O
Brasil só conviveu por cinco temporadas com um Rei, Dom João VI, o
português segundo filho de Pedro III,
irmão do primogênito José e marido de Carlota Joaquina, filha de Carlos IV, da
Espanha. Quando o Zé “bateu as botas”,
ele tornou-se regente de Portugal, porque a mãe Maria I era uma “doida
varrida”. Estava-se em 1792.
Tempinho
depois, Napoleão, sujeito bom na parte de invasões territoriais, decidiu mudar o mapa de Portugal, em 1807. Dom João
pegou os seus trapos e se mandou para o Brasil, colônia que elevou a reino. Mas
só ficou rei em 1816, quando a maluquete da Maria I levou a sua loucura pra
PQP. Passados cinco anos, João voltou para Portugal e foi colocado sob cabresto
por movimento constitucionalista que ao fez de monarca limitado. Em 1823, no
entanto, ele retomou os seus poderes. Passado mas um tempinho, seu filho Miguel
tentou tirar-lhe o mando e entrega-lo a Carlota Joaquina, que o corneava muito no calor dos trópicos brasileiros. Em
1825, reconheceu a independência do Brasil, um rolo negociado pelos ingleses. E
chega da bichona do Don João – também era. Vamos tratar de reis brasileiros.
O
mais querido da “patota real” brasileira
é o Rei Momo, um sujeito gordo, bonachão e animado. Pinta pelo Carnaval, mas o
seu passaporte para a folia não é muito brasileiro, não. Foi tirado na mitologia grega, no departamento do
sarcasmo e da ironia. Adentrou à pilantragem nacional, em 1930, pelo “carná”
carioca, é claro.
E,
já que o Carnaval é à base de muita batucada e música, neste lance, o
brasileiro já criou vários reis. Por sinal, um deles com o sangue português do
nosso único rei (Don João VI) de verdade. Chamava-se Francisco de Morais Alves,
filho de dois “portugas”, mas nascido no Rio de Janeiro, em 19 de agosto de
1898, dois dias antes do nascimento do Club de Regatas Vasco da Gama. Foi o “Rei da Voz” e viveu até 1952, quando o
“Expresso das Vitória” também saiu dos trilhos.
Assim
como recebeu o trabalhador estrangeiro que substituiu o braço escravo na
economia brasileira dos primeiros tempos republicanos, o Brasil deixou entrar
também todos os ritmos musicais que por aqui se anunciavam. É claro que o samba
jamais saiu do coração e mentes brasileiras, desde 1916, quando nasceu. E ele
tem sempre conviveu bem mambos, boleros, rumbas, chorinhos, o carvalho. Então!
Veio a década-1960, e um novo rei chegou à música brasileira, Roberto Carlos
Braga, que mandou as rádios arquivarem, por um bom tempo, ritmos que não
agradavam a juventude verde-e-amarela, que queria sacudir o esqueleto. E, na
onda dos ingleses The Beatles, o capixaba Roberto Carlos tornou-se “Rei do
Iê-iê-Iê”. E fiquemos por aqui, porque, em cada tempo de uma nova onda, tem-se
vários “monarcas”, como o rei do ziriguidum; da cocada preta; do milho; do arroz; soja, enfim, uma longa dinastia.
Se carnavalescos e a música criaram os seus
reis, porque o futebol, também, não teria os seus? Assunto para o “Rei Pelé”, o
atleta que maravilhou o mundo com a bola nos pés. Em reverência à sua arte,
torcedores chegaram a expulsar um árbitro de campo e governos pararam guerra para vê-lo rolar a "Maricota". De sua parte, o atacante Mário Sérgio Pontes
de Paiva, quando defendia o São Paulo Futebol Clube, certa vez, pegou o seu
revólver e disparou tiros para o alto, a fim de afugentar torcedores adversários que não o
deixavam dormir, em hotel. Imediatamente, a imprensa paulista o coroou “Rei do Gatilho”.
Pois é! A lista de reis brasileiros é imensa. Aliás, um que deveria fazer parte dela e não
faz e o intrépidol Sebastião Rodrigues Maia, que trouxe a norte-americana “soul
music” para cá. Fez muito sucesso com ela. “Reio do Soul!” Porque
não? O glorioso Bastião , isto é, Tim
Maia, por sinal, mandou ver com o sucessasso “Dia de Santos Reis”, alusão a uma
tradição católica celebrada nos 6 dos janeiros, aludindo aos três Reis Magos –
Baltazer, Gaspar e Melchior – que levaram presentes para recém nascido Jesus
Cristo.
O Dia de Reis
surgiu em Portugal e desembarcou por aqui na
mochila dos colonizadores. Assim como Tim Maia, o Brasil poderia ter um outro “rei
torto”. Mas este jogou a sua coroa na lama. Poderia ter sido o Don Luís da Silva
I. Já ouviu falar dele? Não? Frequenta um lava jato, ali na esquina.
Bom dia, sr. Kike! Ótimas considerações em seu editorial. Ficou criativo e incrementado. Peço um favor: entregue ao "mítico" vô da internet brasileira, o Joaquin Teixeira, os seguintes tweets. Eu os coleciono e, como a antiga conta foi tirada do ar, ele pode achar interessante repostá-los. Grato.
ResponderExcluir- ASSANDO UM CHURRASCO OPRESSOR, BEBENDO UMA CERVEJA AUTORITÁRIA, FUMANDO UM CIGARRO FASCISTA E OUVINDO UMA MÚSICA GOLPISTA. E VOCÊS?
- 3 PASSOS PARA SE TORNAR UM 'INTELECTUAL' NO BRASIL: 1. FUME MACONHA 2. DÊ A BUNDA 3. DEFENDA MARGINAL
- VO NO MEQUIDONALD'S E DEMORO 38 MINUTOS PRA ESCOLHER MEU SANDUÍCHE SÓ PRA IRRITAR OS JÓVENS.
Att.