Vasco

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sábado, 4 de agosto de 2018

O VENENO DO ESCORPIÃO - OS NAMORADINHOS DOS TEMPOS DO VINIL

Capa do primeiro CD vendido nos Estados Unidos
  A década-1980 rolava e eu era correspondente, em Brasília,  da “Voice of America”, como eles pediam pra falar - não transmite mais para o Brasil.
Por ali,  pedi a um colega que trabalhava em Washington pra comprar e me enviar um LP (long play que tocava por até 30 minutos) de “Gene Vincent And His Blue Caps”, que não achava-se no DF.
 Ao receber e abrir o pacote, não entendi nada. Chegara um disquinho prateado, de 12 centímetros de comprimento e largura, quando esperava por um vinil de 30cm x 30cm. Levei a "coisa" às redações do Jornal de Brasilia e da Rádio Nacional de Brasilia, onde eu também trabalhava, e ninguém, igualmente a mim, sabia do que se tratava.
 Telefonei, então,  ao colega, indagando sobre o que era aquilo. Ele informou-me tratar-se do “Cidi”, contou-me sobre as suas particularidades  e que já era dificílimo encontrar discos de vinil nos Estados Unidos.
 O primeiro “Cidi” comprado pelos norte-americanos foi (01.10.1982) o “52nd Street”, do compositor e cantor Billy Joel, saído de parceria Pillips/Sony. Se chegava com melhor qualidade de som e até 80 minutos de áudio, quem mais iria comprar LP?
 Rola o tempo e 1.460 dias voaram. Era 1986 e a turma que cobria o Ministérios Relações Exteriores, entre os quais eu, discutia qual presente comprar para um colega que aniversariava. De repente, alguém falou que aparecera “um produto musical novo, chamado cedê”. E o sugeriu.
O primeiro CD brasileiro chamou-se “Garota de Ipanema” , foi gavado por Nara Leão, com Roberto Menescal, e lançado em 9 de abril de 1986.
Capa do primeiro CD brasileiro
 Veio a década-1990 e o CD engoliu o vinil, ultrapassando, em 1992, a marca de 300 milhões de vendas. Literalmente, sumiu com os bolachões. Quem ainda os usava era chamado por brega.
 Vejam só: recentemente, fui onde eu sempre comprava CDs e espantei-me por só ter visto vinilões por lá. Brega, agora, era quem comprava discos a laser.     
 Já que estava no recinto,  aproveitei a visita e comprei três LPs de um cantor amigo meu lá da Bahia, o "gatão" José Roberto, (como as meninas o chamavam), e de um do conjunto (como se falava), Raulzito e os Panteras. Ao coloca-los em minha dinossáurica  “radiola” que toca CD, vinil e fita cassete, a namorada do meu filho, de 27 de idade, disse saber do que era, mas nunca ouvido aquele “coisa”.
 O vinil surgiu em 1948 e, durante o seu reinado, registrou rock´n´roll, Beatles, samba, bossa nova, psicodelismo, contracultura, tudo o que rolou, até ser abandonado, pela ingrata década-1980. Num piscar de olhos!
 O pai do disco de vinil foi o norte-americano Peter Goldmark. Naquele mesmo 1948, Frank Sinatra lançou um, pelo selo Columbia. Em 1952, surgiram os 45 rotações. Em 1976, o DJ Tom Moulton inventou o de 12 polegadas. Em 1988, o vinil sobrevivia, graças ao surgimento da “acid house”, na Inglaterra. Veio a pancada fatal de 1992, mas, cinco temporadas passadas, os bolachões voltaram a atacar. Em 1998, fez bodas de ouro, resistindo ao tempo. Hoje, é um respeitado senhor “70tão”, graças a colecionadores e "dijêis", principalmente.
 Tenho um neto que fará seis de idade, neste mês. Há poucos dias, quando eu ouvia aquele “LPzão” antigo do meu amigo Zé Roberto, ele indagou-me: “Vovô! Porque o seu disco faz tanto barulho?”
Cá entre nós: lembra-se dos tempos em que a gente dançava com as nossas namoradas sob o som dos estalinhos dos discos arranhados? Muitos de vocês casaram-se com elas, não foi? Da parte que me toca, nos tempos do vinil, tive uma história, de 25 temporadas com uma (na maioria das vezes, dançando ao som de Renato e Seus Blue Caps), mas casei-me com outra, da era do CD.
 Que mau caráter, hem! Isso não acontecia nos tempos do Long Play

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