Em 1955, a armação de jogadas do time vascaíno não vinha funcionando. Então, o “Almirante” foi a Santos e tirou o meia Válter Marciano do bico do “Peixe”. Currículo era o que não faltava ao rapaz, para arrumar o setor. Já tinha até vestido até a camisa da Seleção Brasileira.
Assim que Válter começou a mostrar veneno na Colina, o repórter Leunam Leite escreveu na edição Nº 906, da revista “Esporte Ilustrado”, de em 18 de agosto e que o trazia na capa: “... os maiores defeitos do quadro vascaíno nos últimos anos têm residido na pouca eficiência dos encarregados da difícil tarefa de armação da ofensiva e ligação da defesa com o ataque”. Acrescentava que, desde a queda de produção de Maneca e a saída de Danilo, para o Botafogo, a coisa estava feia, com vários ‘players” testados e nenhuma solução. E previa: “Agora, com a aquisição de um ‘scratchman’, possuidor de virtudes de autêntico craque, esperam os torcedores do grêmio da Cruz de Malta que o seu quinteto ofensivo possa apresentar... todo o poderio que a categoria dos seus componentes lhe permite exibir”.
NA MOSCA - Leunan só errou em chamar o Vasco de “grêmio da Cruz de Malta”. Nos elogios a Válber foi em cima. O cara chegou e, aos 23 anos, começou, rápido, a ganhar a torcida do clube. Estreou, em 7 de agosto, nos 3 x 0 diante do Madureira diante do Madureira, na casa do adversário, e, uma semana depois, já balançava a rede, nos 2 x 1 sobre a Portuguesa, em São Januário, dentro de uma formações repetidas pelo técnico Flávio Costa em suas duas primeiras partidas: Vítor Gonzalez, Paulinho e Haroldo; Mirim, Orlando e Dario; Sabará, Valter, Vavá, Pinga e Parodi.
Dali por diante foi uma história que conta 73 gols e os títulos do Campeonato Carioca-1956; do Troféu Teresa Herrera e do Tornei de Paris, ambos de 1957. Neste último, o Vasco colocou na roda o então "melhor do mundo", o espanhol Real Madrid: 4 x 3, com Válter sendo o maior figura em campo, para inveja de Kopa, Puskas, Di Stefano e Gento entre tantos astros. No ano seguinte, estava no Valência.
ÀS MARGENS DO IPIRANGA - Nascido em 15 de setembro de 1935, Válter Marciano de Queirós viveu até 21 de junho de 1961, quando o acidente automobilístico o tragou, na espanhola Valência. Cria do Ypiranga, de São Paulo, ele apareceu como craque defendendo o Santos, a partir de 1953. Em 1954, mostrou veneno pela Seleção Paulista, campeã brasileira do ano. Em 1955. o Vasco foi buscá-lo, para ser o astro do seu time campeão carioca de 1956. Quando Válter estava indo para o futebol espanhol, o Nº 95 de “Manchete Esportiva”, de 14 de setembro de 1957, fez uma contracapa colorida e duas páginas com aquele baixinho, de 1m64cm. E o indagou se sentiria saudades do Vasco. “E como é que não! Velho, Vasco é Vasco”, respondeu ao repórter Ney Bianchi, segundo o qual, o entrevistado “dava driblings de gala“, sendo Marciano de nascença, mas sem nunca teria viajado em um disco voador. A revista o fez vestir-se de toureiro e escalou os fotógrafos Ãngelo Gomes e Fernando Costa para capricharem nos clicks da edição.
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