Gaúcha, nascida em Ijuí, por uma cadeia genética que
mistura as raças alemã, russa e húngara, Liana Sabo é uma das jornalistas mais queridas (e
competentes) de Brasília. Já percorreu vários setores da busca pela notícia e,
atualmente, escreve sobre um dos mais prestigiados temas do moderno jornalismo,
a gastronomia.
Apelidada, pelos amigos, por Lili, a gaúcha é, também,
o que se pode chamar de um “mulherão”: linda, loira e medindo 1m73cm de altura
– e muito mais de inteligência, de cultura e de politização. Aqui, por
Brasília, ela começou a acontecer no jornalismo no dia 28 de março de 1968, quando
foi pautada para cobrir uma manifestação de estudantes universitários, na
Avenida W-3 Sul. Armada, apenas, pelo seu bloquinho de anotações e uma caneta esferográfica,
foi reforçar um grupo de vários repórteres que
acompanhavam a possibilidade de choque entre estudantes e forças
militares, naquele tempo duro da ditadura dos generais-presidentes.
Lili não conta, pois jamais faz propaganda de si. Mas
os colegas de redação daquela época lembram da sua coragem e determinação. Já
saiu até no jornal. A rapaziada lembra que, ao deparar-se com uma barreira
policial, e ser impedida de seguir adiante, ela encarou o repressor,
avisando-lhe estar trabalhando tanto quanto ele. E, por se tratar de um soldado
baixinho, ela, com aquele seu tamanhão incomum à maioria das brasileiras da
época, abaixou-lhe a crista e seguiu destino. O representante da ditadura perdeu-se
diante dos olhos verdes da desaforada, ainda, nem totalmente saída do estágio
das chamadas, “foquinhas”, isto é, estreantes.
O que fazer com
uma repórter que desafiava o regime, por uma pauta? Dar-lhe pequenas missões
seria um desperdício. Então, o chefe de redação sacou que que o local certo
para ela arrancar notícias quentíssimas seria o Palácio do Planalto, onde quem
dava as ordens era o segundo presidente-general do ciclo iniciado em 31 de
março de 1964, Arthur da Costa Silva.
Por aqueles tempos da ditadura brava, a juventude do
país convivia com os embalos do iê-iê-iê daquelas letrinhas mais apropriadas às
revistas juvenis de histórias em quadrinhos, só tratando de conquistar a
menina, da festa, do carrão, coisas assim. Uma dessas musiquinhas contava da
briga de sete cabeludos por uma garota, concluindo que “Lili era bonita/Mas não
tinha coração”. Ainda bem que Roberto Carlos falava de uma outra Lili, pois o
coração da Liana Sabo “é do tamanho de um trem”, como cantava Erasmo. Pergunte
aos colegas de redação e aos sobrinhos dela!
Passado o regime miliar, Lili ficou, por uns tempos,
cobrindo a área internacional. Sacava tanto do riscado que, as vezes, quando o
Itamaraty anunciava a distribuição de uma nota oficial, ela, de brincadeira,
com os colegas setoristas, já a fazia, antecipadamente. E a que saia do forno
governamental era quase idêntica. Tinha fontes que a deixavam mais bem
informada do que o chanceler, se ele bobeasse. Que danada, esta gaúcha, tchê!
Após deixar a
cobertura do setor internacional, Lili aceitou o desafio do jornal Correio
Braziliense, de lançar o que ainda não havia pegado nos diários da capital do
país: o jornalismo culinário. Lá se vão 17 temporadas, deixando os candangos
com água na boca. Êta gaúcha arretada, tchê! Barbaridade! (FOTO REPRODUZIDA DE CORREIO BRAZILIENSE) . AGRADECIMENTO.
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