Vasco

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sábado, 14 de outubro de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO - 43 - JORNAL DA BAHIA - A RAÇA DO TOURINHO DANADO

 A bola da vez, hoje, é a turma apontada pela Procuradoria Geral da República como “nada recomendável para casamento com a sua filha”. Nesse time jogam senadores, deputados, grandes empresários e até o presidente da República. Todos acusados de pegarem o taxi mais rápido e cruzarem o 'propinoduto' que vai dar nas tetas mais gordas da velha vaca preta.
 Alguém se lembra de Paulo César Farias, o PC, tesoureiro de campanha do presidente Fernando Collor de Mello? O bigodudo que cruzava o céu  do país a bordo de um jatinho apelidado por “Morcego Negro” teve de fugir do Brasil, acusado de ser muito íntimo da boca do cofre e de fantasmas. Garantiu o emprego de muito jornalista, proporcionando manchetes  diárias de jornais, rádios e TVs.
Reprodução do blog do meu amigo josiasdesousa.uol
 O CARECA PC Farias, que nunca se declarou comprador do disco “Revolver”, dos cabeludos The Beatles, teria sido despachado por um projétil lhe enviado por uma namorada ciumenta, Suzana Marcolino, quando já era um viúvo.
Se chegou ao Céu, deve ter ido para a galeria dos anjinhos; se foi para o inferno, dado nova moral à casa. O que o PC foi acusado de movimentar, em relação ao que é imputado à turma que a Operação lava Jato foi buscar, nem o cara que coloca o chapéu (ou o pires) na ponta de calçada aceitaria. Não daria nem para entortar, quanto mais quebrar uma agência estatal.            
Além de garantir emprego de jornalistas, PC Farias colocou na mídia nacional o juiz Paulo Castelo Branco, da 10ª Vara de Justiça Federal do Distrito Federal, que assinou a ordem de prisão preventiva contra ele, por sonegação à Receita Federal.
 Da mesma forma, tirou do anonimato o juiz baiano Fernando da Costa Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal sediado em Brasília. Foi quem teve a coragem de conceder-lhe “habeas corpus”, em 13 de setembro de 1993, pelo parecer nº 3,688, datilografado em 600 linhas de 21 laudas – ato que beneficiou, também, Jorge Bandeira de Melo, mais um amigo do Collor.
 O ARRETADO juiz baiano Tourinho Neto era mesmo um cabra da peste. Quando todos os ventos ventavam contra o governo do Fernando outrora “Caçador de Marajás”, ele concedeu o mesmo benefício à secretária Rosinete Silva de Carvalho Melanias, que só fazia o que o chefe PC Farias lhe mandava – ou fazia, ou perdia o emprego.
 O baianíssimo Tourinho Neto era um exímio praticante da língua portuguesa. Escrevia para invejar Luís de Camões, Alexandre Herculano, Eça de Queirós e muitos outros bambas no idioma. Ao “habeascorpuscar” o PC, ele citou o artigo 7, item 3, da Conferência Especializada Interamericana, condenando detenção e prisão arbitrárias, e concluiu, de própria versão, que “prisão preventiva só se houver indeclinável necessidade”.
 Tempinho depois, o PC Farias deu uma sumida dos trópicos e fez o delegado  Nascimento Paulino, da Polícia Federal, afirmar que ele voltaria logo para a  cadeia. Estava no seu rastro e iria pegá-lo pelo Cone Sul, mesmo. Pala fronteira da Argentina com o Uruguai – não pegou.
Fim de linha de PC Farias foi manchete do jornal
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 O SERVIÇO de inteligência policial brasileira deveria ser de terceira divisão, um Bonsucesso da vida, pois PC Farias passou três temporadas sem “oszome” terem pista de onde ele andava, após o Supremo Tribunal Federal condená-lo (seis meses após o “empeachment” do presidente Collor, que renunciou ao cargo, em 29.12.1992) por extorsão a empresários, corrupção, lavagem de dinheiro, superfaturamento de contratos públicos, falsidade ideológica e uso de contas fantasmas. Só foi descoberto pelo repórter de primeira divisão, Roberto Cabrini, da TV Globo. Em 1995, foi preso, na Tailândia. Extraditado, desmoralizou a turma da “terceirona”, exigindo não lhe colocarem algemas, para se entregar.
Por sorte do PC, a Justiça brasileira era “legalzinha” e, pelo final de dezembro daquele 95, ele estava livre, tendo cumprido só parte da pena. Já o destino não era tão legalzão. Em 1996, ele já era, como já lemos acima.
  À ÉPOCA DO  “habeas corpus”, Tourinho Neto contava 50 de idade, servia ao TRF, desde 1989, era um dos mais respeitados pelos colegas e considerado, pelos empregados daquela douta casa, um “baiano porreta”. Visto, também, como “show de bola” em conferências sobre o Direito Penal – tanto quanto a bola do glorioso Esporte Clube Bahia, seu time e campeão baiano daqueles tempos dos rolos do PC Farias.      
 Em 1971, quando o Bahia tinha sido, também, o dono da bola na “Boa Terra”, o futuro juiz Tourinho foi à Fonte Nova, em uma tarde de domingo, e assistiu ao macumbeiro do “Tricolor de Aço” – Lourinho – abrir uma gaiola, no meio do gamado, antes da pugna, e dela soltar uma bomba branca que saiu voando e foi cair na rede do gol que dá para o lado do Dique do Tororó. Minutos depois de o arbitro mandar a “maricota” rolar, um pênalti a favor do tricolor baiano terminou com a bola chutada pelo ponta-esquerda Arthruzinho fazendo o mesmo voo da ave e se aninhando no filó. Também, no mesmo lugar do pouso ornitológico –inapelavelmente!
DIAS DEPOIS, Tourinho foi declarado  o primeiro colocado em concurso para juiz de Direito. Repetiu a dose, em 1979, em concurso para juiz federal – de primeira divisão, é claro.  Não era nenhum Leônico (time baiano) da vida.    

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