Vasco

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sábado, 11 de abril de 2015

TOSTÃO NA ROTA DO "ALMIRANTE" - 2

  O futebol começou a abandonar Tostão na noite de 29 de setembro de 1969, quando o Cruzeiro perdia do Corinthians, no Pacaembu, em São Paulo, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”, um dos embriões do atual Brasileirão. Na busca do empate, ele pediu ao apoiador Zé Carlos para fazer-lhe um passe aéreo. Foi atendido, milimetricamente e, na marca do pênalti, chapelou Rivellino. Mas atrasou-se para finalizar o lance. O zagueiro Ditão chegou primeiro na bola recoberta por areia úmida, e a sua rebatida  explodiu sobre o seu rosto.
 A pancada derrubou Tostão. Deixou-o imóvel, sentindo dores. O massagista cruzeirense Nocaute Jack chegou, rápido, e o juiz paralisou a partida. Nocaute fez um sinal para o médico cruzeirense , Neylor Lasmar, avisando-o ser algo grave. Levado para fora do gramado, Tostão voltou ao jogo, dois minutos depois de examinado, não aparentando nada de preocupante. No entanto, quando o mesmo Zé Carlos fez-lhe um novo lançamento, ele não conseguiu dominar a bola, espantando o companheiro, que notou-o trêmulo e pálido. Tostão pediu-lhe desculpa, pela pixotada, que tivera uma explicação: a sua vista esquerda voltara a escurecer. E ele achou melhor pedir substituição.
 Oito dias depois da bolada no rosto, o boletim médico, assinado por respeitadíssimos (no país e no exterior) membros da Associação Médica de Belo Horizonte, informava: “Tostão foi vítima de contusão do globo ocular esquerdo, com consequente descolamento periférico da retina e hemorragia do vítreo. Sua visão é normal, ou quase normal, devendo submeter-se, urgentemente, a tratamento cirúrgico adequado, em centro especializado”.
 Como Tostão havia sofrido uma pancada, um mês antes, durante jogo-treino do selecionado brasileiro, contra o colombiano Millonários, alguns especialistas admitiram que pudesse, também, ter ocorrido um traumatismo na região do olho atingido. De outra parte, recomendado pelo oftalmologista Geraldo Queiroga, o craque cruzeirense foi aos Estados Unidos, tratar-se com o também médico mineiro Roberto Abdalla Moura, no Hospital Metodista de Houston. Passou por cerca de três horas de cirurgia e, depois, encarou uma longa recuperação. Enquanto isso, o seu lugar na Seleção Brasileira fora guardado pelo treinador João Saldanha, adorador do seu futebol e o considerando imprescindível na Copa do Mundo-1970, no México.
Tostão voltou a vestir as camisas do Cruzeiro e da Seleção Brasileira. Foi ao México, marcou dois gols (em Brasil 4 x 2 Peru) e sagrou-se campeão mundial – tri, para o torcedor, pois os canarinhos haviam ganho Copas, também, na Suécia-1958 e no Chile-1962.

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