Vasco

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sábado, 9 de dezembro de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO - SAMBA DO CRIOULO NA CADÊNCIA DE ZÉ DE RIBA

O governo do presidente e general João Figueiredo terminava. Era época de bipartidarismo e o governista PDS-Partido Democrático Social e o oposicionista PMDB-Partido do Movimento Democrático Brasileiro haviam marcado as sus respectivas convenções nacionais para 10, 11 e 12 de agosto de 1986.
Aureliano e Figueiredo reproduzidos de
 www.memorialdademocracia.com.br
 Tudo como mandava o cronograma sucessório. Menos no surrealismo dos membros das duas alas ideológicas. Chegou-se ao ponto de um partido ameaçar recorrer à justiça eleitoral para impedir candidatura na legenda contrária. Foi um autêntico “Samba do Crioulo Doido”, a letra daquela batucada pela qual um compositor transformava a história do Brasil em uma verdadeiro pandemônio escrito por inquilinos de hospício.
No real, o povo não suportava mais o regime militar lhe imposto desde 31 de março de 1964, emitindo todos os indícios de querer ver um candidato da oposição vencendo o situacionista. E mandou fortes perepectitivas de que isso ocorreria mais do que depressa. Inclusive, vários caciques que apoiavam o governo militar, sem a menor vergonha, pularam fora do barco e vestiram a camisa do PMDB, time para o qua torciam desde criancinha”. Afinal, era preciso sobreviver, politicamente, pós-Ditadura.
 Um dos casos mais barulhentos desse período pré-final de governo militar foi estrelado pelo vice-presidente de Figueiredo, o mineiro Aureliano Chaves, que assumira a presidência do país por várias vezes. Ele aderiu à candidatura oposicionista do governdor de seu Estado mineiro, Tancredo Neves, levando junto 65 votos ao colégio eleitoral. Mas não foi tão fácil apoiar a Frente Liberal, a turma pro-Tancredo, devido muitos os entraves municipais nas bases pedesistas, como ocorria, também, em Pernambuco.
Selo com Tancredo Neves  reproduzido de
www.metresdahistoria.blogspot.com.br
 Areliano Chaves até que demorou a se abraçar com Tancredo Neves. Ao fazê-lo, ouviu xingamentos de traidor, mas via a hora certa de desligar-se do diretório nacional do PDS e juntar-se a um outro político que passara toda a Ditadura servindo ao regime dos genrais-presidentes, o deputado pernambucano Marco Maciel, que fora, inclusive, presidente da Câmara. Juntos, os dois lançaram manifesto explicando razões da dissidência. No rebolo, Aureliano apressou a formação do PartidoLiberal Democrático, para sair candidato ao Senado, único local que ainda não estivera – já havia sido deputado estadual, federal, governador estadual e vice-prsidente da república. Aliás, ainda era.
 O que ninguém, quer dizer, um leigo em política partidária, jamais imaginaria fosse que um dos principais símbolos governistas no Congresso Nacional, o senador José Sarney, saísse candidato a vice-presidente pelo PMDB. Incomodou até os peemedebistas do seu Maranhão, onde o líder do desagrado era o deputado Renato Archer. Em Minas Gerais, quem gritou foi o deputado Pimenta da Veiga. Para eles, o PMDB deveria ter candidatos que somassem, não que enfraquecessem a Aliança Democrática, como ficou sendo chamado o movimento de apoio a Tancredo.
 O maior barulho desse episódio, no entanto, surgiu por intermédio de líderes pedessistas que apoiavam a candidatura do deputado Paulo Maluf, que vencera o candidato prferido pelo presidente Figueiredo, o seu minsitro Mário Andreazza, durante a disputa convencional partidária. Eles, também, não queriam Sarney candidato a vice de Tancredo. Esquisito? Esquisito, mas rolou.
Sarney em foto oficial - Divulgação
Palácio do Planalto
 Enfim, porque o PDS malufista não queria Sarney na parada? Simplesmente, porque a sua patota não “lera direito” as regas do jogo. Então, alegou incompatibilidade um senador do PDS sair candidato pelo PMDB. Esqueceram-se, porém, de que o José Ribamar Ferreira da Costa, a sua verdadeira graça (Sarney é nome artístico)o  não era senador do PDS, pois fora eleito pela (já inexistente e antecessora) ARENA-Aliança Renovadora Nacional. Mais? Pelo voto direto do povão maranhense.
 Resumo da ópera:  a caravana passou, Tancredo pegou um outro caminho e o glorioso Zé de Riba herdou, de presente, sem nunca sonhar, uma cadeira que passara mais de 20 temporadas  só sendo usada pelos ditadores generais-presidentes. De quebra, Zé de Riba mordeu 365 dias com a faixa presidencial no pescoço – surrealisticamente, real! 

 

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