Vasco

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

VASCO VASCONCELOS, O VASCAÍNO - 32

 Mário Filho acabara de fechar a edição do “Jornal dos Sports” que circularia no dia 12 de dezembro de 1949, quando lhe ocorreu-lhe telefonar ao ex-almirante Vasco Vasconcelos, pedindo-lhe uma análise sobre a campanha que levara o Vasco ao título carioca da temporada. Ao final da tarde do dia seguinte, recebeu a visita do velho amigo, levando o seu comentário.
Mário Filho, cujo jornal exaltara a campanha vascaína, carregando taça a sete pontos de frente do segundo colocado, não acreditou no que leu. Estava no papel, em suas mãos:

“Eu daria mais valor a este título vascaíno, sinceramente, se todos os jogos tivessem terminado com goleadas e sem pelotas ultrapassando as nossas cidadelas. Porquê? Vejamos:

1 – Diante do Canto do Rio, embora o Vasco tivesse mandado 6 x 0, o adversário teve um contendor chamado Canelinha, que esquecia da bola e só dava caneladas. Sem falar de um tal de Carango, que parecia não ter gasolina. Não saía do lugar.

2 – Passamos apertados, pelo Bonsucesso, por 2 x 1, no primeiro turno. Com Cola no ataque, o time deles ficou colado na gente. E no placar.

3 -  Enganchamos no Bangu: 2 x 2. Porque descemos do trono e tiramos o chapéu para Princesa, o goleiro deles.

4 -  Poderíamos ter mandado uma goleada maior sobre o Fluminense. Mas, nos 5 x 3,  a rapaziada parou, Colocou  sapato alto e foi  dançar, com o tricolor Pé de Valsa.  Veio o Olaria, velho freguês, e paramos nos 3 x 0. O time deles tinha o Sorriso, e nós o fizemos cara de pouco choro.

5 – Empatamos, por 2 x 2, também, como Botafogo. Rezamos pouco, diante de um time que tinha Gerson dos Santos e Nílton Santos. Era muito santo, para pouca reza. Sem falar que o goleiro deles era o Osvaldo Baliza. Uma baliza na frente da outra não está nas regras.

6 -  Metemos 4 x 1 no São Cristóvão, sem o juiz roubar pra gente. Bem que o adversário tentou, escalando Rato pela sua meia-esquerda.

7 -  Pelo returno, batemos no Bangu: 4 x 2. Eles tentaram amedrontar, colocando o Mão-de-Onça no gol. Mas o bicho era manso demais..

8 – Veio o Flamengo, e mandamos 2 x 1. Não vi grande vantagens nisso, não. Afinal, a ala esquerda do ataque deles tinha o Lero, que ficava no lero-lero, com o Esquerdinha, que não tinha a perna direita.

9 – Na goleada, por 4 x 0, pra cima do Canto do Rio, pelo returno, o goleiro deles era o Pernambuco, pau-de-arara, fugido da seca.

10 -  O Madureira, contando com Marujo no comando do ataque, nos afogou: 3 x 1.   

11 – Por fim, nos 5 x 2 sobre o Olaria, eles escalaram o Lamparina, que não acendeu. Jogaram no escuro.

Mário Filho murmurou, após terminar de ler o artigo do ex-almirante: ‘Endoidou!”. Mesmo assim, o publicou. Não havia previsto nenhuma matéria, ou anúncio, para o local, no caso de o convidado não mandar o texto encomendado. No dia seguinte, choveram cartas em sua mesas, pedindo novos artigos de Vasco Vasconcelos, o vascaíno. Será que ele escreveu?   

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