A fama do personagem deveu-se, sobretudo, a
jornais popularescos e sensacionalistas. Quem os lia excitava-se com as
incríveis histórias sobre aquela mulher fatal, irresistível, que arrancava os
maiores segredos de estado guardados por diplomatas, políticos e generais do
alto do exército francês. Na verdade, Mata Hari não passava de uma menina de
programa, que a fama a tornara disputadíssima
e muito bem paga pela elite europeia.
Quem imaginou usá-la
de uma forma até então não imaginada foi um sujeito da contraespionagem alemã,
pelos inícios da I Guerra Mundial, em 1914.
Freguês dela e sabedor da sua seleta clientela, o cara viu por ali o
caminho para a Alemanha obter segredos de conversas de travesseiros. Contratada para agir na França, vivendo em ambiente
luxuoso, Mata Hari foi, praticamente, inútil, pouco informando aos alemães, que
a enviaram para outros locais europeus, entre eles a Espanha. Descoberta pelos
franceses, como a espiã alemã H21, estes a transformaram em agente duplo. Em 1917, ela não merecia a confiança dos alemães,
que a descartaram, e nem franceses, que
a acusavam de traição.
Na verdade, Mata Hari
não provocara nenhum prejuízo à França, cujos reveses de guerra foram muito
mais causa da incompetência de seus líderes políticos e militares. Mas a corte
marcial que a julgou não podia perder a chance de usá-la para livrar a cara
daqueles. Ignorou todos os pedidos de clemência dos seus muitos amantes e a
mandou para um pelotão de fuzilamento, ao amanhecer de 17 de outubro de 1917. Bom
para o cinema e os escritores. Nascia, para eles, a lenda da superespiã,
irresistível e lindíssimamente sexy. Podia até ter sido sexy, mesmo gordinha e
baixinha. Mas, o restante..! – Mara Hari
foi a perfeita agente (menos) – 000 à esquerda, já que não existe nenhum outro
número abaixo.
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