No jogo
seguinte – Vasco 1 x 2 Corinthians – a irregularidade persistiu, mas Almir
não jogou. Entrou no último compromisso do torneio – 01.06 - Vasco 3 x 2
Santos, na Vila Belmiro, a casa do “Peixe”. Daquela vez, Almir substituiu
Sabará e o Santos trocou Del Vecchio por um outro garoto, Pelé, que prometia
muito e até marcara um gol – estava
escrito que dois craques estavam surgindo.
FICHAS
DOS DOIS PRIMEIROS JOGOS OFICIAIS
25.03.1957 ´-Vasco 3 x 0 América. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Maracanã-RJ. Renda: 160.100,00. Publico: 6.825 pagantes e 2.989 não pagantes. Total: 9.814 presentes. Juiz: Frederico Lopes. Gols: Laerte, Livinho e Vavá. VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho de Almeida, Bellini e Ortunho (Dario); Orlando Peçanha e Laerte; Sabará (Lierte/Almir), Livinho, Vavá, Valter e Pinga. Técnico: Martin Francisco. 01.06.1957 – Vasco 3 x 2 Santos. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Urbano Calderia (Vila Belmiro), em Santos. Renda: 342.900,00. Juiz: Paulo Simões. Gols: Tite, Pelé (San), Valter Marciano, Livinho e Vavá (Vsc). VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho e Bellini; Dario, Orlando e Laerte; Sabará (Almir), Livinho, Vavá (Wilson Moreira), Valter Marciano e Pinga (Roberto). Técnico: Martim Francisco. SANTOS: Manga, Getúlio e Mourão; Fioti, Brauner e Urubatão (Zito); Dorval, Álvaro, Pagão, Del Vecchio (Pelé) e Tite (Pepe).Técnico: Luís Alonso Peres, o Lula.
CRUZMALTINO - Havia um empresário, em Recife, um tal de Cier Barbosa, que tinha por
“esporte predileto” indicar, ao Vasco da Gama, craques revelados pelo Sport
Club do Recife, que já dera Ademir Menezes à “Turma da Colina”, mas sem ele
nada ter a ver com a transação. Mas presenteou os cruzmaltinos com dois
grandes “matadores”, Vavá – Edvaldo Izídio Neto – e Almir Morais de Albuquerque.
Almir aconteceu muito rápido em São Januário. Até
poderia ter disputado a Copa do Mundo-58. Fora convocado para os
treinamentos, depois dispensado do grupo, mas esteve perto de voltar a
integrá-lo, quando a comissão técnica vivia a dúvida de manter, ou dispensar,
o contundido garoto Pelé.
Cracaço do time do Vasco, que o recebera, aos 19
anos de idade, com cara de garotão – nasceu, em 28 de outubro de 1937 – Almir
foi integrado ao time juvenil vascaíno, demorando-se pouco nele, para
sagrar-se, no dourado 1958,
“super-super-campeão carioca” e do Torneio Rio-São Paulo, jogando
barbaridades.
Por capricho do futebol, Almir, durante as suas duas
temporadas corintianas – 29 jogos, 13 vitórias, 7 empates, 9 derrotas e 5
gols, entre 1960 e 1961 – , jamais enfrentou Pelé. Isso só aconteceu quando
ele era um vascaíno. E ganhou o duelo, por 1 x 0, marcando o tento da
vitória, em 22 de março de 1958, no Maracanã, pelo Torneio Roberto Gomes
Pedrosa, também chamado de Rio-São Paulo. O gol saiu aos 67 minutos, ou aos
22 do segundo tempo do prélio apitado por João Etzel Filho, da Federação
Paulista de Futebol, com a refrega levando 37.455 almas ao estádio, das quais
32.978 foram pagantes e 4.477 caronas.
Almir, o “Pelé Branco” venceu o “Pelé Preto” integrando esta patota: Hélio, Paulinho de Almeida e Bellini (Viana); Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Almir, Vavá, Rubens (Roberto) e Quincas (Wilson Moreira). Técnico: Francisco de Souza Ferreira, o Gradim. O Santos teve: Manga, Fiotti, Ramiro e Dalmo; Urubatão e Zito; Dorval, Jair da Rosa Pinto (Guerra), Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Aqueles jogos do Torneio Rio-São Paulo es “SS-RJ” da
mesma temporada-1958, foram os dois grandes momentos de Almir no Vasco da
Gama. Durante a disputa interestadual, ficou muito marcada, principalmente, a
sua atuação nos 5 x 1 Portuguesa de Desportos – 06.04 – no Pacaembu, em São Paulo, quando
ele fez três dos cinco gols que garantiram o título ao “Almirante” – antes,
havia batido na rede em: 01.03 – Vasco 2 x 4
Palmeiras (1 gol); 08.03 – 3 x 2 São Paulo (1); 13.03 – 6 x 1 Fluminense (1);
22.03 – 1 x 0 Santos (1); 26.03 – 4 x 2 Botafogo (1).
TROCA DA COLINA
PELO PARQUE - Por Cr$ 3,5 milhões de
cruzeiros e um automóvel, por dois anos de contrato, Almir deixou São Januário e levou o seu
aguerrido futebol para o Corinthians, em 1960. Bom para os dois lados?
Financeiramente, sim, para os cartolas; sentimentalmente, não, para o atleta.
Mesmo faturando Cr$ 30 mil mensais – entre salários, gratificações e prestações das luvas, tiraria perto de Cr$ 200 mil mensais, valores que faziam daquele um dos maiores contratos do futebol brasileiro –, o jogador preferia continuar cruzmaltino, por sentir-se muito bem como um grande ídolo das torcida. Por isso, dificultou o negócio. O que o deixou mais magoado foi saber que um dirigente vascaíno teria dito não haver mais ambiente para ele no Vasco. Aquilo levou-o a uma crise de nervos.
DO LADO DE
LÁ – Almir havia disputado a sua última partida com a jaqueta curzmaltina em
16 de janeiro daquele 1960, no amistoso em que a “Turma da Colina” goleara o
Atlético-MG, por 6 x 3, no Estádio Independência,
O último
Almir vascaíno entrou nesta formação escalada pelo treinador Dorival Knipel,
o Yustrich: Barbosa (Ita); Paulinho de Almeida, Bellini (Viana), Orlando
Peçanha e Coronel; Barbosinha e Roberto Pinto (Waldemar); Teotônio
(Wanderley), Almir (Cabrita), Delém e Roberto Peniche (Dominguinhos) –
Ernani, aos 36 do 1º e aos 88, e
William, aos 27 minutos, marcaram para o “Galo”.
O que Almir não desejava, aconteceu na noite da terça-feira 5 de abril de 1960, no Pacaembu. Ele estreou como corintiano diante do Vasco, e abriu o placar, aos 6 minutos, para a partida terminar em “Timão” 3 x
O "PERNAMBUQUINHO" DO OUTRO LADO DO BALCÃO
O primeiro
Vasco contra Almir foi escalado pelo técnico argentino Filpo Nuñes com:
Miguel; Paulinho de Almeida (Dario) e Bellini; Écio (Russo), Orlando
(Barbosinha) e Coronel; Sabará, Pinga (Pacoti), Teotônio, Roberto Pinto
(Valdemar) e Roberto Peniche. A nova
turma do “Pernambuquinho”, treinada por Alfredo Ramos, era: Gilmar (Cabeção); Egídio, Olavo
(Marcos) e Ari Clemente; Benedito (Sidnei) e Oreco; Lanzoninho, Almir
(Luizinho), Higino (Bataglia), Rafael e Evanir.
No jogo oficial, pelo Rio-São Paulo, Almir
não encarou o Vasco, Que teve seu tento marcado por Delém, igualando o
placar, aos 56 minutos. O time armado, pelo mesmo Filpo Nuñes, teve: Barbosa;
Paulinho de Almeida, Bellini e Coronel; Écio e Orlando Peçanha; Sabará,
Roberto Pinto, Delém, Pinga e Roberto Peniche.
MARCADO - Capa do Nº 30 da “Revista do Esporte”
datada de 3 de outubro de 1959, Almir começou a ficar marcado pelas torcidas
adversárias do Vasco, devido as confusões em que se envolvia. A pior delas rolou, em 9 de agosto daquele 59,
pelo Campeanto Carioca, quando ele disputou um lance e deixou o lateral-esquerdo Hélio, do
América, com uma das pernas fraturadas. Xingado pela torcida americana, Almir
jurou à “RE” que não tivera a intenção de encerar a carreira do colega de profosissão. “Nunca...tive o
espírito de carrasco”, garantiu. Disse mais:” Os gritos de ‘assassino’ que
me dirigiram...foram como...setas me perfurando todo o
corpo”.
Suspenso, pelo Tribunal de Justiça da Federação Carioca de Futebol, o “Pernambuquinho” – seu apelido – viu no castigo até uma ajuda. Segundo avaliou, poderia não render mais nada para o ataque vascaíno, caso saísse impune do acontecido, devido a tensão que passara a viver. Para ele, os que o atacaram poderiam raciocinar melhor e concluir que, sendo tão jovem, ele não poderia seria burro ao ponto de liquidar a sua carreira em apenas um jogo. Almir disse, ainda, à revista que o lateral Hélio era um dos seus “melhores amigos” no time do América e que vinha rezando pelo seu restabelecimento, pois não compreendia aquele “incidente”. E prometeu mostrar a sua classe, “sem precisar usar da deslealdade, já que todos me julgam um carrasco, coisa que nunca fui”, garantiu.
Nesse jogo
O CARA - Almir era visto como um jogador
encrenqueiro. Muitos cobravam do treinador Gradim (Francisco de Souza
Ferreira) dar um jeito no seu pupilo. Mas o comandante do time vascaíno
discordava de quem via um moleque em lugar de um homem. E dizia não admitir
brincar coma personalidade de seus atletas. Preferia um Almir bravo, valente, “que entra no fogo com o maior
desprendimento, só cuidando do Vasco”, do que um Almir apático, sem vontade
de lutar e sem alma, como falou à revista “Manchete Esportiva” de Nº 126, de
19de abril de 1958.
Gradim via Almir como um jogador que
precedia, em campo, como homem que não aceitava, impassível, um insulto, uma
agressão. E apontava-lhe uma grande virtude: não ser mascarado (termo da
época para pessoa antipática). Acreditava que o pernambucano, quando tivesse
mais experiência, poderia ser tão grande o quanto fora o Leônidas da Silva do
Campeonato Sul-Americano de 1932.
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Vasco
quinta-feira, 25 de maio de 2017
HISTÓRIA DA HISTÓRIA - ALMIR
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Cier Barbosa, um nome que desconhecia. deveria ser mais conhecido pelos vascaínos
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