Em março de 1973, Tostão viajou aos
Estados Unidos, para novos exames no seu olho esquerdo. Em 3 de abril, o médico
Abdala Moura submeteu-lhe a uma segunda cirurgia. Só em três meses poderia
dizer-lhe se poderia voltar ao futebol. Intimamente, Tostão decidira que, entre
continuar nos gramados e salvar a sua vista esquerda, ficaria com a segunda
opção.
Tostão tinha a certeza de que Roberto Abdalla
Moura lhe apresentaria a mesma opinião de Geraldo Queiroga, em BH: poderia
continuar jogando, mas não deveria. A menos que quisesse se arriscar. O laudo
médico do Hospital Metodistas de Houston era fatal: “O jogador Eduardo
Gonçalves de Andrade, Tostão, após ter sido submetido a diversos exames oftalmológicos, em Belo Horizonte,
com o doutor Geraldo Queiroga, e em Houston, com a nossa equipe, apresenta-se
em condições satisfatórias, demonstrando boa recuperação às diversas cirurgias
a que foi submetido. Entretanto, devido
à gravidade dos processos que lhe acometeram o órgão visual, foi-lhe
informado, por seus oftalmologistas, em Belo Horizonte e em Houston, de que a
continuidade do exercício profissional aumentará os riscos de preservação da
visão do olho atingido”. Enfim, agora tinha-se riscos que antes não se
tinham.
Era maio de 1973, quando o futebol de Tostão
deveria ficar só nos filmes e na memória do torcedor. O descolamento da retina
havia se agravado. Nem uma pelada deveria jogar mais. No meio daquela tragédia,
para o Vasco da Gama, que investira tanto na sua contratação do atleta, uma de
pior proporção acontecia: de foram misteriosa, o vice-presidente Amadeu
Serqueira saía desta vida. Aborrecimento? Desencanto? Sem ele, teria sido muito
mais difícil para Tostão ter sido um vascaíno.
De sua parte, o craque que encerrava a
carreira, garantia, que antes de assinar contrato com o Vasco, exigira que o
clube designasse um especialista brasileiro para examiná-lo. Não queria que os
dirigentes assumissem um ônus tão grande, sem saber se ele estava, realmente,
com o olho esquerdo recuperado. Garantiu, também, que o exame fora feito, e que
o desejo vascaíno de contratá-lo era tão grande, que o fariam ainda que ele não
fosse examinado.
Tostão citou, ainda, que os dirigentes do
Vasco foram a Belo Horizonte buscá-lo, sabendo que havia um outro clube
interessado em seu futebol. Por isso, sentia-se limpo na jogada. Que terminou
na Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário