Considerado o melhor goleiro da história
do Vasco da Gama, Moacir Barbosa do Nascimento não estava mais nos planos dos
treinadores cruzmaltinos, a partir de 1956, quando foi emprestado ao
Bonsucesso. No ano seguinte, mudou-se para Recife, a fim de defender o
pernambucano Santa Cruz. Não contava ele que, em 1958, o treinador da “Turma da
Colina”, Gradim, pedisse a sua volta.
Barbosa estava com 37 anos, quando
voltou a São Januário, onde chegara em 1945. Titular a partir de 1946, e até
meados de 1956, encontrou Miguel e Hélio como concorrentes. Gradim confiou nele
e lhe fez titular por todo o primeiro turno, quando só ficou fora de uma
partida, No returno, começou a dividir a vaga com os outros dois, até que
Miguel ganhou a parada e fez os jogos decisivos. No entanto, Barbosa atuou mais
do que os rivais, 14 vezes, contra 9 de Miguel e três de Hélio.
TEMPORADA - Barbosa ficou na Colina até 1960. Um
ano antes, protagonizou uma das mais incríveis histórias de um goleiro
brasileiro. Aos 38 anos, recebeu a nota 10 pela sua atuação em Vasco 0 x 0
Flamengo, pelo Torneio Rio São Paulo. Em sua edição Nº 180, de 2 de maio de
1959, a principal revista esportiva brasileira, a “Manchete Esportiva”,
analisou assim a sua atuação na partida do dia ....: “Começou sem ter trabalho
e acabou sendo a maior figura do jogo, quando o Flamengo cresceu. Nota 10”.
Além de lhe dar a nota máxima, sob o
título “Barbosa, o bom velinho, foi o dono da bola”, a revista carioca publicou
uma sequência de três fotos em que ele pratica uma defesa dificílima, aos pés
de um atacante rubro-negro. Diz a legenda: “Moacir Barbosa acabou se
convertendo na atração principal de Flamengo e Vasco. Operou defesas
sensacionais, notadamente na segunda fase da partida, quando o Flamengo tentou
a vitória sob todas as formas. Eis o veterano arqueiro mostrando numa defesa
como se salva um time de uma derrota certa.”
Abaixo, ocupando cinco colunas, a o
editor estampou mais uma foto de Barbosa em ação e escreveu acima da
fotografia: “O segredo de Barbosa intriga muita gente. A verdade é que, quando
mais velho, melhor ele fica. Notem a carta espantada de Belini, nesta foto. Em
contraponto, o velho Moacir Barbosa abaixa-se firmemente para a defesa”.
TALENTO - Dias depois, Barbosa enfrentou o
Santos, no Pacaembu, em São Paulo. Daquela vez, quem se rendeu ao seu talento
foi Nélson Rodrigues. Pela coluna em que ele elegia “Meu personagem da
semana”, dedicou um “canto de louvor” ao
veteraníssimo goleiro, pelo último número da “Manchete Esportiva, que foi às
bancas com data de 30 de maio daquele 1959.
Escreveu: “...ele (Barbosa) esfrega a sua eternidade na cara da gente...
se trata da eternidade mais viçosa já ocorrida no futebol brasileiro. No comum
dos mortais, a vida é uma luta do corpo a corpo contra ao tempo... Para Barbosa
o problema de folhinha (calendário) e de
relógio não existe. É o homem sem tempo, que esqueceu o tempo, que vive sem o
tempo, muitíssimo bem”.
Naquela coluna, Nélson lembrava do infortúnio
de Barbosa, ao sofrer o gol de Gigghia, na final da Copa do Mundo de 1950, no
Maracanã, que fez o Uruguai virar o placar, para 2 x 1 sobre ao Brasil. Segundo
ele, o brasileira já havia se esquecido de todas as mazelas que haviam atingido
a pátria amada, menos daquele gol. Ele, porém, o glorificava. Assim: “Nove anos
depois de 1950, Barbosa joga contra o Santos.... Funcionou num time de reservas
contra um dos maiores, senão o maior time do Brasil... Começa o jogo e ,
imediatamente, Pelé invade, perfura e, de três metros, fuzila... Barbosa
defendeu e com que soberbo descaro. Daí para a frente a partida se limitou a um
furioso duelo entre o solitário Barbosa e o desvairado ataque santista”.
SOBROU - O treinador Francisco de
Souza Ferreira, o Gradim havia experimentado 12 de 14 goleiros que haviam
passado, nos últimos tempos pelo clube – sobraram Miguel e Barbosa. Indagado por um repórter
da “Manchete Esportiva”, sobre quem havia atingido a perfeição com a camisa 1,
respondeu: “Barbosa... Confesso que o apanhei, no ano passado, com o intuito de
safar a onça... Barbosa, em 1959 está melhor do que em 58. Com Barbosa, em
forma explendorosa, e Miguel em ascensção, o Vasco não tem a menor preocupação
com ao arco”.
Barbosa nasceu em 27 de março de 1921, em Campinas-SP e viveu por
79 anos, até 7 de abril de 2000, em Praia Grande-SP. Encerrou a carreira, em
1962, pelo Campo Grande-RJ. Defendeu a Seleção Brasileira entre 1949 e 1953,
com 22 jogos, sendo 16 vitoriosos, dois empates e quatro derrotas.
Sofreu 31 gols. Foi campeão sul-americano, em 1949; da Copa Rio Branco-1950 e
vice da Copa do Mundo-1950.(foto acima reproduzida de www.crvascodagama.com.br). Agradecimento.
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