Vasco

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sábado, 23 de dezembro de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO - JORNAL DA BAHIA, EDIÇÃO EXCLUSIVA DO INTERIOR

1 -  O padre Alfredo Frade Santidade (pelo nome, não escapava do Céu), da paróquia de Tapiracanga, na Bahia Oeste, havia escrito um livro sobre as virtudes do jumento para o povo da região. Agradou muito, principalmente porque foi distribuído de graça. Quem pudesse, doasse alguma coisa, em troca, para a sua paróquia. Materialmente, ninguém doou nada. Mas doaram-lhe votos que o elegeram vereador, cargo que, para assumi-lo, precisou pedir licença à Igreja Católica. Empossado, escreveu um novo livro: “O Jumento, Grande Eleitor”. 

2 –  O vereador Clarisvaldo Santos Silva Filho, o popular Seu Valdinho, também de Tapiracanga, viajou a uma cidade vizinha, para submeter-se a exames médicos, pois tinha “defluxo”, há mais de um mês. Como não poderia voltar no mesmo dia, pois o médico pediu-lhe vários exames, ele não gostou da ameaça de ficar impossibilitado de participar de votação na Câmara Municipal à noite. Então, enviou o seu voto por telegrama. Em vez de votarem o projeto em pauta, os vereadores passaram a sessão discutindo se voto por telegrama valeria. Foram preciso mais três sessões para chegarem a uma decisão. Mas, quando decidiram, não dava mais para votar a proposta, pois aquele era o último dia daquela  legislatura. Na seguinte, a mesa diretora da Câmara não tomou conhecimento da proposta, que foi arquivada. Seu Valdinho passou a ser chamado “Vereador Bossa Nova”, o que ele nem sabia o que era e achou que seria insulto da oposição.

 3 - 5 – Policiais perseguiam um ladrão de carros, em Barreiras. De repente, passaram a discutir entre eles. A discussão esquentou tanto que um dos investigadores foi preso e autuado,  por desacato à autoridade, o cabo que comandava a expedição. Quando ao gatuno, escafedeu-se. 

4 - - Estudantes da Universidade Federal da Bahia que residiam pelo bairro (e proximidades) de Peri-Peri, organizaram uma escola de samba e desfilaram durante o Carnaval-1974, com um nome inquietante para as autoridades do governo militar dos generais-presidentes: “Os Sambiversivos”.  Na época, quem não rezasse pelo catecismo dos “zome” era classificado por subversivo. Mas os estudantes não subverteram o carnaval baiano. Só sacanearam o regime. No meio do desfile, houve o “casamento” de um rapaz do Pau Miúdo (bairro de Salvador), filho de um sargento,  com uma moça do Buracão (também, bairro da cidade”, filha de um cabo.

5 – Em um programa humorístico da TV Itapoan, Canal 5, de Salvador, o professor perguntou ao aluno: “Que tipo de vegetal é a erviha?” O aluno respondeu: “Professor, pensei que a ervilha fosse mineral, mas já que é vegetal, imagino que seja uma planta francesa ‘membra da família Peti-Puá’.     

6 – O cidadão soteropolitano Marivaldo Ferreira Santos e Silva, católico extremado, deixou Bom Jesus das Lapa rumo a Aparecida do Norte-SP, pra realizar o seu grande sonho: assistir missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a “Padroeira do Brasil”. Por lá, escutou o Padre Vitor Coelho de Almeida pegar a Bíblia e aludir a Timóteo 1, capítulo 3 e versículos dois, quatro e cinco: “Que o bispo seja casado, marido de uma só mulher; que governe bem a sua casa, porque, alguém que não governe bem a sua própria casa, será que vai ter cuidado com a casa de Deus? Marivaldo, que tinha pouco estudo e se virava como ajudante de pedreiro, ficou espantado com a retórica do reverendo. De volta à Bahia, quando perguntado sobre o que tinha lhe impressionado mais na viagem, respondeu: “Oxente! Em Sã Paulo, o governador é o bispo”.

7 – Aconteceu em um sítio de Mimoso do Oeste, a 90 quilômetros de Barreiras. Raimundo Ferreira dos Santos ouvia rádio, sentado à calçada de casa, em uma calorenta tarde de domingo. De repente, uma cobra aproximou-se.  Assustou-se tanto que pulou da cadeira e saiu tropeçando, até cair aos pés da mula que deixara amarrado em uma árvore. Levou tamanho coice, que foi parar batendo contra a prede da sala de entrada da casa, derrubando um quadro por ali pendurado, com a fotografia de sua sogra, que vivia condenando as cachaças que ele bebia. Quando brigava com a mulher, Raimundo ameaçava jogar a moldura no lixo. Refeito da pancada, esquentou o pescoço por dentro, voltou lá fora e beijou a mula, exclamando: “Ô bixinha boa” – daquela vez, tendo o quadro espatifado no chão. E bebeu mais uma talagada, por conta da bendita mula.
 
                                      DA COR DA CARREIRA DE JEGUE

 Joventino Oliveira de Souza, pedreiro respeitado, em Brotas de Macaúbas,  derrubava uma casa, quando a picareta bateu em algo diferente de tijolos. Examinou e era uma caixa. Logo, pensou tratar-se de um tesouro escondido. “Estou rico”, pensou, baixo. Não comentou nada com os outros pedreiros e, à noite, voltou ao local, para carregar o seu ouro. Mas, dentro da caixa, só havia um papel, com uma sugestão: “Quer ficar rico? Vá trabalhar, vagabundo!”

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