Era hora de parar de chorar saudade de Moacir Barbosa, Danilo Alvim, Ademir Menezes, Chico Aramburo, aquela turma que ficara para trás e na lembrança dos muitos títulos conquistados. Ou caía na realidade dos novos tempos, ou aqueles quatro anos de jejum de faixas poderiam dobrar a decepção. Quem sabe, ver o maior rival, o Flamengo, ser tetra.
O "Almirante", no entanto, mudou a sua rota, renovou a sua esquadra e navegou para o Campeonato Carioca-1956 fazendo muita marola. Com o intelectual treinador Martim Francisco entrosando a rapaziada, sem mexer em nenhuma escalação do primeiro turno, o aviso aos navegantes foi dado: o Vasco queria o caneco. E, ao final da etapa, apresentava nove vitórias, dois empates e só uma escorregada. Mandou dizer que a entressafra iria acabar – no returno, entretanto, o time abaixou o seu cartel, para oito vitórias, dois empates e uma queda.
CANECO DA COLINA – Os vascaínos comemoraram o título estadual de 1956 no sábado 15 de dezembro, tendo pela frente, além do Bangu, chuvisquinho chato e céu carrancudo. Mas aquilo nem fora pior: a moçada ainda teve que virar o placar do jogo em que Zizinho bateu primeiro na rede, valendo pela penúltima rodada do Estadual, com a bola molhada pesando muito e ficando tão escorregadia quanto o gramado do Maracanã.
Se dizem que quem é bom tem, também, de ser sortudo, o "Almirante" juntou as duas coisas antes do início do segundo tempo: o árbitro Eunápio de Queirós expulsou de campo o astro banguense Zizinho, alegando que o tal teria lhe chamado de ladrão, por anular um gol da sua turma, com cinco minutos de pugna.
Vavá, em foto reproduzida da revista Manchete Esportiva, marcou o gol do título de 1956 |
A revista ouviu, também, o comentarista Benjamin Wright, que disse: “Acho que o Eunápio de Queiroz foi, tecnicamente, um juiz correto". De sua parte, Nélson Rodrigues reiterou o colega: "Tornou-se o clube da Cruz de Malta, com indiscutível merecimento, o campeão da cidade".
De acordo com o repórter Albert Laurence, pelo Nº 57 da “Manchete Esportiva” de 22 de dezembro de 1956, Zizinho terminara o primeiro tempo cansado, por causa do campo alagado, deixando-lhe a impressão de que, com ou sem ele, o Vasco venceria na segunda etapa. “Durante a etapa final, a superioridade do Vasco, em volume de jogo, em domínio territorial, técnica e taticamente, foi esmagadora”, escreveu Laurence, acrescentando que o Bangu só fizera se defender.
O empate vascaíno saiu aos oito minutos do segundo tempo. Pinga bateu para o gol, da esquerda, quase da linha de fundo, e Laerte cabeceou, de cima para baixo. O goleiro Ubirajara falhou e a bola ia entrando, quando Edelfo a parou, com uma das mãos, “em recurso desesperado”, como escreveu Laurence e uma fotografia mostrou. “Eunápio apitou o ‘hands’ proposital, com toda razão”, prosseguiu o jornalista, relatando, ainda, que Vavá igualara o placar levantando cal, da marca do pênalti.
De acordo com o repórter Albert Laurence, pelo Nº 57 da “Manchete Esportiva” de 22 de dezembro de 1956, Zizinho terminara o primeiro tempo cansado, por causa do campo alagado, deixando-lhe a impressão de que, com ou sem ele, o Vasco venceria na segunda etapa. “Durante a etapa final, a superioridade do Vasco, em volume de jogo, em domínio territorial, técnica e taticamente, foi esmagadora”, escreveu Laurence, acrescentando que o Bangu só fizera se defender.
O empate vascaíno saiu aos oito minutos do segundo tempo. Pinga bateu para o gol, da esquerda, quase da linha de fundo, e Laerte cabeceou, de cima para baixo. O goleiro Ubirajara falhou e a bola ia entrando, quando Edelfo a parou, com uma das mãos, “em recurso desesperado”, como escreveu Laurence e uma fotografia mostrou. “Eunápio apitou o ‘hands’ proposital, com toda razão”, prosseguiu o jornalista, relatando, ainda, que Vavá igualara o placar levantando cal, da marca do pênalti.
Martim Francisco em foto reproduzida de Manchete Esportiva |
DEVER CUMPRIDO, o treinador Martim Francisco chegou ao vestiário completamente ensopado, pela chuva, dizendo: “Eu já esperava essa resistência. O Bangu cumpriu o seu dever”. O autor dos dois gols vascaínos, Vavá não deixou por menos: “Seria injustiça não ganharmos. A chuva atrapalhou muito, mas o que é do homem o bicho não comer”.
Exceto Lierte e Livinho, que tiveram atuações consideradas notas 5, e Coronel, 7, os demais jogadores cruzmaltinos tiraram 8 e 9, este para Paulinho e Bellini. O público que assistiu ao "Almirante" cruzar os mares do sucesso não foi divulgado. Mas a renda, sim: Cr$ 723 mil, 971 cruzeiros e 40 centavos.
Exceto Lierte e Livinho, que tiveram atuações consideradas notas 5, e Coronel, 7, os demais jogadores cruzmaltinos tiraram 8 e 9, este para Paulinho e Bellini. O público que assistiu ao "Almirante" cruzar os mares do sucesso não foi divulgado. Mas a renda, sim: Cr$ 723 mil, 971 cruzeiros e 40 centavos.
Martim Francisco era discípulo do uruguaio Ondino Viera, que havia montado o “Expresso da Vitória”. Aquele fora o décimo título vascaíno de campeão carioca – antes, em 1923/24/29/34/36/ 45/47/49/50/52 –, acabando, sob a presidência de Arthur Braga Rodrigues Pires, com o favoritismo do seu maior rival, o Flamengo, que mantivera a base do seu tri-1953/54/55
Martim Francisco era discípulo do uruguaio Ondino Viera, que havia montado o “Expresso da Vitória”. Aquele fora o décimo título vascaíno de campeão carioca – antes, em 1923/24/29/34/36/ 45/47/49/50/52 –, acabando, sob a presidência de Arthur Braga Rodrigues Pires, com o favoritismo do seu maior rival, o Flamengo, que mantivera a base do seu tri-1953/54/55
CAMPANHA – TURNO - 29.07.1956 – Vasco 4 x 0 Portuguesa; 29.07 – 0 x 0 Botafogo; 12.08 – 4 x 1 Madureira; 19.08 –2 x 0 Canto do Rio; 26.07 – 3 x 2 Fluminense; 02.09 – 3 x 1 América; 07.09 – 4 x 1 Olaria; 15.09 – 3 x 2 Bonsucesso; 22.09 – 2 x 3 Bangu; 27.09 – 5 x 1 São Cristóvão; 07.10 – 1 x 1 Flamengo; 14.10 – 6 x 0 Madureira. RETURNO - 21.10 – Vasco 5 x 0 Portuguesa; 28.10 – 4 x 0 Bonsucesso; 04.11 – 0 x 1 Flamengo; 11.11 – 4 x 0 Canto do Rio; 18.11 – 0 x 0 Fluminense; 25.11 0 3 x 2 Botafogo; 21.12 – 1 x 0 São Cristóvão; 07.12 – 1 x 0 América; 15.12 – 2 x 1 Bangu; 23.12 – 1 x 1 Olaria.
OS CAMPEÕES: Bellini, Coronel, Laerte, Orlando (22 jogos), Carlos Alberto Cavalheiro, Pinga (21), Paulinho de Almeida, Válter Marciano (20), Livinho, Vavá (19), Sabará (16), Lierte (6), Artoff, Roberto Pinto (3), Dario, Hélio, Ortunho, Valdemar, Valmir e Wilson. Os artilheiros dessa turma foram Válter, ambos com 13 gols, seguidos por Livinho e Pinga (10), Sabará (4) Lierte (3), Laerte (2), Artoff, Roberto Pinto e Valdemar (1).
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