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sábado, 16 de dezembro de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO - O NAZISTA QUE CONTAVA HISTÓRIAS PARA CRIANCINHAS


Muita repercussão na imprensa estrangeira
O homem alto, forte e com pinta de ator de cinema – mesmo na velhice, muitos o achavam parecido com o norte-americano Peter Finch – estava na austríaca Salzburg, no dia 8 de maio de 1945. De lá, viajou por Itália, Síria, Egito e, novamente, o território italiano, de onde embarcou, em Nápoles, para o Brasil, entrando por aqui, legalmente, como pedreiro.
 Na época, como os brasileiros viviam em um país essencialmente agrário, ele arrumou emprego como roceiro, o que lhe permitia ficar incógnito e contando histórias para as crianças que o chamavam por vovô.
A vida prosseguia tranquila para aquele homem, até 1967, quando um colega de andanças  foi preso e o dedurou. Começava a cair o barraco daquele velho que narrava historinhas para a filha do patrão, desde que a menina tinha cinco de idade. Para Uli Casa Milz, foi um choque saber que o vovô era um criminoso nazista, responsável pelo extermínio de milhares de pessoas.
 Gustav Franz Wagner, subcomandante do campo de concentraçãode Sobiborr, era o nome da fera, dedurado pelo chefe Franz Paul Stangl. Ao ser preso, ele confessou “ter dado serviço” na plataforma, o local onde 10 a 12 vagões despejavam crianças e adultos que eram exterminados à base de gás. Afirmou não ter participado disso, só cumprido ordens de separar quem tivesse profissões como pedreiro,  pintor, alfaiate, sapateiro, cozinheiro, etc, para serem aproveitados nos trabalhos do campo.
Gustav Wagner não gostava de comunistas, acusava os judeus de “explorar Deus” e contestava as estatísticas sobre o massacre, pelos nazistas, de 6 milhões de judeus – para ele,  pouco mais da metade disso.
Goleada na justiça brasileira
 Chamado por “Besta de Sobibor” e “Fera de Ttreblinka”, Gustav jurou, ao ser detido em São Paulo, jamais ter estado neste último campo de exermínio nazista, maior do que o primeiro e perto de Varsóvia, a capital da Polônia. Afirmava só ter visto Adolf Hitler uma vez, quando o homem desfilava, em carro aberto, estendendo um braço para a multidão. Tivera a impressão de vê-lo olhado fundo em seu olhar, revelou.
O “Fuhrer”, para Gustav Wagner, era um “homem maganético”, mas não ao ponto de sua ideologia torna-lo um soldado político. Aos 67 de idade, quando foi preso, no Brasil, filosofava coisas como “nenhum homem comando o deu destino”, dizia não carregar em sua consciência nenhum crime e acreditar em Deus, mas sem praticar nenhuma religião. Preferia ficar preso na Alemanha, porque “foi por ela que lutei durante a guerra (II Guerra Mundial, de 1939 a 1945).

Gustav Wagenr (advogado acima)
reproduzido da revista "Manchete"
 Membro da “Schutzstaffel” (SS) Gustav Fanz Wagnr nasceu na austríaca Viena, em 18 de julho de  1911, e viveu o seu último dia de vida, em São Paulo, em 3 de outubro de 1980, quando suicidou-se, temendo ser, um dia, julgado por Alemanha,  Áustria ou Isarael, que pediam a sua extradição. 
Wagner ganhou o apelido de “bobo, fera” devido a sua desenfreada sede de sangue. Durante o julgamento dos criminosos de guerra, em Nuremberg, foi condenado a ser expulso desta vida, acusado pelo assassinato (direto ou indireto) de mais de 250 mil judeus. Algumas pesquisas dizem que fugiu para o Brasil com a ajuda do Vaticano, que teria lhe entregue documentos falsos e dinheiro.
No Brasil, vivia sob o nome falso de  Gunther Mendel, desde 12 de abril de 1950, na época do governo do presidente Eurico Dutra. Em junho de 1979, o “Supremo Tribunal Federal negou todos os pedidos para a sua extradição, sob o argumento de que os crimes pelos quais Gustav Wagner era acusado estavam prescritos pelas leis brasileira e alemã.
Ainda não havia, no direito brasileiro, a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade, estabelecidas pelas Nações Unida, em 1970.

              

    

 

 

 

 

 

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