Belo Horizonte, 25 de janeiro de 1947.
A cegonha passou pela casa do bancário Osvaldo Andrade e deixou, com a mulher
dele, Osvaldina, um mineirinho que foi registrado por Eduardo Gonçalves de
Andrade. Seis temporadas depois, o pirralhinho rolava a bola pelo time da
Associação Esportiva Industriários. De tão pequeno que era, ficava pela
ponta-esquerda, por onda a bola pouco pintava.
Aos 11 anos, seguia mirrado, mas já aprontava.
Foi então que, depois de um grande lance, um gaiato gritou: “Boa, tostão”. Fora
a única definição que achara para o molecote. Afinal, o tostão era o menor
valor do cruzeiro, a moeda da época. E quando o guri recebia a bola, ele
voltava a gritar: “Vamos lá, tostão”. Não teve jeito: Eduardo virou Tostão.
Se o tostão monetário não valia nada, a
arte exibida pelo garotinho no campo da bola o enriqueceu. Em 1973, quando
encerrou a carreira, devido a problemas no olho esquerdo, ele era proprietário
de uma loja lotérica, comprada por Cr$ 200 mil cruzeiros e já valendo o dobro,
com fatura mensal de Cr$ 100 mil; de um
posto de gasolina, comprado por Cr$ 70 mil cruzeiros, vendendo Cr$ 150
mil mensais em gasolina e Cr$ 15 mil em óleo, em um lote valorizado e já valer
Cr$ 600 mil; de um prédio alugado, por Cr$ 10 mil mensais, além de um
apartamento comprado por Cr$ 800 mil, no Rio de Janeiro.
Com todo aquele patrimônio, o ano de 1973
entristeceu Tostão. Porque fora obrigado a largar a sua grande paixão, o
futebol, como contara ao repórter Geraldo Romualdo da Silva, para a revista “O
Cruzeiro” de 23 de agosto daquele ano. “...eu era tarado por futebol. Desde
garotinho. Amava meu futebol despretensioso, com enorme carinho. Podia não ser
um futebol de gênio, mas não deixava de ser um futebol praticado com amor.
Acima de qualquer prazer. Papai gostava, mamãe não queria (que fosse
jogador)...Eu ia em frente, insistindo, teimando, resistindo. Até que aconteceu
a história da retina descolada. Sofri, e como sofri. Afinal, eu havia passado a
minha vida inteira jogando futebol.
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