Quando você vê fotos das primeiras décadas do século 20, depara-se com homens usando terno, gravata, chapéu e bengala, quase sempre. Era a “brasucada” vivendo os ares da francesa “Belle Époque”, que ditou moda, entre 1871 e 1914.
Milton Mendes não usa terno e gravata para treinar o time.... |
Pelo Rio de Janeiro, a capital do país, porto de entrada das ideias e modismos europeus, a bossa rolou por volta de 1889, com a chegada de tempos republicanos, e mandou ver, até, e durou até 1922.
A “Belle Époque”, além da moda de estilistas que a realçariam, também (é claro!) a beleza feminina, trouxe muitas (felizmente) e belas novidades tecnológicos, artísticos e fez o homem ir pelos ares (leia-se Alberto Santos Dumont).
A então sociedade patriarcal, machista e preconceituosa, ainda era fortíssima, mas as mulheres conquistavam espaços.
Como se vê, a “Belle Époque” foi pré-modernista, o que significa que o glorioso Clube de Regatas Vasco da Gama não tem um treinador pós-moderno em sua equipe de futebol. Está 95 anos atrasado, comparecendo ao trabalho trajado como naquela época, inexplicavelmente, em um país de clima tropical que não recomenda paletó e gravata durante prélios do ludopédio.
... mas usa nos dias de jogos, demonstrando faltas de espírito de equipe |
Não há fotografias de nenhum treinador vascaíno trajado à beira do gramado, como durante a “Belle Époque”. Um comandante de grupo que não se veste com o uniforme do clube, quando todos os atletas estão trabalhando como mandam os padrões desportivos, demonstra total falta de espírito de equipe. Idiota imitação de treinadores europeus, que convivem com o clima frio.
Quem trouxe esta idiota imitação para o Brasil foi Zezé Moreira, que não ganhou nada de importante, a não ser torneio regional. Pela década-1950, ele acompanhava o jogo, do túnel, elegantemente vestido, quando o seu Fluminense ganhava por 1 x 0, se muito. A partir de 1978, com a TV mostrando o técnico Cesar Menotti todo produzido “a lá europeus”, começaram a surgir “imitadores tupiniquins”.
Durante os anos-1990, após o papelão do futebol brasileiro do Mundial da Itália, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, achava o antigo meio-campista (do Internacional-RS, da Roma-ITA e do São Paulo), Paulo Roberto Falcão tão elegante quanto o alemão Franz Beckenbauer, hábito adquirido (por Falcão, é claro!) em seus tempos de futebol italiano. E o contratou para dirigir o time canarinho.
Falcão foi um extraordinário jogador de bola. Mas, com treinador engravatado, jamais deu certo, em lugar algum. Veja fotos dos treinadores campeões mundiais pelo Brasil –Vicente Feola, Aymoré Moreira, Mário Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Luís Felipe Scolari – e observe que todos estão à beira do gramado usando o uniforme do escrete nacional, exercitando o espírito de equipe. O engravatado Wanderley Luxemburgo, que, também, teve o selecionado nacional sob o comando, só ganhou torneios caseiros, por clubes. Luís Alonso Peres, o santistas Lula; o gremista Waldyr Espinosa; o rubro-negro PC Carpegiani, os são-paulinos Telê Santana e Paulo Autuori e o colorado Abel Braga foram campeões continentais e mundiais interclubes, tabelando na indumentária com a instituição representada.
O engravatado Milton Mendes, com um terno que lembra um “lambe-lambe” (nada contra a extinta profissão), empatou com o Macaé, que havia perdido os cinco jogos pela Taça Guanabara, e com o Flamengo, por conta de um pênalti, escandalosamente, inexistente, aos 47 minutos do segundo tempo. Venceu, por 1 x 0, Madureira e Boa Vista, por absoluto demérito dos oponentes. Foi às semifinais do Estadual ser a alegria do Fluminense, que mandou-lhe 3 x 0. De nada adiantou o engravatado treinador (como os árbitros de futebol dos inícios do futebol no Brasil) tirar o terço do bolso e pedir ao seu Deus para ajuda-lo – e prejudicar o adversário. ele não o ajudou, também, diante do Palmeiras, que mandou-lhe 4 x 0, na estreia vascaína no Brasileirão. Só ajudou nos 2 x 1 sobre meio-time reserva do Bahia, no domingo passado.
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