Vasco

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sábado, 10 de agosto de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO – TELA 1 BRASUCA COPIOU PINTOR FRANCÊS

Pintura de Pedro Américo reproduzida do acervo do
paulistano Museu do Ipiranga - Agradecimento. 
Quando um diplomata brasileiro disse que o Brasil não é um país sério – frase atribuída, erroneamente, ao então presidente francês e general Charles de Gaulle -, num tava zagerano.  Tínhamos dois tremendos exemplos de surrealismos. O primeiro, contado por esta coluna, em  6 de julho deste 2019, sobre o hino nacional,  o outro à sua disposição a partir do paragrafo abaixo. Confira!
Na história das artes plásticas dos brasileiros, a tela Grito do Ipiranga, do paraíba (como diria o presidente Jair Bolsonaro)  Pedro Américo de Figueiredo e Melo – viveu entre 1843 a 1905 -, equivale, em prestígio brasuca, à gloriosa Gioconda, do italiano Leonardo da Vinci, exposta no parisiense Museu do Louvre.
 O quadro do nordestino é um óleo sobre tela, medindo 4m15cm x 7m60cm, pertencente ao paulistano Museu do Ipiranga, tendo o seu criador sido aluno da  Escola de Belas-Artes de Paris e encerrado o trabalho na italiana Florença, em 1888, sob encomenda da Comissão de Construção do Monumento do Ipiranga.
Reproduzida de Wikipedia, a tela Friedland, de Ernest Meissonier, tem a
 parte central muito parecida com a do  "Grito". 
 Para pintar o maior momento da história brasileira até então, Pedro Américo visitou o local onde Dom Pedro I soltou o grito,  conversou com testemunhas oculares da ação e leu tudo o publicado sobre o que ocorrera no 7 de setembro de 1822. 
De acordo com pesquisadores, por razões estéticas, ele pegou um outro quadro e modificou personagens e cenário. Por exemplo, Dom Pedro I não poderia ser retratado com fisionomia de quem enfrentava cólicas provocadas por alimentos estragados e não montava um cavalo. Testemunhas afirmaram ter ele iniciado a viagem em lombo de mula.
Além disso, os soldados vestem traje de gala, criado para os Dragões da Independência, bem depois da proclamação da independência brasileira. Para o paraíba, tela retratando tão grandioso momento não deveria conter uniforme brega. Já o curso do riacho Ipiranga ele o desviou  para facilitar os seus traços, enquanto o carreiro e o carro de bois foi para  retratar a vida naquele local.
Pedro Américo reproduzido de
professortadeupatricio.blogspot.com.br
Por causa desses itens, a pintura número 1 do Brasil foi considerada cópia da tela Friedland, de 1875 e do francês Jan-Louis Ernest Meissonier (1815 a 1891). 
Antes, Pedro Américo fora acusado de plagiar o quadro "Batalha de Montebelo", do italiano Andrea Appiani (1754 a 1817), quando pintou  "A Batalha de Avaí", entre 1872 1877 – está no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Na tela “Grito do Ipiranga”, o futuro Imperador Pedro I aparece cercado por seus oficiais, sobre uma elevação do terreno, e pela soldadesca que desembainha espadas, saudando-o pelo seu gesto libertador. Em Friedland, o imperador francês Napoleão Bonaparte é mostrado no mesmo plano, retratado na vencida batalha de 1807.  

GRITOU PORQUÊ? As cortes portuguesas queriam obrigar Dom Pedro I a voltar para Lisboa. Ele tinha dois caminhos: obedecia ou separava o Brasil de Portugal. No 9 de janeiro de 1822, como príncipe regente, ele mandou a portugada pra onde você pensou e disse que, como era para o bem de todos e felicidade geral dos brasileiros, ficava por aqui.
Dom Pedro I reproduzido de capa da
 revista 'O Cruzeiro'
 Sacaneadas, as cortes portuguesas decidiram sequestra-lo, leva-lo na marra. O Brasil não tinha grana, marinha, exercito, soldados treinados e nem armas suficientes para guerrear contra os portugas. E o pior: as províncias não lhe garantiriam apoio a Pedro I. Estavam divididas quanto a independência. Pedro, então, decidiu ir a São Paulo e a Minas Gerais pedir uma forcinha à rapaziada. O restante da história até as criancinhas sabem. Cartas da princesa Leopoldina e do José Bonifácio de Andrada o aconselhavam a proclamar a mandar mesmo Portugal pra onde você imaginou, e foi o que rolou. E tornou-se um feriado nacional, bela oportunidade para a galera comemorar molhando o pescoço por dentro, com umas loiras  estupidamente geladas e umas boas pingas.
Quanto ao plágio da nossa tela número 1, bem como  do nosso hino, como ninguém reclamou, ficou valendo como um dos melhores dos maus exemplos nacionais. 


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