O
machismo brasileiro costuma dizer que onde há confusão estará presente a
mulher. E cita o bíblico caso Eva, que foi no papo de uma cobra, enganou Adão e
deu no que deu.
Rolo não menos do que o rolado no paraíso se
deu quando o Tesouro Nacional lançou a prmeira cédula brasileira contendo
ilustração de uma Eva. Meu cháplia, que rolo. O seguinte foi o seguinte: o
ministro da Fazenda, o solteirão Joaquim
Duarte Murtinho (1848-1911), um dos casras mais ricos e influentes da virada do
século 19 para o 20, convcou o jornalista Artur Guarná, de “O Paiz” para
ajuda-lo a achar um belo rosto para estampar a futura cédula de dois mil-réis,
que substituiria a que trazia a efígie de Don Pedro II. Durante
o Império, circularam 23 cédulas encomendadas pelo Tesouro Nacional
ao American Bank Note Company, em Nova York, tendo as
primeiras sido emitidas em 1869.
Convocado para
a sacanagem nacional monetária, Guaraná deu no pé
e achou, no carioca Estúdio Fotográfico Guimarães, a foto de uma jovem
conhecida por Sinhazinha nos círculos literários e jornalistas de São Paulo. A tal
escondia o nome, colaborava com poetas e jornais e foi apresentada ao Murtinho.
Tempinho depois, rumou à Europa, tendo, na austríaca Viena, posado para o
pintor Conrad Kiesel (1846-1921), que fez-lhe vários retratos para a
futura cédula a ser gravada pelo japonês Sukeichi Oyama (1858-1922) e
confeccionada, nos Estados Unidos, pelo American Bank Note Company.
A
partir do trabalho de Kiesel, o “japinha” pegou a que o austríaco nominou por
“Saudade”, mandou ver a sua gravura e chamou-a por “Zella”, em 1893. E a
“gataça” integrou o nono lançamento da “dinheirama brasuca”. Pela primeira fez,
a mulher passou a andar no bolso dos homens brasileiros. E fez rolar um
tremendo rebu na Câmara dos Deputados, durante a sessão de 6 de setembro de
1900.
O
seguinte foi o seguinte: o representante sergipano Fausto Cardoso acusou o
ministro da Fazenda de reproduzir cédula com a figura de uma meretriz
norte-americana. Depois, seria da
Prates, uma das “meré’ mais conhecidas do Rio de Janeiro. A tal, no entanto,
terminou sendo dada por Laurinda Santos Lobo, tida por amante de Murtinho. Até
o mau caráter do Ruy Barbosa quis “aparecer”, dizendo “ser autêntico o ignóbil
corpo de delito" e “não haver nada na efígie daquela mulher que não
nomeasse uma rainha do mundo obsceno”.
Joaquim Murtinho reproduzido do site do Ministério da Fazemda |
Passadas
18 temporadas daquele furdunço, a cabeça que seria da “loba do ministro” pintou
no
reverso da cédula de 100 mil-réis - 11ª emissão -, quando os ministros da Fazenda foram David Campista e Leopoldo de
Bulhões. Enquanto isso, se a Lobo era
mordida do Murtinho, isso eles nunca confessaram.
Mas
o Brasil não fora o primeiro a dar uma mordidinha nela. Antes, como “Zella”, a
gravura fora usada em cédulas de Canadá, Chile e México, entre 1897 e 1898,
pois era comum os impressores usarem a mesma gravura em várias encomendas -
pior para a “loba”, que não faturou direitos de imagem (que ainda não existiam).
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