Vasco

Vasco

quinta-feira, 25 de maio de 2017

REVISTA DO KIKE - O 'PERNAMBUQINHO'



 Havia um empresário, em Recife, um tal de Cier Barbosa, que tinha por esporte predileto indicar revelações do Sport Recife ao Vasco da Gama, como Vavá – Edvaldo Izídio Neto. Depois,  Almir Morais de Albuquerque. 
Almir aconteceu muito rápido em São Januário. Até poderia ter disputado a Copa do Mundo-58. Fora convocado para os treinamentos, depois dispensado do grupo, mas esteve perto de voltar a integrá-lo, quando a comissão técnica vivia a dúvida de manter, ou dispensar, o contundido garoto Pelé.
Cracaço do time do Vasco, que o recebera, aos 19 anos de idade, com cara de garotão – nasceu, em 28 de outubro de 1937 – Almir foi integrado ao time juvenil vascaíno, demorando-se pouco nele, para sagrar-se, no dourado 1958,  “super-super-campeão carioca” e do Torneio Rio-São Paulo, jogando barbaridades.

O Vasco vinha fazendo campanha irregular no Torneio Rio-São Paulo-1957 – 3 x 2 Botafogo; 1 x 1 Palmeiras; 1 x 0 Flamengo; 0 x 3 São Paulo; 5 x 2 Portuguesa e 0 x 2 Fluminense. Diante do América-RJ, quando  perdera dois jogadores, o treinador Martim Francisco recorreu ao  garoto pernambucano com idade de juvenil. Eem 23 de maio, no segundo tempo, mandou-o para o jogo, em lugar de Lierte, que já havia substituído Sabará. Diante de 6.825 pagantes e de 2.989 caronas, totalizando 9.814 almas, Almir estreou, ajudando o Vasco a vencer, por 3 x 0.
No jogo seguinte – Vasco 1 x 2 Corinthians – ele não jogou. Entrou no último compromisso do torneio – 01.06 - Vasco 3 x 2 Santos, na Vila Belmiro, a casa do adversário. Daquela vez, substituiu Sabará, enquanto o Santos trocou Del Vecchio por um outro garoto, um tal de Pelé, que até marcou gol –  dois craques estavam surgindo.   
 
                         PRIMEIROS JOGOS OFICIAIS

25.03.1957 ´-Vasco 3 x 0 América. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Maracanã-RJ. Renda: 160.100,00. Publico: 6.825 pagantes e 2.989 não pagantes. Total: 9.814 presentes. Juiz: Frederico Lopes. Gols: Laerte, Livinho e Vavá. VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho de Almeida, Bellini e Ortunho (Dario); Orlando Peçanha e Laerte; Sabará (Lierte/Almir), Livinho, Vavá, Valter e Pinga. Técnico: Martin Francisco.

01.06.1957 – Vasco 3 x 2 Santos. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Urbano Calderia (Vila Belmiro), em Santos. Renda: 342.900,00. Juiz: Paulo Simões. Gols: Tite, Pelé (San), Valter Marciano, Livinho e Vavá (Vsc). VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho e Bellini; Dario, Orlando e Laerte; Sabará (Almir), Livinho, Vavá (Wilson Moreira), Valter Marciano e Pinga (Roberto). Técnico: Martim Francisco. SANTOS: Manga, Getúlio e Mourão; Fioti, Brauner e Urubatão (Zito); Dorval, Álvaro, Pagão, Del Vecchio (Pelé) e Tite (Pepe).Técnico: Luís Alonso Peres, o  Lula.
 
                                        TEMPOS DOURADOS

No início de 1958, o Vasco excursionou ao exterior, disputando doze amistosos, entre América Central, Estados Unidos e Europa. No penúltimo, em Moscou, Almir marcou um gol, diante do Dínamo Kiev. Foi um giro muito cansativo, mas  em que ele pôde ver em ação jogadores esperientes defendendo os espanhóis, Real Madrid, Atletic Bilbao, Valencia, Barcelona, Espanyol, o português Benfica e o soviético Dínamo Moscou, em nove vitórias vascaínas e três derrotas. De volta ao Brasil, Almir ajudou o Vasco conquistar o Torneio Rio-São Paulo, o seu primeiro título com a camisa cruzmaltina, atuando nos nove jogos – 2 x 4 Palmeiras;  3 x 1 Corinthians; 3 x 2 São Paulo;  6 x 1 Fluminense; 1 x 0 América; 1 x 0 Santos; 4 x 2 Botafogo; 1 x 1 Flamengo e 5 x 1 Portuguesa de Desportos.

                                                   ÍDOLOS

 Almir Pernambuquinho e o zagueiro e capitão Hideraldo Luís Bellini foram dos maiores ídolos da torcida vascaína da década-1950, quando a rapaziada conquistou os títulos cariocas de 1956 e de 1958. Bellini chegou a participar da campanha de 1952, a última do "Expresso da Vitória", do então imbatível time de São Januário. Na época, ele estava chegando e participou, apenas, de três partidas, pois a zaga tinha Haroldo e Ely do Amparo como dois 'xerifões' titulares absolutos. Mas durante as campanha do título estadual-1956, participou de todos os 22 jogos. 
  De sua parte, Almir Albuquerque foi um dos principais nomes na conquista do Estadual-1958, marcando cinco tentos e entrando em 13 das 25 partidas - Bellini jogou 22. 
Pelos méritos desses dois vascaínos, a  "Revista do Esporte" fez várias capas com os dois, para atrair torcedores da Turma da Colina. Dava certo - como nos gramados. 

                                                 CORINTIANO
                                                           
Com Valdemar e Pinga, na reprodução de foto da Manchete Esportiva
colorizada por  www.netvasco.com.br
Em 1960, o Corinthians, que não era campeão paulista, desde 1954, chorava o sucesso do Santos, principalmente, por ter a maior torcida do seu estado e não contar com um craque como Pelé. Então, abriu o cofre e levou Almir, por uma  fortuna. Ele não queria ir embora e nem ser o Pelé Branco, como lhe chamaram os corintianos, cansados de assistir às diabruras do camisa 10 santista diante deles.
 
Por capricho do futebol, Almir, durante as suas duas temporadas corintianas – 29 jogos, 13 vitórias, 7 empates, 9 derrotas e 5 gols, entre 1960 e 1961 – , jamais enfrentou Pelé. Isso só aconteceu quando ele era um vascaíno. E ganhou o duelo, por 1 x 0, marcando o tento da vitória, em 22 de março de 1958, no Maracanã, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, também chamado de Rio-São Paulo. O gol saiu aos 67 minutos, ou aos 22 do segundo tempo do prélio apitado por João Etzel Filho, da Federação Paulista de Futebol, com a refrega levando 37.455 almas ao estádio, das quais 32.978 foram pagantes e 4.477 caronas. 
Almir, o Pelé Branco venceu o  Pelé Preto integrando esta patota: Hélio, Paulinho de Almeida e Bellini (Viana); Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Almir, Vavá, Rubens (Roberto) e Quincas (Wilson Moreira). Técnico: Francisco de Souza Ferreira, o Gradim. O Santos teve: Manga, Fiotti, Ramiro e Dalmo; Urubatão e Zito; Dorval, Jair da Rosa Pinto (Guerra), Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Por aquela época, era costume da revista carioca Manchete Esportiva distribuir notas para os atletas participantes de uma partida.  Em sua edição de Nº 123, de 29 de março,  a semanária viu Almir Morais Albuquerque jogando mais do que Pelé. E atribuiu-lhe nota 8, Ao “Camisa 10, apenas 7.  Além de ter marcado o tento da vitória cruzmaltina, Almir teve, ainda, chance de fazer mais.
Aqueles jogos do Torneio Rio-São Paulo e o “SS-RJ” da mesma temporada-1958, foram os dois grandes momentos de Almir no Vasco da Gama. Durante a disputa interestadual, ficou muito marcada, principalmente, a sua atuação nos 5 x 1 Portuguesa de Desportos –  06.04 – no Pacaembu, em São Paulo, quando ele fez três dos cinco gols que garantiram o título ao Almirante – antes, havia batido na rede em: 01.03 – Vasco 2 x 4 Palmeiras (1 gol); 08.03 – 3 x 2 São Paulo (1); 13.03 – 6 x 1 Fluminense (1); 22.03 – 1 x 0 Santos (1); 26.03 – 4 x 2 Botafogo (1).
                                    
                             TROCOU COLINA PELO PARQUE

 Para fazer aquela troca, em 1960, Almir custou mito caro ao Corinthians, além de ganhar um automóvel, por dois anos de contrato. Bom para os dois lados? Financeiramente, sim, para os cartolas; sentimentalmente, não, para o atleta.

Mesmo faturando Cr$ 30 mil mensais – entre salários, gratificações e prestações das luvas, tiraria perto de Cr$ 200 mil mensais, valores que faziam daquele um dos maiores contratos do futebol brasileiro –, Almir preferia continuar cruzmaltino, por sentir-se muito bem como um grande ídolo das torcida. Por isso,  dificultou o negócio. O que o deixou mais magoado foi saber que um dirigente vascaíno  teria dito não haver mais ambiente para ele no Vasco. Aquilo levou-o a uma crise de nervos.
Almir abraça os ex-companheiros Miguel e Pinga.
 
Para encerrar a queda-de-braço entre Almir e o clube carioca, o presidente do clube paulistano, Vicente Matheus, topou pagar Cr$ 6, 5 milhões de cruzeiros à vista, e ceder ao Vasco da Gama toda a renda de um amistoso, em 16 de abril, na capital paulista, pelo Torneio Rio-São Paulo-1960, a grande disputa da época. Com isso, os cofres da Colina deveriam receber cerca de Cr$ 8 milhões. Um dinheiraço! O maior negócio do futebol brasileiro. Segundo falava, com a grana saindo do bolso de Matheus.
 
                                      DO LADO DE LÁ

 Almir havia disputado a sua última partida com a jaqueta curzmaltina em 16 de janeiro daquele 1960, no amistoso em que a Turma da Colina goleara o Atlético-MG, por 6 x 3, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Marcara dois gols, aos 9 e aos 50 minutos – Delém, aos 16, aos 46 e aos 49, além de Cabrita, aos 77 minutos, fizeram os demais – e fora substituído, no segundo tempo.
O último Almir vascaíno entrou nesta formação escalada pelo treinador Dorival Knipel, o Yustrich: Barbosa (Ita); Paulinho de Almeida, Bellini (Viana), Orlando Peçanha e Coronel; Barbosinha e Roberto Pinto (Waldemar); Teotônio (Wanderley), Almir (Cabrita), Delém e Roberto Peniche (Dominguinhos) – Ernani, aos 36 do 1º e aos  88, e William, aos 27 minutos, marcaram para o “Galo”. 

                         DO OUTRO LADO DO BALCAO

O que Almir não desejava, aconteceu na noite da terça-feira 5 de abril de 1960, no Pacaembu. Ele estreou como corintiano diante do Vasco, e abriu o placar, aos 6 minutos, para a partida terminar  em “Timão” 3 x 0. A renda? Cr$ 1 milhão, 76 mil e 900 cruzeiros, quase igual à de 11 dias depois, no mesmo estádio, quando o placar ficou no 1 x 1 e as bilheterias da casa arrecadaram Cr$ 1 milhão, 75 mil e 900 cruzeiros. 

Com Orlando e Gilmar
O primeiro Vasco contra Almir foi escalado pelo técnico argentino Filpo Nuñes com: Miguel; Paulinho de Almeida (Dario) e Bellini; Écio (Russo), Orlando (Barbosinha) e Coronel; Sabará, Pinga (Pacoti), Teotônio, Roberto Pinto (Valdemar)  e Roberto Peniche. A nova turma do “Pernambuquinho”, treinada por Alfredo Ramos,  era: Gilmar (Cabeção); Egídio, Olavo (Marcos) e Ari Clemente; Benedito (Sidnei) e Oreco; Lanzoninho, Almir (Luizinho), Higino (Bataglia), Rafael e Evanir.   
 No jogo oficial, pelo Rio-São Paulo, Almir não encarou o Vasco, Que teve seu tento marcado por Delém, igualando o placar, aos 56 minutos. O time armado, pelo mesmo Filpo Nuñes, teve: Barbosa; Paulinho de Almeida, Bellini e Coronel; Écio e Orlando Peçanha; Sabará, Roberto Pinto, Delém, Pinga e Roberto Peniche. 
 
                                            MARCADO
 
 Capa do Nº 30 da Revista do Esporte de 3 de outubro de 1959, Almir começou a ficar marcado pelas torcidas adversárias do Vasco, devido as confusões em que se envolvia. A pior delas rolou, em 9 de agosto daquele 59, pelo Campeanto Carioca, quando ele disputou um lance e deixou o lateral-esquerdo Hélio, do América, com uma das pernas fraturadas. Xingado pela torcida americana, Almir jurou à “RE” que não tivera a intenção de encerar a carreira do colega de profosissão. “Nunca...tive o espírito de carrasco”, garantiu. Disse mais:” Os gritos de ‘assassino’ que me dirigiram...foram como...setas me perfurando todo o corpo”.

Suspenso, pelo Tribunal de Justiça da Federação Carioca de Futebol, o Pernambuquinho – seu apelido – viu no castigo até uma ajuda. Segundo avaliou, poderia não render mais nada para o ataque vascaíno, caso saísse impune do acontecido, devido a tensão que passara a viver. Para ele, os que o atacaram poderiam raciocinar melhor e concluir que, sendo tão jovem, ele não poderia seria burro ao ponto de liquidar a sua carreira em apenas um jogo.  Almir disse, ainda, à revista que o lateral Hélio era um dos seus “melhores amigos” no time do América e que vinha rezando pelo seu restabelecimento, pois não compreendia aquele “incidente”.  E prometeu mostrar a sua classe, “sem precisar usar da deslealdade, já que todos me julgam um carrasco, coisa que nunca fui”, garantiu.
Nesse jogo em que Almir virou “bandidão”, o Vasco caiu,  por 1 x 3, diante de 59.317 pagantes, e ele marcou o chamado “gol de honra” cruzmaltino. O juiz Cláudio Magalhães  e a Turma da Colina do dia era dirigida pelo treiandor Francisco de Sousa Ferreira, o Gradim, que escalou: Barbosa, Paulinho de Almeida, Bellini e Orlando; Écio e Coronel; Sabará, Almir, Roberto Pinto, Rubens e Pinga.  
 
                                                            O CARA
 
 Almir era visto como um jogador encrenqueiro. Muitos cobravam do treinador Gradim (Francisco de Souza Ferreira) dar um jeito no seu pupilo. Mas o comandante do time vascaíno discordava de quem via um moleque em lugar de um homem. E dizia não admitir brincar coma personalidade de seus atletas. Preferia um Almir bravo,  valente, “que entra no fogo com o maior desprendimento, só cuidando do Vasco”, do que um Almir apático, sem vontade de lutar e sem alma, como falou à revista “Manchete Esportiva” de Nº 126, de 19de abril de 1958.
 Gradim via Almir como um jogador que precedia, em campo, como homem que não aceitava, impassível, um insulto, uma agressão. E apontava-lhe uma grande virtude: não ser mascarado (termo da época para pessoa antipática). Acreditava que o pernambucano, quando tivesse mais experiência, poderia ser tão grande o quanto fora o Leônidas da Silva do Campeonato Sul-Americano de 1932. 

                                                      VELHAS HISTÓRIAS

1 - O Vasco da Gama foi ao Uruguai, em 11 de janeiro de 1958, vencer o Nacional, por 2 x 1, em Montevidéu. A partida rolou no Estádio Centenário e teve os gols cruzmaltinos marcados por Rubens, cobrando falta sobre Vavá, aos quatro minutos.
Os anfitriões empataram, em lance de interpretação duvidosa, mas Vavá recolocou a rapaziada na frente do placar, aos 15 minutos. Aos 38, quando o juiz anulou um gol legitimo, de Almir, rolou o maior rebu no gramado. Chegou a paralisar a partida, por cinco minutos.
Na foto, reproduzida do Nº 113 da "Manchete Esportiva" de 18 de janeiro, vemos o "'Pernambuquinho" Almir  dizendo ao adversário que não aceitava "patriotadas".
  


2 - Esta não foi uma tragédia no placar. Acontece durante o clássico Vasco 4 x 2 Botafogo, pelo Torneio Rio-São Paulo de 1958, quando o caneco foi, tão brilhantemente na bola, incontestavelmente, carregado para São Januário.  
Almir saiu na porrada, com torcedor, e foi expulso de campo
Nos minutos iniciais do encontro, da quarta-feira 26 de março, o lateral-esquerdo vascaíno, Coronel, chegou em um lance, deslealmente, parecendo querer quebrar Mané Garrincha. Pouco depois, o atacante botafoguense Paulinho Valentim revidou e foi expulso. Quando ia embora, foi insultado pelo meia-atacante cruzmaltino Almir, que saiu do meio do gramado para ir à lateral xingá-lo. Paulinho foi à forra. Logo, surgiu um torcedor alvinegro no gramado, para agredir Almir, que descontou, quando o penetra estava seguro por um policial.
 Coronel bateu e depois foi batido. Deu no que deu
A partir daquele instante, jogadores, cartolas, massgistas, torcedores e policiais transformaram o gamado do Maracanã em uma praça de guerra. De acordo com o Nº 124, de 24 der abril de 1958, da Manchete Esportiva, Vavá, Viana, Orlando, Paulinho de Almeida e Almir foram os principais brigões da Turma da Colina, dos quais apenas o Pernambuquinho foi expulso de campo.
O Vasco não precisava ganhar no braço. Segundo a revista, “ganharia (na bola) de qualquer forma, já que foi muito mais quadro, durante todo o jogo”. No primeiro tempo, abriu 3 x 0 de vantagem, entre os 24 e os 24 minutos, com gols marcados por Almir, Écio e Pinga. Na etapa final, quando o rival diminuiu a contagem, cinco minutos depois Rubens, de pênalti, voltou a restabelecer a diferença. Por fim Quarentinha “deu números finais ao placar”.

A Manchete Esportiva culpou, também, o árbitro Amílcar Ferreira, pelas pancadarias, alegando que ele não soube coibir a violência nos inícios da partida. Perdeu o torcedor, que gastou Cr$ 1.005.180,00, para sair de casa à noite e ver o feio, quando Vasco e Botafogo tinham tantos craques, como se confere nas suas escalações. VASCO: Hélio; Paulinho e Viana; Écio, orlando e Coronel (Dario); Sabará, Rubens, Vavá, Almir e Pinga. BOTAFOGO: Amaury, Beto, Tomé e Nilton Santos: Servílio e Pampolini; Garrincha  


 
 
 

                                                               VASCO DAS CAPAS

O atacante Almir Morais de Albuquerque começou a ficar marcado pelas torcidas adversárias do Vasco devido as confusões em que se envolvia, dentro dos gramados. A pior delas rolou em 9 de agosto daquele 59, pelo Campeonato Carioca, quando ele disputou um lance do qual o lateral-esquerdo Hélio, do América, saiu com uma das pernas fraturadas. Xingado pela torcida americana, Almir jurou à “RE” que não tivera a intenção de encerar a carreira do colega de profissão. “Nunca...tive o espírito de carrasco”, garantiu. E disse:” Os gritos de ‘assassino’ que me dirigiram, no Marcanã, foram como que setas me perfurando todo o corpo”.
Suspenso, pelo Tribunal de Justiça da Federação Carioca de Futebol, o “Pernambuquinho” – seu apelido – viu no castigo até uma ajuda. Segundo avaliou, poderia não render mais nada para o ataque vascaíno, caso saísse impune do acontecido, devido a tensão que passara a viver. Para ele, os que o atacaram poderiam raciocinar melhor e concluir que, sendo tão jovem, ele não poderia seria burro ao ponto de liquidar a sua carreira em apenas um jogo.
Almir disse, ainda, à "Revista do Esporte de Nº 30, de 3 de outubro de 1959, que o lateral Hélio era um dos seus “melhores amigos” no time do América e que vinha rezando pelo seu restabelecimento, pois não compreendia aquele “incidente”. E prometeu mostrar a sua classe, “sem precisar usar da deslealdade, já que todos me julgam um carrsco, coisa que nunca fui”, garantiu.
Naquele jogo em que Almir virou “bandidão”, o Vasco caiu, por 1 x 3, diante de 59.317 pagantes, e ele marcou o chamado “gol de honra” cruzmaltino. O juiz Cláudio Magalhães e a “Turma da Colina” do dia era dirigida pelo treinador Francisco de Sousa Ferreira, o Gradim, que escalou: Barbosa, Paulinho de Almeida, Bellini e Orlando; Écio e Coronel; Sabará, Almir, Roberto Pinto, Rubens e Pinga.

EDITAR ABAIXO

Almir era visto como um jogador encrenqueiro. Muitos cobravam do treinador Gradim (Francisco de Souza Ferreira) dar um jeito naquele seu pupilo. Mas o comandante do time vascaíno discordava de quem via um moleque em lugar de um homem. E dizia não admitir brincar com a personalidade de seus atletas. Preferia um Almir bravo,  valente, “que entra no fogo com o maior desprendimento, só cuidando do Vasco”, do que um Almir apático, sem vontade de lutar e sem alma, como falou à revista “Manchete Esportiva” de Nº 126,de 19de abril de 1958.
 Gradim via Almir, ainda, como um jogador que precedia, em campo, como homem, que não aceitava, impassível, um insulto, uma agressão. E apontava-lhe uma grande virtude: não ser mascarado (termo da época para pessoa antipática). Acreditava que o pernambucano, quando tivesse mais experiência, poderia ser tão grande o quanto fora o Leônidas da Silva do Campeonato Sul-Americano de 1932.    

O gande  atacante Almir Albuquerque, apelidado por "Pernambuquinho", evidentemente, por ter nascido no estado de Pernambuco, chegou para o Vasco ainda quase menino. Basta conferir nesta foto. A cara não nega.
 'SuperSuperCampeão' carioca e do Torneio Rio-São Paulo-1958, Almir era um atleta valente, brigador (em todos os sentidos), Agradou, rápido, à torcida cruzmaltima. Por causa daquilo, a única revista semanal esportiva brasileira da época, a "Manchete Esportiva" deu-lhe duas páginas para contar a sua história, o que mostrava o interesse da imprensa e da torcida por tudo o que ele vinha mostrando.                                                   
 
 The striker Almir Albuquerquedubbed by "Pernambuquinho" evidently because he nacido in the state of Pernambucocame to Vasco still almost a boy. Just look for the photohis faceBrave athlete, brawler (in all senses), Almir pleasedfast, cruzmaltima the crowdBecause of that, the only Brazilian sports weekly magazine of the era, the "Headline Sports", the business group Adolph Blochgave him two pages to tell your story. A primacy that many players with long walkhad notAlmri was 'SuperSuperCampeão' Rio in 1958 and the Rio-São Paulo TournamentFor manythe greatest team name crdumaltino that season.


Almir tinha veronha na cara ei chorou após a goleada
Vasco e Flamengo disputariam um “Clássico dos Milhões”, absolutamente amistoso, em 15 de dezembro de 1957, pelo Campeonato Carioca. Isso porque, na véspera, Botafogo e Fluminense haviam vencido, respectivamente, Madureira e Bangu, coincidentemente, pelo mesmo placar de 4 x 2, tirando da dupla de rivais as chances de briga pelo título estadual. Sem motivação, os vascaínos foram para o gramado do Maracanã sem nenhum tesão na partida. Estiveram sempre apáticos, não demonstrando nem mesmo o interesse de igualar o placar, que cheu a 0 x 2 para o dversário.  “Se o Flamengo chegou à goleada (4 x 1) foi mais pelas facilidades ... encontradas do que ... pela vontade de encher a caçapa do adversário”, escreveu a revista  Manchete Esportiva.
Neste ponto, entra um detalhe. A semanária, que  considerava Almir Morais de Albuquerque “o jogador mais mal criado do futebol brasileiro”, naquela dia teve de tirar o chapéu para o atacante cruzmaltino. Viu muito espírito de luta no “Pernambuquinho”, enquanto a maioria dos colegas não queria nada com a bola – exceto Bellini e Wilson Moreira, o autor do gol do time. Para completar, publicou uma foto de Almir chorando, envergonhado pela goleada sofrida (ao lado, à esquerda).
Almir podia ser “bandido”, mas tinha amor à camisa 10 que vestia. Cumpria como seu dever de jogar para ganhar, aidna que fosse em uma partida sem moivação. Naquele clássico, o Vasco foi: Carlos Alberto Cavaleiro, Paulinho de Almeida e Bellini; Écio Capovilla, Orlando Peçanha e Coronel; Sabará, Rubens, Wilson Moreira, Almir e Pinga.
     
rifão da zaga cruzmaltina entre, por 11 anos, Ely do Amparo encerrou a carreira defendendo  Sport Club Recife, entre 1955 a 1956. Mesmo de longe, não tirava a cabeça de São Januário. Um dia, assistindo a um jogo dos juvenis do “Leão da Ilha”,  gostou de um ponta-esquerda raçudo e habilidoso. Não perdeu tempo. O indicou ao Vasco da Gama, que mandou buscar o garoto terrível.
Pra início de conversa, o moleque já se dizia um torcedor vascaíno, mesmo sem nunca
ter visto o time carioca jogar. Mas, ouvindo as suas partidas, pelo rádio, queria brilhar como o seu conterrâneo Ademir Marques de Menezes, buscado pelos cruzmaltinos no mesmo Sport. Cheio de personalidade, ele só não queria imitar o ídolo, mas ser ele mesmo, mostrar o seu jogo. Tudo bem! O Vasco topou. No entanto, tirou-lhe da ponta e mandou-lhe para o meio. No time A, a camisa 9 era de outro pernambucano, Edvaldo Izídio Neto, o Vavá. Bom patrício, este apoiou logo o garoto que chegava, e o guri honrou a terra. Em dois jogos pelos juvenis da Colina, marcou quatro gols. Estava aprovado. Rápido, fez um voo direto para o time principal, sem escalas pelos aspirantes.
Assim começa a história cruzmaltina de um dos maiores atacantes do Vasco, na década de 1950. Chamava-se Almir Albuquerque Moraes e viveu entre 28 de outubro de 1937 até 6 de fevereiro de 1973, tendo sido vascaíno dede 1957 a 1960, tempo em que foi  campeão carioca e do Torneio Rio-São Paulo-1958.
Raçudo, impiedoso e sabendo o que fazer com a bola, Almir passou longe dos atacantes trombadores. Sem perder tempo com ele, o Vasco o incluiu na delegação que viajaria à Europa, e ele já foi deixando um gol no único amistoso em que participou, em Moscou. Por aqui, a estreia rolou no clássico de maior rivalidade do futebol carioca, em Vasco 1 x 0 Flamengo, em 8 de maio de 1957, com casa cheia e gol de Pinga. Até então, o ataque vinha sendo Sabará, Livinho, Vavá, Walter Marciano e Pinga. Com ele, o time vencera o Botafogo (3 x 2) e empatara, como Palmeiras (1 x 1), pelo Torneio Rio-São Paulo. Foi então que o treinador Martim Francisco decidiu unir os dois pernambucanos, Vavá e Almir, na partida contra os rubro-negros.
Sem medo dos microfones, Almir não falavas para agradar. Certa vez, quando a revista carioca “Manchete Esportiva (Nº 109, de 21.12.1957) quis saber dele qual fora o treinador responsável pele seu sucesso, bateu forte: “Posso ser antipático, pretensioso, mas ninguém me ensinou o que sei. Ouço e tento aplicar a tática que o treinador pede. Mas aprendi a passar a bola, chutar e cabecear jogando nas peladas de Recife”.
Como todo nordestino, Almir costumava traçar, durante o almoço,  arroz, feijão, bife salada. Não era muito chegado a uma sobremesa, mas capaz de devorar uma lata de goiabada. Foi casado com maia de Lourdes Morais de Albuquerque e teve o filho Almirzinho. Apelido? Chegou a ser chamado de “Pelé Branco”. Temperamental, vivia metido em confusões. Vira e mexe, era expulso de campo. Mas foi um grande vascaíno.

 
 


Um comentário:

  1. Cier Barbosa, um nome que desconhecia. deveria ser mais conhecido pelos vascaínos

    ResponderExcluir