Vasco

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domingo, 30 de agosto de 2015

DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA – VERA VIANNA, PRIMEIRA ENGRAÇADINHA

Em 1964, a sociedade brasileira ainda prendia a mulher a uma infinidade de barreiras. Foi o por ali que o considerado maior escritor de peças teatrais  do pais, Nélson Rodrigues, escolheu a atriz Vera Vianna, de 17 anos de idade, para estrelar “Engraçadinha” no cinema. Tempinho depois, ela estava na peça “Toda donzela tem um pai que é uma fera” de Gláucio Gil, no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro.
Rolava 1966, e o cineasta Roberto Faria  filmava a peça de Gil. Vera Vianna, que sentia pavor de alturas, pediu uma dublê para a cena que não toparia fazer. Enquanto assistia a interpretação de uma vedete do Teatro Recreio, a ex-trapezista de circo capixaba, Adalgisa Ferreira Nogueira (primeira no cinema nacional a fazer cena perigosa), os telefones da Central de Polícia, do Corpo de Bombeiros e de redações de jornais não paravam de tocar. Quem passava pela Rua Santa Clara, em Copacabana, naquela manhã ensolarada, ficava horrorizado com o que via, uma mulher presa por uma corda de  fio de nailon, no 12º andar de um prédio residencial, passando a impressão de que seria mandada abaixo.
Mas personagem Daysi não vinha abaixo. As últimas tomadas a filmavam sendo recolhida para dentro do “ap”, quando Vera Vianna voltava a vivê-la. Seguia-se uma seção de “strip-tease”, sem dublê e que não deveria ser visto pelo cinéfilo brasileiro, porque a censura do regime militar que mandava no país não permitiria o que os espectadores do filme a ser lançado em outros países veriam.
Para fazer a cena, Vera bebeu um dose de conhaque, par criar coragem, e exigiu a saída dos técnico, atores secundários, operários e assistentes desnecessários. A produção fechou uma das janelas do apartamento e acendeu os refletores na intensidade máxima, a fim de criar um ambiente esfumaçado. Vera vivia o sonho do personagem Porfírio, interpretado por John Herbert. E o filme, um dos maiores sucessos de bilheteria do ano, repetiu o sucesso dos palcos. Para os cronistas da época, isso deveu-se, principalmente, ao carisma de Vera Vianna, pela sua naturalidade em cena, a espontaneidade e o charme natural que passava as garotas cariocas que se modernizavam, como tudo na década-1960.
Vera havia estreado diante das câmeras, em 1964, durante as filmagens das novela “O Desconhecido”, da extinta TV Rio. Fora, também, um escrito de Nélson Rodrigues, sobre um sujeito que perdia a memória. A sua beleza e fotogenia chamou a atenção e levou-a para o cinema, também, em “Asfalto Selvagem” , um outro texto de Nélson Rodrigues, este filmado por JB Tanko, visto pela crônica como um dos maiores momentos do autor no cinema, levado à tela com perfeição. Em 1966, Vera foi premiada pela sua atuação em um filme que abordava a vida de um  bandido chamado Paraíba.
Mãe de Vanessa e avó de João Pedro e de Antonio, a talentosa Vera Vianna é uma glória do cinema nacional. (Fotos reproduzida da revista Fatos & Fotos de Nº 267, de 12.03.1966).  

 

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