“O Vasco da Gama é um cube que é tudo, e não é nada”, dizia o ex-almirante Vasco Vasconcelos, o vascaíno mais apaixonado do planeta. Quiçá, da galáxia. De parte, sem entender patavinas do que escutava, estava o “photographo” Gervásio Batista, que fora a São Januário a fim de fazer umas fotos, para uma reportagem senciacional, sobre o seu conterrâneo baiano Manoel Alves Marinho, o Maneca, autor de cinco gols, em Vasco 14 x 1 Canto do Rio.
Meio embasbacado, pelo que ouvira, evidentemente, Gervário pegou um contonete, enfiou nos dois oritimbós, pra sentir se eles estavam bem sintonizados, ou devidamente entupidos. Ao perceber que rolava tudo bem, pediu esclarecimentos ao ex-almirante Vasco Vasconcelos, comandante de esquadras de um país que não tinha nem mar. E ouviu: “Meu caro ‘photographo’. Antes de mais nada, se Sabará exige que escreva-se o seu verdadeiro nome, Onophre, com ‘ph’, logo, dou-lhe o mesmo direito ‘letral’, de ser “photographo”. Segundo: o seguinte é o seguinte...”
Por ali, pressentindo que o ex-almirante preparava-se para dar-lhe uma enrolada, Gervársio interceptou o lance e exigiu-lhe bola na marca do pênalti. E chegou o Vasco na parede, obrigando-o a confessar o crime. “O que quero dizer é que o Vasco é alvinegro. Tanto que já foi convidado a disputar um torneio chamado de "Semana Alvinegra", contra os alvinegros Santos e Corinthians. E é tricolor porque, além do preto e do branco do seu fardamento, tem a Cruz de Cristo, em vermelho, na caravela do seu escudo. Sem falar que a turma chama a Cruz de Cristo de Cruz de Malta. Logo, o Vasco é e não é. Sacou, meu cháplia?”
Olhando para a cara de Vasco Vasconcelos e fazendo cara de carrapato, Gervásio sacou: “Saquei nada, não! Se o Vasco tem três tons em seu uniforme e não faz parte da família dessas cores, só falta você dizer que o Vasco é um time capixaba, e não é”.
Vasco Vasconcelos rebateu, com categoria: “Pois posso lhe afirmar que é e não é. O Vasco se chama Vasco porquê? Por causa de um Vasco. E qual foi o primeiro Vasco a mandar aqui no Brasil? O Vasco Fernandes Coutinho que, em 1534, recebeu, de Dom João III, com donatário, a 11ª capitania hereditária destas plagas, o Espírito Santo. Logo, Vasco no Espírito Santo é o quê? Capixaba! Mas, como o Vasco nasceu no Rio de Janeiro, é carioca. Logo! o Vasco é e deixa de é!”
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