Durante o
Torneio Rio-São Paulo-1959, os vascaínos andaram “meio-devegar”, sem muita pressa de chegar ao gol, com os atgacantesAlmir,
Pacoti, Teotônio e Delém eram os caras. Sem pipocas na chapa, o Vasco ficara no
0 x 0 com São Paulo (12.04), América (22.04) e Flamengo (26.04), e escorregara,
por 0 x 3, diante do Santos (17.05).
Aí, o
cartolão João Silva fez as contas: Almir só havia colocado um goleiro pra
chorar – em Vasco 3 x 0 Palmeiras (18.04) – e Delém dois, somando três tentos –
em Vasco 2 x 0 Botafogo (30.04) e em Vasco 4 x 1 Portuguesa de Desportos
(09.05). Quem mais balançara o filó fora um carinha que não tinha tal
obrigação, o meia Rubens, que deveria se preocupar mais em lançar. Mesmo assim,
dos seus cinco tentos, dois haviam sido de
pênaltis. Muita vantagem, não, concluiu. Pior: o treinador Gradim ainda tinha
Pacoti, e Teotônio para “matar”, mas eles vinham dando um tempo no gatilho.
Razão de o segundo ter sido exilado para a ponta-direita.
E já que os
“matadores da Colina” não vinham fazendo muitas maldades com os goleiros, João
Silva teve uma autêntica sacada de cartola. Como era amicíssimo do aposentado
Ademir Marques de Menezes, o maior ídolo da história do glorioso Club de
Regatas Vasco da Gama, após uma peada de final de semana, em seu sítio, chegou
o ‘Queixada’ no canto: “Que tal voltar a jogar?”. Ademir, evidentemente, não
levou a sério. Achou que o camarada tivesse bebido um vinho diferente, enquanto
esperava a brasa assar o churrasco. Mas o homem não desistiu do lance. Ademir,
que havia corrido, razoavelmente legal, debaixo de um sol escaldante, estava
mais era a fim de molhar o pescoço, por dentro, com uma cervejinha,
estupidamente glacial. E livrou-se da indaga do João, com um despachante “vamos ver” – só que viu demais.
Dias depois da proposta indecorosa de João
Silva, o “Queixada”, secretamente, voltou
a São Januário, para ver se as ferramentas estavam muito enferrujadas. E voltou mais. Para João Silva, ele não havia
esquecido do “manejo da redonda”, com escreviam os cronistas da época. E até
tinha um responsável por aquilo: as peladas em seu sítio.
Enquanto
Ademir treinava na Colina, o serviço de contraespionagem do Madureira descobriu
tudo. Rapidamente, o empresário José da Gama propôs-lhe trair o “Almirante” e
trabalhar para o “Tricolor Suburbano”. Chegaram até a conversar sobre o plano
sinistro. Mas o Zé lrvara pouca grana na maleta. Ademir não conseguiu nem ser
um agente duplo. E, quis o destino que a sua carreira de “agente secreto”
durasse por, apenas,alguns treinos. Enquanto ele “ameaçava” voltar aos
gramados, Gradim conseguiu dar um jeito nos seus “matadores”. Durante o primeiro
turno do Campeonato Carioca, Almir compareceu, por quatro vezes, ao “fundo da
cidadela dos arqueiros”. E melhor: o ponteiro-esquerdo Pinga, que gostava mais
de jogar pelo meio, para ter mais chances de balançar o barbante, o balançara
em seis oportunidades. Sem falar que Teotônio e Pacoti desenferrujaram as suas
“garruchas”, e Rubens seguiu fazendo gols, com “atacante enxerido”. De sua
parte, Delém interessava ao futebol argentino, e o Vasco não perdia a chance de
encher a barriga da burra da Colina.
E, assim, se conta a “rush-história” do
agente secreto “00Camisa 9, Jeimes Ademir Bom de Bola”. Isto é, ex-bm de bola.
Não estava aposentado?
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