“Entrem
todos; venham ver o maior espetáculo da terra; venham assistir ao
incrível; o grande mágico; o maior malabarista de todos os tempos; venham
todos conhecer o filho dileto dos deuses; conheçam de perto o famoso, o
insuperável, o grande ‘globe-trotter’ Ipojucan”.
Um meia que tem isso escrito sobre ele, precisa de
quê mais no futebol? Foi assim que o repórter Geraldo Borges, pelo Nº 800 de
“Esporte Ilustrado”, comparou a atuação de Ipojucan, durante a vitória do
Vasco, por 3 x 0, sobre o São Cristóvão, no domingo dia 6 de agosto, pelo
Campeonato Carioca de 1953, quando o homenageado marcou um gol, no casa do
adversário – Pinga e Sabará completaram o placar.
O jornalista ficou tão impressionado com a atuação do
avante, ao ponto de afirmar que “o espetáculo dominical exigia um desses
arengadores, para lhe enaltecer as virtudes”. Arrengador? Sim! O cara que
propagandeia o show na porta do circo, do parque de diversões, etc. Pois
Ipojucan fez o escriba sentir de perto “a arte e a ciência de jogar futebol;
ditar cátedra; ensinar futebol, douto, com toques de autêntica arte
coreográfica”.
“Vitória cômoda do Vasco” foi o título da matéria, com o
subtítulo “Ipojucan foi um espetáculo à parte”. Está na página 13,
acompanhada por quatro fotos clicadas por Alexandre Miranda, uma delas
mostrando o time posado, no qual o craque que fez da bola uma vara mágica
para as suas artes inacabáveis, é a figura central do agachado ataque.
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Ipojucan está no centro do ataque e se destacava, também, pela altura |
Conta o texto que Ipojucan, aos 19 minutos, deixou Pinga
na cara do gol, par abrir o placar. Seis minutos depois, foi a sua vez
de comparecer ao filo, batendo para o alto, da direita, do bico da grande
área. “O couro subiu e, como que tocado por oculta mão, desceu,
repentinamente, no ânulo direito do arco são-cristovense”, escreveu Geraldo
Borges, descrevendo, ainda, que o terceiro tento saiu, aos 28 minutos da
etapa final, quando Pinga lançou e Sabará finalizou.
Ao final da matéria, à página 18, o repórter sugeriu que
Ipojucan fosse proibido de jogar futebol. Para ele, estava com adiantado no
tempo. “Dez anos de adiantamento, no mínimo”.
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Geraldo borges foi um dos grandes esteios da crônica esportiva do rio de janeiro nas décadas de 50/60.era torcedor do botafogo.tinha uma forma peculiar de entrevistar os atletas,procurando saber suas particularidades.trabalhei anos depois ao seu lado quando ele era comentarista da rádio américa.ivan zaki
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