Vasco

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

FUXICOS DA COLINA – ARTOFF & ORLANDO

1 - Artoff Gomes da Costa Filho, jogador vascaíno com nome de vodka, mas carioquíssimo, desde 8 de abril de 1935, saiu da Colina com uma bronca danada dos cartolas João Silva e Antônio Calçada. Ele cobrava Cr$ 20 mil cruzeiros do Vasco, a título de “luvas” (graninha por fora),  alegando que o “tutu” ficara acertado pela assinatura do seu contrato, de Cr$ 10 mil mensais.
 Artoff chorava. Dizia não ter arrumado nada junto ao vice-presidente Calçada. E, pior, ainda, ao se queixar ao João, este teria lhe dito que vetara a sua renovação de contrato e não lhe devia nada. Depois do rolo, Artoff  foi emprestado ao Bonsucesso e, posteriormente, trocado por um outro atacante, a revelação rubro-anil Cabrita. Assim, sentia-se ludibriado pelos cartolas da Colina.  
Artoff era artlheiro do time juvenil do São Cristóvão, pelo qual começara a jogar, aos 18 anos de idade. Corria 1953 e ele participara, como juvenil, de uma excursão, ao Peru, do time  do A do “Santo” . Na volta, o goleiro Ernani e o coringa Alfredo fizeram-lhe a cabeça para mudar-se para São Januário. Mudou e o São Cristóvão gritou. Queria prendê-lo, pela sua assinatura na folha dos recebedores de “bichos”.  Mas o Club de Regatas Vasco da Gama era tão expert em crueldades quanto o Almirante Vasco da Gama. E o surrupiou  do “Santo”.
Submetido à apreciação do treinador Flávio Costa, Artoff foi enviado para o time de aspirantes. Disputou os Campeonatos Cariocas da categoria, nas temporadas 1955/1956, e ajudou a rapaziada a carregar taça e faixa, no último dos dois anos citados. Com o sucesso em baixo, participou, com a turma de cima, de uma excursão à Europa. Em 1958, estava na galera campeã do Torneio Rio-São Paulo, mesmo tendo entrado só durante o segundo tempo de Vasco 1 x 0 América (19.03), substituindo o ponta-esquerda Pinga. Mas, pelo Campeonato Carioca-1956, o técnico Martim Francisco o havia lançado em três partidas. Em uma delas, marcou gol, em Vasco 6 x 0 Madureira, quando o time foi: Carlos Alberto, Paulinho e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Sabará, Livinho, Artoff, Válter e Pinga.
Artoff esteve, também, em Vasco  1 x 0 São Cristóvão (02.12), com a mesma defesa e o ataque sendo Lierte, Wilson Moreira, ele, Roberto Pinto e Pinga, e em Vasco 1 x 0 América (08.12), mantendo-se a defensiva e o ataque trocando Wilson Moreira e Roberto Pinto, por Livinho e Válter.
Artoff era um jogador útil ao Vasco da Gama. Na mesma temporada-1956, entrou em amistosos, substituindo Ademir Menezes e Vavá, em Vasco 2 x 0 e 1 x 1 Atlético-MG (11 e 13 de março) e marcou os dois gols vascaínos dos 2 x 1 Nacional, de Rolândia-PR (21.03). Em seguida, durante um giro pela Europa, participou de sete das 19 partidas disputadas, deixando seu gol em Vasco 3 x 2 Espanyol, na Espanha (03.06), quando a escalação teve:  Hélio (Wagner), Dario, Haroldo, Orlando e Coronel; Djayr (demir Menezes), Laerte, Livinho e Sabará; Válter e Artoff.
O grande dia de glória de Artoff, no entanto, foi mesmo o 20 de julho daquele  1956. Marcou um dos gols de Vasco 2 x 0 Real Madrid, o então melhor time do planeta. Em jogo disputado no venezuelano Estádio Universitário, de Caracas, entrou nesta formação: Wagner, Dario, Haroldo, Orlando (Cléver) e Coronel (Beto); Laerte e Valter; Sabará, Livinho, Artoff e Pinga. (foto reproduzida da Revista do Esporte).

2 - ORLANDO - Mais de um ano depois da Copa do Mundo-1958, surgiram comentários, em São Januário, que o zagueiro Orlando “estava enrolado na Suécia”. Vinha sendo cobrado, por uma das garotas que viviam tietando os jogadores da Seleção Brasileira, de tê-la engravidado.
Junto com os fuxicos, que espantou a torcida cruzmaltina, confirmou-se a notícia de que a sueca Anta Sigrid Sandstrom fora à justiça do seu país, cobrar pensão alimentícia do jogador, pela paternidade do filho Jan Peter. A moça pedia o equivalente a Cr$ 7 mil e 500 cruzeiros, para sustentar a criança, além de Cr$ 20 mil cruzeiros, por ressarcimento de despesas do parto. Uma boa grana para a época, o que muitos jogadores não ganhavam, facilmente.
Após ser informada da cegada de uma carta rogatória expedida pela justiça sueca, solicitando a fixação de uma pensão a título precário, até o julgamento do caso, a Confederação Brasileira de Desportos-CBD solicitou à embaixada do Brasil, em Estocolmo, levantamento da vida pregressa de Anita. Resposta: a polícia sueca informara que a moça tinha vida irregular, mentira ao dizer-se menor de idade.
 Pelo relatório da participação brasileira no Mundial-1958, feito para o presidente da CBD, João Havelange, o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, e o treinador Vicente Feola,  citaram que Orlando tivera “conduta exemplar”. Comprovando o que dele fora dito, Orlando colocou-se à disposição das autoridades suecas, para ir ao país esclarecer a situação. Enfim, nada ficou provado. E Orlando casou-se, com Marlene, como leremos abaixo.      
 

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