O Vasco negocia ídolos. Mas não discute desmanchar a capela de Nossa Senhora das Vitórias, que fica atrás de uma das balizas. É o único grande clube brasileiro a manter um tempo assim dentro do seu estádio. Por causa desta fé católica, projetos de fechamento do anel localizado daquele lado da casa não vingam.
De acordo com a tradição cristã, Nossa Senhora das Vitórias é a mãe de Deus, o símbolo da vitória do bem contra o mal. O seu culto teria surgido por ocasião das cruzadas.
Inaugurada em um dia 15 de agosto, a capela da padroeira do clube começou a nascer juntamente com as vitórias do time cruzmaltino em sua primeira participação na elite do Campeonato Carioca, em 1923, quando foi o campeão. Conta-se que, animado pelos placares que a rapaziada impunha ante os rivais, o presidente Antônio Silva Campos, começou a oferecer, aos jogadores, medalhas com a imagem da divindade. Mas a inauguração só aconteceu em 1955, por iniciativa de Álvaro Nascimento Rodrigues, o “Cascadura”, e José Ribeiro de Paiva, o “Almirante”, que jura ter sido ele que passou o apelido para o Vasco, quando da construção do estádio
. Por sinal, 10 clubes portugueses, entre eles Benfica, Porto e Sporting, enviaram terra colhida em suas sedes, para reafirmar a fé católica e a amizade com os vascaínos.
Até abrir a sua capela, a diretoria do Vasco realizava as suas celebrações na igreja de São Francisco Xavier, na Tijuca. O responsável pela igrejinha, hoje, é o frei Enéas Berilli, de 75 anos. Celebrador de missas e batizados, aos domingos, ele é, também, um torcedor, depois das obrigações no altar.
O maior ídolo da história do Vasco da Gama, o ex-atacante e atual presidente Roberto Dinamite casou-se na capela de Nossa Senhora das Vitórias. Ele mantém a tradição de não permitir o funcionar do clube em datas santificados pelo catolicismo, mas desde 2009 passou a liberar, nesses dias, treinos no estádio onde os atletas concedem entrevistas ao lado de uma imagem da padroeira, que tem a companhia, na casa, de estilizações da Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal, em 1998, o ano do centenário do clube. São José, São Jorge, Santa Luzia e Cosme e Damião são outros ícones católicos cultuados na capela.
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