Reprodução de sudbrakbookreleaspress |
Foi por ali que a história prevista rolou. Aos
31 de idade e há 10 temperando a sua conta bancária, Roberta Sudbrack foi
indicada para preparar um jantar na casa do então secretário nacional de
Justiça – depois ministro da Justiça - José Gregori. O cardápio do destino levou
à mesa um casal Cardoso - o presidente
da República, Fernando Henrique e a primeira-dama, Ruth – e ela começou a
beliscar a fama.
Ruth Cardoso, que detestava a alcunha
“primeira-dama” e era uma socióloga respeitada, adorava cozinhar. Se não fosse
uma intelectual, poderia se destacar como
“chef” dos mais sofisticados restaurantes do país. Grande conhecedora do
tema, terminou de saborear a entrada servida – queijo brie gratinado
com alho poró crocante e vinagrete de framboesa gelada - e quis saber quem era o
autor da combinação.
Passados 90 dias, a socióloga convidou a
cozinheira para preparar uma mesa em torno de umas 20 bocas que iriam derrubar
um rango no Palácio da Alvorada. Entre os comensais, “El Comandante” cubano
Fidel Castro”, que gostava de conversar muito, mas, daquela vez, conversou menos,
por conta do creme de aspargo com açafrão e do queijo brie, sobretudo.
“El Comandante” voltou para a sua ilha e
Roberta ficou no Palácio da Alvorada. Topou o convite para comandar as cozinhas
da casa, onde trabalhou com cinco militares que usavam 30 panelas, um forno
industrial e três frigoríficos para servir ao chefe da nação uma autêntica
“gororoba” - prato brega da galera nacional.
Reprodução de sud-roberta-sudbrack2 com Roberta em seu restaurante carioca |
Roberta, nascida em Porto Alegre, apresentava
às segundas-feiras o seu cardápio semanal a Dona Ruth Cardoso (como a imprensa
se referia à socióloga que criou um programa social chamado “Comunidade
Solidária”). De sua parte, esta, no máximo, sugeria adicionar um quiabo às
carnes – picadinho de filé minhon com purê de cenoura e banana à milanesa era o
prato predileto do presidente.
Em seus inícios de trabalho no Palácio da
Alvorada, a gaúcha notou que o FHC (apelido criado pelo jornal Folha de São
Paulo) nem beliscava uma salada. Então, misturou cortes de rosbife e presunto
cru (podia ser, também, alcachofra) com os verdes. Deu certo.
Roberta nunca repetia um cardápio para
visitantes. Por exemplo: em julho de 1999, durante jantar do FHC com o já ex-colega argentino Carlos Menem, mandou ver um risoto em
verde e amarelo; em maio de 2000, em "dinner" para Carlo Ciampi, o presidente
italiano, serviu camarão com purê de papaia (entrada), salada de feijão branco
e risoto de carne seca com mascarpone em minimorangas, além dos finalmente
codorna em emulsão de castanha de caju e “foie gras” – um banquete
renascentista, par o convidado.
É de se imaginar que o mais difícil do
“Governo FHC” tenha sidio, mesmo, ele
manter diária calórica de 1.500 -
1.300 para a primeira-dama, que contava com a nutricionista Izabel Mofati.
Embora os números estivessem 25% abaixo do recomendado pela Organização Mundial
de Saúde, convenhamos que o fogão da
Roberta n o Alvorada era “uma brasa, mora!” (gíria da década-1960).
Entrada do restaurante Pássaro Verde, da Roberta, no número 35 da Rua Visconde de Carandaí, no Rio de Janeiro, em reprodução de sud-roberta-sudbrack2 |
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