No tempo em que só
os homens faziam pesquisas sobre o folclore nacional, uma mulher intrometeu-se
entre eles: Stefana Macedo. Além de pioneira na
pesquisa e divulgação, ela ousou tornar-se uma exímia
violonista, instrumento mal visto pela sociedade conservadora de sua época. Mas
ela nem ligou e até passou adiante os segredos do pinho.
Um dos trabalhos mais conhecidos de Stefana é a canção popular História triste de uma praieira, invocando uma jovem residente em uma vila de pescadores. Foi composto em parceria com o
poeta Adelmar Tavares, tendo ela feito o arranjo e cantado durante a gravação, acompanhada
por violões. Lançado pela gravadora Columbia,
em outubro de 1929, com muita sorte, pode-se
garimpar o disco pela Internet, ou em sebos.
Stefana de Moura Macedo nasceu em 29.01.1903, em Recife- PE, mudou-se, cm a família, para o Rio de Janeiro, quando tinha nove anos de idade. Teve aulas de violão com Patrício Teixeira e Rogério Guimarães e viveu até 01.09.1975, totalizando 43 músicas regionais, em 22 discos gravados, reunindo cocos, toadas pernambucanas, cateretês, maracatus, corta-jacas, baiões, canções amazonenses de domínio público e com adaptações suas.
Reproduzido do blog creditado na foto. Agradecimento. |
Entre
os principais fatos da carreira de Stefana, destacam-se: 1926 - apresentou-se, ao violão,
no Cassino do Copacabana Palace-RJ, quando instrumento ainda era visto como algo típico da malandragem; 1927 - tocou o Teatro Municipal, de São Paulo; 1928 - estreou no disco, pela gravadora Odeon,
com "Tenho uma raiva de vancê" e "Sussuarana", ambas de
Luiz Peixoto/Hekel Tavres; 1929 - nova apresentação no Teatro Municipal de São
Paulo e gravação, pela Columbia, de um disco reunindo samba-choro, corta-jaca, cateretê, toada, batuque.
O trabalho incluiu "Dança do Quilombo dos Palmares",
talvez, a música brasileira mais antiga conhecida, com a primeira gravação de um
batuque com batida na caixa do violão, executada por ela. Em 1931 cantou no filme Coisas nossas, de Alberto Byington.
Em 1935, Stefana fez dois recitais no Teatro Colón, de Buenos Aires, Argentina. O
primeiro, com a presença do mundo oficial da Argentina e do Brasil. Executou, durante a primeira parte, canções ao violão. Na segunda, com Heitor Villa-Lobos ao
piano, músicas do compositor.
A partir dos anos 1950 só se apresentava em
raros recitais, consolidando, contudo, uma aura de elegância e sofisticação,
sempre saudada por intelectuais, críticos e até músicos eruditos. Passou seus
últimos anos de vida na cidade de Volta Redonda-RJ.
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