Ele foi um dos mais vascaínos
dos jogadores vascaínos. Autor de 135 gols durante os 12 anos em que passou em
São Januário, Sabará é o sexto “matador” da Colina, com gatilho menos afiado só
do que os de Roberto Dinamite, Romário, Ademir Menezes, Pinga e Valdir 'Bigode'.
Está empatado com o 'Animal' Edmundo. No critério “mais jaqueta”, é o
terceirão, vestindo a da “Turma da Colina” menos só do que o Dinamite e o
goleiro Carlos Germano.
Com Sabará, tudo foi Souza, de saída. Registrado como Onophre de Souza,
nasceu no distrito de Souza, do município de Campinas-SP, filho de José de
Souza e de Benedita Balbina de Souza. Aos 12 anos, completou os estudos
primários no Grupo Escolar de Souza, onde a “Tia Flávia” foi a sua primeira
professora. Com a “Tia” Guiomar”, tornou-se craque em Geografia, chegando a ser
um verdadeiro “professor “ da matéria para os colegas.
A cegonha entregou Sabará á Rua Treze, em 18 de junho de 1931. Quando
ele cursava o terceiro na primário, a “Tia” Jandira, professora de Educação
Física, viu que tinha com ela um cobrão em corridas de fundo e em revezamento
de bastão. Terminado o primário, seus pais mudaram-se para Campinas e ele foi
estudar na Escola Profissional Bento Quirino. Na época, para entrar no curso
ginasial exigia-se um exame de admissão, e Sabará tirou tudo de letra. Estudou
e trabalhou na escola, praticando carpintaria, entalhação, fundição e mecânica,
na qual especializou-se, fazendo peças para automóveis.
PISADA NA BOLA - No segundo ano, Sabará
deixou a escola, pois o seu pai, um pedreiro da firma Laloni Bastos, não teve
como pagar por tantos materiais escolares Aos 14 anos, foi trabalhar na Fábrica
Abbout, de brinquedos para criança. Ficava na prensa, fazendo braços para
bonecos. Dos 400 mil réis eu ganhava, só ficava com bobagem para o cinema e
guloseimas. O restante era entregue a Seu Zé de Souza. Sabará fora virador
desde os tempos do Grupo Escolar de Souza. Por ali, chamava o irmão Lourenço e
saia carregando tabuletas do cinema local, anunciando o filme do dia. Como
ganhavas entrada grátis, diariamente, assistia aos filmes, com predileção pelos
bang-bang com John Wayne. Depois da fábricas de brinquedos, Sabará trabalhou
como entregador, em uma carrocinha, de um armazém. Em seguida, pulou para um açougue.
Ficava de olho nos jornais e, como era muito esperto, não lhe faltavam convites
para trabalhos. Preferiu ser servente de pedreiro, para tirar 150 mil reis por
semana. Mas estava escrito que o seu destino seria a camisa 7 de São Januário.
CHEGADA- Antigamente, o ponta-direita era marcado pelo lateral-esquerdo.
Considerado, ainda, o melhor defensor a posição, desde que o futebol se joga
com bola (desconsideras o período em que os guerreiros chutavam as cabeças dos
inimigos abatidos), Nílton Santos disse ao “Kike” que o único ponteiro que lhe
dava trabalho era Sabará. E olhe que oi “Enciclopédia” pegou pela frente feras
como Joel Martins (Fla), Julinho Botelho (Palm), Cláudio (Cor), Dorval (San),
Canário (América) e Maurinho (Flu), só para citar poucos. Revelado, ela Ponte
Preta-SP, em 1948, Sabará desembarcou na Colina, em 1952, temporada em que já
foi campeão carioca e começou a tornar-se um dos atletas mais queridos pela
torcida cruzmaltina. Carregou a taça do Estadual, também, em 1956, e estava na
galera “campeã mundial”, isto é, da maior disputa entre clubes de sua época, o
Torneio de Paris-1957, vencendo o “melhor do mundo”, o espanhol Real Madrid,
por 4 x 3, na final. Sabará usou, ainda , as faixas do SuperSuper Cariocão-
1958, em uma eletrizante decisão contra Flamengo e Botafogo, e do Torneio
Rio-São Paulo do mesmo 58, quanto havia o “Rei Pelé” assombrando em campo. Isso
além de outros tantos torneios de menor importância.
BARROU MANÉ - Ponta-direita que batia forte para o gol e sabia defender, Sabará viveu
até o dia 6 de agosto de 1991, quando vivia na Ilha do Governador. Chegou à
Seleção Brasileira, e teve jogo em que o treinador preferiu escalá-lo, deixando
Mané Garrincha no banco. Disputou 10 partidas com a camisa canarinha, vencendo
sete, empatando uma e saindo só de duas com o placar desfavorável. Nesses
compromissos, marcou seu gol, aos 65 minutos de Brasil 3 x 0 Paraguai, em 13 de
novembro de 1955, no Maracanã, pela Taça Oswaldo Cruz. O treinador era Flávio
Costa e o time teve: Veludo, Paulinho de Almeida (Vsc) (Djalma Santos) e Pavão;
Zózimo e Nilton Santos; Dequinha e Didi; Sabará, Vavá (Vsc) (Zizinho) e Pinga
(Vsc) (Válter Marciano (Vsc) e Escurinho.
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