A bola da vez, hoje, é a turma apontada pela
Procuradoria Geral da República como “nada recomendável para casamento com a
sua filha”. Nesse time jogam senadores, deputados, grandes empresários e até o
presidente da República. Todos acusados de pegarem o taxi mais rápido e
cruzarem o 'propinoduto' que vai dar nas tetas mais gordas da velha vaca preta.
Alguém se lembra de Paulo César Farias, o PC,
tesoureiro de campanha do presidente Fernando Collor de Mello? O bigodudo que
cruzava o céu do país a bordo de um
jatinho apelidado por “Morcego Negro” teve de fugir do Brasil, acusado de ser
muito íntimo da boca do cofre e de fantasmas. Garantiu o emprego de muito
jornalista, proporcionando manchetes
diárias de jornais, rádios e TVs.
Reprodução do blog do meu amigo josiasdesousa.uol |
Se chegou ao Céu, deve ter ido para a galeria dos anjinhos; se foi para o inferno, dado nova moral à casa. O que o PC foi acusado de movimentar, em relação ao que é imputado à turma que a Operação lava Jato foi buscar, nem o cara que coloca o chapéu (ou o pires) na ponta de calçada aceitaria. Não daria nem para entortar, quanto mais quebrar uma agência estatal.
Além
de garantir emprego de jornalistas, PC Farias colocou na mídia nacional o juiz
Paulo Castelo Branco, da 10ª Vara de Justiça Federal do Distrito Federal, que
assinou a ordem de prisão preventiva contra ele, por sonegação à Receita
Federal.
Da mesma forma, tirou do anonimato o juiz baiano Fernando da Costa Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal sediado em Brasília. Foi quem teve a coragem de conceder-lhe “habeas corpus”, em 13 de setembro de 1993, pelo parecer nº 3,688, datilografado em 600 linhas de 21 laudas – ato que beneficiou, também, Jorge Bandeira de Melo, mais um amigo do Collor.
Da mesma forma, tirou do anonimato o juiz baiano Fernando da Costa Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal sediado em Brasília. Foi quem teve a coragem de conceder-lhe “habeas corpus”, em 13 de setembro de 1993, pelo parecer nº 3,688, datilografado em 600 linhas de 21 laudas – ato que beneficiou, também, Jorge Bandeira de Melo, mais um amigo do Collor.
O ARRETADO juiz baiano Tourinho Neto era mesmo
um cabra da peste. Quando todos os ventos ventavam contra o governo do Fernando
outrora “Caçador de Marajás”, ele concedeu o mesmo benefício à secretária
Rosinete Silva de Carvalho Melanias, que só fazia o que o chefe PC Farias lhe
mandava – ou fazia, ou perdia o emprego.
O baianíssimo Tourinho Neto era um exímio
praticante da língua portuguesa. Escrevia para invejar Luís de Camões,
Alexandre Herculano, Eça de Queirós e muitos outros bambas no idioma. Ao
“habeascorpuscar” o PC, ele citou o artigo 7, item 3, da Conferência
Especializada Interamericana, condenando detenção e prisão arbitrárias, e
concluiu, de própria versão, que “prisão preventiva só se houver indeclinável
necessidade”.
Tempinho depois, o PC Farias deu uma sumida
dos trópicos e fez o delegado Nascimento
Paulino, da Polícia Federal, afirmar que ele voltaria logo para a cadeia. Estava no seu rastro e iria pegá-lo
pelo Cone Sul, mesmo. Pala fronteira da Argentina com o Uruguai – não pegou.
Fim de linha de PC Farias foi manchete do jornal Notícias Populares |
Por
sorte do PC, a Justiça brasileira era “legalzinha” e, pelo final de dezembro
daquele 95, ele estava livre, tendo cumprido só parte da pena. Já o destino não
era tão legalzão. Em 1996, ele já era, como já lemos acima.
À ÉPOCA DO “habeas corpus”, Tourinho Neto
contava 50 de idade, servia ao TRF, desde 1989, era um dos mais respeitados
pelos colegas e considerado, pelos empregados daquela douta casa, um “baiano
porreta”. Visto, também, como “show de bola” em conferências sobre o Direito
Penal – tanto quanto a bola do glorioso Esporte Clube Bahia, seu time e campeão
baiano daqueles tempos dos rolos do PC Farias.
Em 1971, quando o Bahia tinha sido, também, o
dono da bola na “Boa Terra”, o futuro juiz Tourinho foi à Fonte Nova, em uma
tarde de domingo, e assistiu ao macumbeiro do “Tricolor de Aço” – Lourinho –
abrir uma gaiola, no meio do gamado, antes da pugna, e dela soltar uma bomba
branca que saiu voando e foi cair na rede do gol que dá para o lado do Dique do
Tororó. Minutos depois de o arbitro mandar a “maricota” rolar, um pênalti a
favor do tricolor baiano terminou com a bola chutada pelo ponta-esquerda Arthruzinho
fazendo o mesmo voo da ave e se aninhando no filó. Também, no mesmo lugar do
pouso ornitológico –inapelavelmente!
DIAS DEPOIS, Tourinho foi declarado o
primeiro colocado em concurso para juiz de Direito. Repetiu a dose, em 1979, em
concurso para juiz federal – de primeira divisão, é claro. Não era nenhum Leônico (time baiano) da
vida.
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