Entre 1924 e 1927, um capitão do Exército, o gaúcho Luís Carlos
Prestes, liderou 1.500 homens em uma
marcha por várias partes do país e que ficou conhecida por Coluna Prestes. Não
havia uma ideologia política definida, só o discurso de tirar o Brasil de um
sistema político-social semi-feudal, o que o povão analfabeto não sacou muito.
E o papo terminou não fazendo o sucesso que os seus interlocutores esperavam,
após 24 mil quilômetros de rodagem pelos brasis a fora.
Passadas três temporadas, um outro gaúcho,
Getúlio Vargas, encarar o mesmo desafio, mas pela revolução urbana. E partiu para
a derrubada do presidente Washington Luís. Prestes, que havia deposto as armas,
ao atravessar a fronteira com a Bolívia, com uns restantes 600 cavaleiros, foi
convidado a liderar a revolução de 1930, mas recusou. Preferiu virar comunista
e emigrar, em 1931, para Moscou, onde
recebeu o apoio do Politiburo para trazer o comunisto ao Brasil.
Por aquele
tempo, Josef Stalin era o dono do poder entre os comunistas e escolheu 10
camaradas de grosso calibre para acompanhar Prestes em sua entrada clandestina por
aqui. Aos 37 de idade, ele achou que poderia iniciar a revolução bonchevique tupiniqum
pelo Rio Grande do Norte, mas a sua intentona durou pouquissimo, em novembro de
1935, deixando como primerio herói conmunistas nestas terras apenas o tenente
Agildo Barata, que conseguiu dominar um regimento de infantaria do Rio de
Janeiro.
Para Getúlio
Vargas, a bola fora dos comunistas fora ótimo pretexto para ele decretar os
estados de sítio e de guerra. De quebra, entregou a um dos considerados maiores
escroques da história política desse
país, o chefe de Polícia Federal do Rio de Janeiro, capitão Filinto Müller,
totais poderes para dar cabo dos envolvidos na tentativa falha, além de sumir
com a oposição a Getúlio pela União Nacional Libertadora.
Müller, de
inclinação nazista, obteve o apoio da Gestaspo, a temível polícia secreta
de Adolf Hitler, que enviou oficiais ao
Brasil para ajuda-lo a investigar, prender, espancar, torturar e seviciar, até
chegar a Prestes. Uma década antes, ele fora integrante da Coluna Prestes, da
qual desertara, sendo acusado de roubar uma boa grana e de ser traidor.
Müller chegou
até Prestes, em um subúrbio do Rio de Janeiro, ao prender um líder comunista
que não suportou as torturas e o entregou. Covarde, não teve a coragem de
encarar o antigo companheiro preso, só o espreitando pela fresta de uma porta.
E Getúlio o manteve preso por 10 temporadas.
Em abril e
1945, pressionado, Getúlio convocou eleições para uma assembleia nacional
constituinte e libertou Luis Carlos Prestes. E foi então que o inacreditável
aconteceu. Em seu primeiro comício, falando para cerca de 80 mil pessoas, no
estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, Prestes surpreendeu, apoiando o
seu algoz. Disse que a saída de Vargas do poder não contribuiria para a união
nacional. Só daria força aos fascistas e aos reacionários.
Propaganda da Era Vargas |
Prestes ganhou fama pela renhida defesa de sua
ideologia. Esteve senador constituinte, entre 1946 a 1948, mas não apresentou nenhuma
proposta relevante. Liderando uma bancada comunista que tinha mais 14 deputados
– entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella e João Amazonas – ele apoiou a
emenda nº 3 165, do deputado Miguel Couto Filho-RJ, propondo a proibição da entrada no
Brasil de imigrantes japoneses - dá pra sacar?
Titulado por “Cavaleiro da Esperança”, Prestes passou toda a sua vidas só fazendo política. Tanto que não teve tempo na juventude para conhecer mulher, o que só o fez aos 37 de idade. Ao defender quem o encarcerou, por não pensar como ele, parece que saiu da cadeia montado no cavalo da maluquice.
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