Vasco

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

FERAS DA COLINA - ALVINHO

   Quando a sua parceira pariu mais um rebento, no dia 13 de fevereiro de 1928, na mineirinha e pacata Pedro Leopoldo, o mineirão ‘Seu Filó’ contou nos dedos: sete filhos. Já era hora de mandar as suas ferramentas pegarem mais leve. E sacou para a có-pioloto de furdunços noturnos pelo colchão da cama do quarto maior da casa: “Mulher, fecha a fábrica. Já chega!” – no que foi, prontamente, atendido.
 Chegado o garotão Álvaro, como todo menino barrigudinho que se preze, ele seguiu, rigorosamente, a ordem natural dos apelidos que os mineiros davam aos caçulas. Aliá, seguiram pra ele, sô! Virou o Alvinho da família Moreira Filogênio. Beleza, uai!
 Quando já contava sete temporadas por este planeta, Alvinho foi levado, pelos pais, para Belo Horizonte. “Belzonte, pai””, perguntou ele, ao ser avisado, e não muito interessado em trocar de endereço. “Belzonte” não poderia ter uma rua como a que  ele morava, onde a melhor diversão dos meninos era chutar uma herbácea da família das solanáceas, um “trem amargo” que a  garotada chamava de jiló, e os cientistas de “solanum gilo”.
Quando chegou aos 12 anos de idade, Alvinho entrou para o time juvenil de futebol do Cruzeiro Esporte Clube, que ainda nem tinha tal nome.  Ficou por lá até os 18, quando mudou (agora de camisa) de novo: foi para o Clube Atlético Mineiro. Jogando uma bola do tamanho de um trem e sendo campeão mineiro, em 1949, 1950 e em 1952, não dava para ficar pelos lados das montanhas de Minas Gerais. O Vasco da Gama foi  buscá-lo e o levou para a Colina. “Bão, sô!”, considerou o baixinho Alvinho, de 1m66cm de altura.
Embora o mineirinho tivesse aprovado, inteiramente, uma nova mudança de endereço (já era a sua terceira) viu, rapidão, que não seria nada fácil beliscar uma vaga no ataque da “Turma da Colina”.  Os caras – Edmur, Sabará, Maneca, Ipojucan, Ademir Menezes e Chico, principalmente    jogavam demais. E, ainda, tinha um novato, um pernambucano arretado, o Vavá, e um mineirão amalucadoo, um tal de Genuíno, que eram “pros côcos”, conforme falavam os amigos do “Seu Filó”, o que, traduzido, do “mineirês”, para o linguajar pátrio nacional, significava que, bola nos pés deles, seria caçapa balançando, com certeza.
E, já que era assim, “vamo qui vamo”, já “acariocou” o mineirinho Alvinho, ao ir se aclimatando na vida carioca.  Nesse seu estágio de “carioquices”, durante a tarde do domingão 20 de setembro de 1953, ele deu uma de Mané Garrincha, em seu primeiro jogo pelo Botafogo. O Flamengo vencia o Vasco por 1 x 0, pelo primeiro turno do Campeonato Carioca, quando teve um pênalti ao seu favor. Alvinho nem quis saber. Olhou dos lados, viu Vavá, Ipojucan e Pinga assanhados, para fazerem a cobrança, mas nem “deu-lhes trelas”. Pegou a bola, botou o “trem” na marca fatal e o garoto do placar pra trabalhar: 1 x 1. Vários amigos do Seu Filó”pegaram no rádio”, lá em Minas.
Pelo returno, mais uma vez, Alvinho estava escalado para enfrentar o Flamengo. Daquela vez, em 25 de outubro. E, mais uma vez, os amigos do “Seu Filó” ligaram o rádio para escutar a pugna. Alvinho não fez gol, mas manteve a tradição: saiu do Maracanã empatado, novamente, por 3 x 3, com os rubro-negros. Mineirinho danado, sô!  (foto reproduzida da Revista do Esporte).

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