelius! Cornelius!”
DETALHE-1: o glorioso Gervásio Batista não se lembra qual jogo gol aquele. Consultando a história da Seleção Brasileira, o “Kike” conferiu que foi Brasil 5 x 1 Argentina, no dia 12 de julho de 1960, no Maracanã, pela Taça Atlântico. O jogo teve 58.850 pagantes, renda atingiu Cr$ 6 milhões,126 mil, 960 cruzeiros e arbitragem do uruguaio Juan Armental. Os gols foram marcados por Sosa, aos 5; Chinezinho, aos 18; Pepe, cobrando pênalti, aos 25 (do primeiro tempo); Delém, aos 15 e Pepe, aos 37 minutos da segunda etapa. O Brasil teve: Gilmar; Djalma Santos, Bellini (Vasco), Aldemar (Palmeiras e ex-Vasco) e Nilton Santos; Zequinha e Chinezinho: Sabará (Moacir), Coutinho (Delém-Vasco), Pelé (Valdo) e Pele.
DETALHE-2 - Não vejam racismo em algumas palavras citadas no texto, pois estas foram, apenas, reproduzidas pela forma contada por Gervário Batista, sobre as brincadeiras de Sabará com Pelé. Além domais, o pai deste redator era negro. (foto reprouduzida da Revista do Esporte).
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