Os “gajos” estavam fazendo as contas, meio-desanimados. O “Basco” já havia encarado cinco adversários e abatido por todos – 1 x 10 Paladino; 1 x 5 Brasil; 0 x 4 Icarahy; 2 x 4 Parc Royal e 3 x 4 River –, com todos os jogos disputados no campo do Botafogo, à sulisticamente carioquíssima Rua General Severiano.
Para a rapaziada, o motivo dos insucessos era o gramado do campo dos alvinegros, que não lhes dava sorte. Então propuseram à direção do Vasco levar as próximas partidas para o gamado do Andrahy. As escorregadas continuaram: 0 x 2 Paladino e 0 x 3 Parc Royal. A moçada, então, achou que tanto fazia perder em um local quanto em um outro. Dava no mesmo. E retornou a General Severiano, para cair, ante o Icarahy, por 1 x 4.
A turma deixava o estádio dos botafoguenses, negando sorrisos à zona sul carioca, quando pulou fora, do “túnel do tempo”, o ex-almirante Vasco Vasconcelos, comandante de esquadras de um país que nem tinha mar. Deparando-se com a cena, chegou junto da vascaínada e quis saber do que se passava. Inteirado do tema, sugeriu: “Deixa comigo”!
O ex-almirante Vasco Vasconcelos foi espionar os treinos do próximo adversário, o River, no bairro da Piedade. E notou que faltavam dois atletas para o adversário completar um time. Encerada a prática, disse aos membros da equipe que tinha assistido o treino do Vasco, no dia anterior, e aquele andava pior do que nos outros jogos. Que eles, mesmo com nove homens, deveriam ganhar, por goleada. E os riveristas foram na sua onda. Nem se preocuparam em recrutar os elementos que lhes faltavam.
Além de ter passado tais informações ao adversário, o ex-almirante Vasco Vasconcelos convenceu a direção cruzmaltina a levar o jogo para o campo do São Cristóvão, à Rua Figueira de Melo. “Ora, pôixisj, pôixisj! Jogamos em General Severiano , e tocaram fogo no placar; no Andarahy, e não andamos pra lugar nenhum. Então, vamos para o campo do “Santo”. E pode deixar o resto comigo, que já providenciei o milagre.
Não deu outra: o Vasco obteve a sua primeira vitória no futebol: 2 x 1 sobre o River. Era o dia 29 de outubro de 1916, e o ex-almirante teve de sair correndo, às pressas, da Rua “General Sivira”, como ele a chamava, porque a rapaziada do time da Piedade queria esganá-lo, por conta das suas informações falsas. Mas bem pior ele fizera com o time do Brasil, o adversário seguinte, e do último jogo vascaíno no Campeonato Carioca da Terceira Divisão. “Se eu fosse vocês, nem gastaria combustível para ir ao jogo. Estou informado, por fontes fidedigníssimas, e bote íssimas, íssimas nisso, de que o
“Basco” não comparecerá.
“Basco” não comparecerá.
O pessoal do Brasil acreditou e não compareceu. Aquele era um Brasil que ia pra trás. Perdeu por W x 0. E o ex-almirante inaugurou as vitórias do “Almirante” no tapetão.
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