O futebol começou a abandonar Tostão na noite de 29 de setembro de 1969,
quando o Cruzeiro perdia do Corinthians, no Pacaembu, em São Paulo, pelo
Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”, um dos embriões do atual
Brasileirão. Na busca do empate, ele pediu ao apoiador Zé Carlos para fazer-lhe
um passe aéreo. Foi atendido, milimetricamente e, na marca do pênalti, chapelou
Rivellino. Mas atrasou-se para finalizar o lance. O zagueiro Ditão chegou
primeiro na bola recoberta por areia úmida, e a sua rebatida explodiu sobre o seu rosto.
A
pancada derrubou Tostão. Deixou-o imóvel, sentindo dores. O massagista
cruzeirense Nocaute Jack chegou, rápido, e o juiz paralisou a partida. Nocaute
fez um sinal para o médico cruzeirense , Neylor Lasmar, avisando-o ser algo
grave. Levado para fora do gramado, Tostão voltou ao jogo, dois minutos depois
de examinado, não aparentando nada de preocupante. No entanto, quando o mesmo
Zé Carlos fez-lhe um novo lançamento, ele não conseguiu dominar a bola,
espantando o companheiro, que notou-o trêmulo e pálido. Tostão pediu-lhe
desculpa, pela pixotada, que tivera uma explicação: a sua vista esquerda
voltara a escurecer. E ele achou melhor pedir substituição.
Oito dias depois da bolada no rosto, o boletim
médico, assinado por respeitadíssimos (no país e no exterior) membros da
Associação Médica de Belo Horizonte, informava: “Tostão foi vítima de contusão
do globo ocular esquerdo, com consequente descolamento periférico da retina e
hemorragia do vítreo. Sua visão é normal, ou quase normal, devendo submeter-se,
urgentemente, a tratamento cirúrgico adequado, em centro especializado”.
Como Tostão havia sofrido uma pancada, um mês
antes, durante jogo-treino do selecionado brasileiro, contra o colombiano
Millonários, alguns especialistas admitiram que pudesse, também, ter ocorrido
um traumatismo na região do olho atingido. De outra parte, recomendado pelo
oftalmologista Geraldo Queiroga, o craque cruzeirense foi aos Estados Unidos,
tratar-se com o também médico mineiro Roberto Abdalla Moura, no Hospital
Metodista de Houston. Passou por cerca de três horas de cirurgia e, depois,
encarou uma longa recuperação. Enquanto isso, o seu lugar na Seleção Brasileira
fora guardado pelo treinador João Saldanha, adorador do seu futebol e o
considerando imprescindível na Copa do Mundo-1970, no México.
Tostão voltou a vestir as camisas do
Cruzeiro e da Seleção Brasileira. Foi ao México, marcou dois gols (em Brasil 4
x 2 Peru) e sagrou-se campeão mundial – tri, para o torcedor, pois os
canarinhos haviam ganho Copas, também, na Suécia-1958 e no Chile-1962.
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