Se perguntassem ao zagueiro Brito qual
seria a principal arma de um atleta, sem dúvidas, ele responderia: a união com
os colegas. Isso ele aprendeu como reserva do grande capitão vascaíno Hideraldo
Luís Bellini, entre 1958 (quando assinou o primeiro contrato como profissional)
e 1961. Por aquele período, por sinal, sem chances de ser titular, porque o
Vasco ainda tinha Viana para a sua posição, chegou a ser emprestado a dois
Internacional gaúchos, o de Porto Alegre e o de Santa Maria. Em 1962, com
a saída de Bellini, para o São Paulo, enfim, assumiu a vaga de titular, para se
firmar como um dos maiores zagueiros que passaram por São Januário.
Dono de sua posição, Brito protagonizou
uma história semelhante à que vivera nos tempos de Bellini: não dava vez ao bom
zagueiro Caxias, que terminou sendo trocado pelo goleiro Edson Borracha, do
Fluminense (com o Vasco pagando mais Cr$ 10 milhões de cruzeiros, a moeda da
época). Assim, jogando muito, chegou à Seleção Brasileira para a Copa das
Nações, no Brasil, em 1964. No ano seguinte, provocou uma grande
choradeira da torcida cruzmaltina, por não ser incluído entre os convocados
para uma excursão dos canarinhos ao exterior. Mas não fora por queda de
rendimento. A galera é que não tinha boa memória. A Federação Carioca de
Futebol adiara um Vasco x Bangu, para a “Turma da Colina” enfrentar o
Náutico-PE, pela Taça Brasil-1965 (classificava o campeão à Taça Libertadores)
e o Vasco negociara não ter jogador seu convocado, pois almejava o título-
terminou vice, com o Santos campeão.
Ver os seus fãs chorando o
seu esquecimento pelo escrete nacional já não era novidade para Brito. Fora assim, também, em 1963, quando o
selecionado havia feito uma outra excursão externa, faturando em cima do
prestígio de bicampeão mundial. Com o Vasco desprezado, Brito só reclamou em
prol dos companheiros de meia-cancha, Maranhão e Lorico. “...não poderiam estar
fora dessa de maneira nenhuma. São craques autênticos, dignos de, pelo menos,
uma chance no período de treinamentos”, disse à “Revista do Esporte”. Sobre
ele, comentou, para a mesma publicação: “Se não me chamara é porque o meu futebol
ainda não serve para os olheiros (da Confederação Brasileira de Desportos,
atual CBF)... ainda há muito tempo para eu mostrar que o meu futebol serve
também para o escrete”.
Brito mostrava o seu futebol de
marcador a depender do adversário. “Se é leal, sei jogar com lealdade; se é
duro, sei jogar duro; se é desleal, sei ser desleal”, avisava. Talvez, se o
time vascaíno tivesse conquistado o titulo carioca de 1962, tivesse chegado
mais cedo à Seleção Brasileira. Para ele, faltara mais experiência e sorte à
rapaziada, como citava o caso da contusão do ponteiro Da Silva, à véspera do
clássico com o Fluminense, pelo returno, quando o treinador Jorge Vieira tivera
de mudar tudo de última hora.
ZERO A DEZ – Campeão da I Taça
Guanabara, em 1965, e do Torneio Rio-São Paulo de 1966 (título dividido com
Botafogo, Santos e Corinthians), Brito teve, também, momentos nota zero na zaga
cruzmaltina. Por exemplo, durante o Torneio Rio-São Paulo de 1965, fez lambança
em um lance de Vasco 2 x 3 Palmeiras, no Maracanã. O goleiro Ita gritou o
tradicional “deixa”, ele deixou e o camisa 1 escorregou, facilitando o
gol palmeirense. Ficou a impressão de que ele se esquivara ao combate.
Contra o mesmo Palmeiras, um ano antes,
com o mesmo placar, pela mesma disputa, Brito havia sido dez. O
Vasco perdia, por 0 x 2, no Pacaembu, e virou o placar, em um contra-ataque, a
poucos minutos do final. Segundo ele, lutando “... contra a torcida, o mau
tempo...e, em alguns momentos, decisões parciais do árbitro”.
Os grande momentos de Brito com a
camisa cruzmaltina começaram quando ele ainda era reserva de Bellini. Em 1957,
participou de sua primeira excursão ao exterior, entrando durante os últimos
minutos da final do Tornei de Paris, um “Mundial de Clubes “ da época, quando o
Vasco venceu o Real Madrid, por 4 x 3, e ele pegou pela frente Alfredo di
Stefano, talvez, o melhor atacante da época. Pouco depois, foi campeão da Taça
Tereza Herrera, na Espanha (ver), também entrando no segundo tempo. “Superamos
todos os adversários. O público (na capital francesa) foi atencioso
conosco, não poupando aplausos após a nossa vitória sobre o Racinc-FRA
(no primeiro jogo)... Durante os seis dias que passamos em Paris (após o
título), fomos cercados de atenção por parte da imprensa e dos torcedores.
Sentia-me como dono do mundo, tal a alegria de te colaborado para a conquista
do torneio”, disse à “Revista do Esporte”, à qual apontou, também, um outro
momento nota 10, em 1962, como titular absoluto, na conquista do Tornei
Pentagonal do México, decidindo com o Dukla, da antiga Tchecoeslováquia, base
da seleção vice-campeã da Copa do Mundo do Chile.
Brito é o quarto em pé, ao lado de Fontana, da esquerda para a direita |
Carioca, nascido em 9 de agosto de
1939, Brito é torcedor confesso do Vasco, pelo qual começou a carreira e por
ele jogou durante 10 temporadas. Pela Seleção Brasileira, fez 45 partidas,
tendo sagrando-se tri, no México-1970. (fotos reproduzidas da Revista do
Esporte)
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