Há indivíduos, tremendamente, atraídos pelo perigo que leva à reprovação publica. Não é que já houve quem atentasse contra uma venerável estátua com jeito de madona? Coitadinha! Estava lá, quietinha, em seu canto, desde 1749, passados 250 após Miguel Ângelo Buonarroti (aos 24 de vida) terminar de esculpi-la.
Era 21 de maio de 1972, quando o húngaro Lazlo Toth saltou uma mureta, subiu em um pedestal e, usando um martelo de pouco mais de um quilo, desferiu 15 golpes contra a “mulher”, de 1m50cm de comprimento e separada dos visitantes por um balaústre de mármore a cerca de oito metros de distância.
Foi La Pietá (piedade, em português) a espatifada. O seu agressor, ao ser levado para prisão romana Regina Coeli, gritava: “Eu sou Jesus Cristo”.
O demente deixou 53 fragmentos e 70 pedacinhos de mármore espalhados em volta da agredida.
O rosto da estátua exibia duas lesões sobre a pálpebra esquerda e uma na base do nariz. Havia estragos, também, nas dobras do manto. As maiores perdas, no entanto, foram no braço esquerdo, partido em três pedaços. Nem o cotovelo escapou. E todos os dedos foram quebrados.
O demente deixou 53 fragmentos e 70 pedacinhos de mármore espalhados em volta da agredida.
O rosto da estátua exibia duas lesões sobre a pálpebra esquerda e uma na base do nariz. Havia estragos, também, nas dobras do manto. As maiores perdas, no entanto, foram no braço esquerdo, partido em três pedaços. Nem o cotovelo escapou. E todos os dedos foram quebrados.
Reprodução de www.wikipedia.org. Agradecimento |
Ele criou uma nova concepção à figura da Virgem com o filho saído da crucificação, mostrando-o com ar juvenil, após deixar o Calvário, o que contrastava com o etilo da época, de exibir mãe com jeito de sofredora.
Vários grandes artistas europeus fizeram “Pietás”, entre eles “Il Furioso” Jacopo Robusti, mais conhecido por Tintoreto, Rafael Sanzio, Van Dick, Rembrandt Harmenszoon van Rijn, Sandro Botticelli, Andrea Mantegna, Ticiano Vecelli, Peter Paul Rubens e Pietro Perugino. Mas nenhum conseguiu da-la o que os críticos de arte italianos chamaram de “beleza diante da dor”.
Coube ao brasileiro Dioclécio Redig de Campos, então diretor dos museus do Vaticano, comandar a recuperação da Pietá. Foram cinco meses que exigiram trabalhos de laboratórios, experiências físico-químicas, provas técnicas, pesquisa histórica e documentação fotográfica.
Auxiliado pelo engnheiro Francisco Vechini; os técnicos Vitorio Frederici e Nazzareno Gabrielli; os restauradores Giuseppe Morresi, Ulderico Grispigne e Franceso Date; os químicos Nello Pelonzi e Antonino Turchetto, e fotógrafo Antonio Sollazi, o professor Redig de Campos passou à fase executiva da operação em 7 de outubro do mesmo 1972. Teve a sorte de encontrar nos museus do Vaticano uma cópia, em gesso, da Pietá, feita na década-1940, o que possibilitou recompor os decalques das lascas de mármore perdidas.
Graças a esta obra (de um restaurador do Vaticano), fez-se fotografias e mapas da área lesada e o encaixe exato dos fragmentos. As áreas que mais exigiram dos restauradores foram o rosto e o braço esquerdo, o danificado.
Por causa de um demente, a Pietá tornou-se menos próxima do visitante. Agora, está protegida por uma placa com várias camadas de vidro, de quase 10 metros de altura, à prova de bala, sustentada por armadura metálica em 25 m quadrados. Além disso, as duas janelas laterais da capela viraram portas fortificadas por ferro.
A equipe do professor brasileiro gastava 12 horas de trabalho diário e não deixava o Papa Paulo Sexto satisfeito só com as informações dos relatórios. O homem queria saber muito mais. Enfim, na manhã do domingo 25 de março de 1973, às 12h15, Sua Santidade chegou à Basílica de São Pedro, acompanhado por vários cardeais e das maiores autoridades da Santa Sé, para ver a Pietá restaurada. Perfeitamente!
Caso um novo Lazlo tente repetir a loucura, há uma rede de raios e células fotoelétricas capaz de avisar toda a capital italiana – nem precisa de boca para avisar Roma.
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