Vasco

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

KIKE EDITORIAL-3 - DIA DE REIS

 O Brasil só conviveu por cinco temporadas com um Rei, Dom João VI, o português  segundo filho de Pedro III, irmão do primogênito José e marido de Carlota Joaquina, filha de Carlos IV, da Espanha.  Quando o Zé “bateu as botas”, ele tornou-se regente de Portugal, porque a mãe Maria I era uma “doida varrida”. Estava-se em 1792.
Tempinho depois, Napoleão, sujeito bom na parte de invasões territoriais, decidiu  mudar o mapa de Portugal, em 1807. Dom João pegou os seus trapos e se mandou para o Brasil, colônia que elevou a reino. Mas só ficou rei em 1816, quando a maluquete da Maria I levou a sua loucura pra PQP. Passados cinco anos, João voltou para Portugal e foi colocado sob cabresto por movimento constitucionalista que ao fez de monarca limitado. Em 1823, no entanto, ele retomou os seus poderes. Passado mas um tempinho, seu filho Miguel tentou tirar-lhe o mando e entrega-lo a Carlota Joaquina, que o corneava  muito no calor dos trópicos brasileiros. Em 1825, reconheceu a independência do Brasil, um rolo negociado pelos ingleses. E chega da bichona do Don João – também era. Vamos tratar de reis brasileiros.
O mais querido  da “patota real” brasileira é o Rei Momo, um sujeito gordo, bonachão e animado. Pinta pelo Carnaval, mas o seu passaporte para a folia não é muito brasileiro, não. Foi tirado  na mitologia grega, no departamento do sarcasmo e da ironia. Adentrou à pilantragem nacional, em 1930, pelo “carná” carioca, é claro.  
E, já que o Carnaval é à base de muita batucada e música, neste lance, o brasileiro já criou vários reis. Por sinal, um deles com o sangue português do nosso único rei (Don João VI) de verdade. Chamava-se Francisco de Morais Alves, filho de dois “portugas”, mas nascido no Rio de Janeiro, em 19 de agosto de 1898, dois dias antes do nascimento do Club de Regatas Vasco da Gama. Foi  o “Rei da Voz” e viveu até 1952, quando o “Expresso das Vitória” também saiu dos trilhos.
Assim como recebeu o trabalhador estrangeiro que substituiu o braço escravo na economia brasileira dos primeiros tempos republicanos, o Brasil deixou entrar também todos os ritmos musicais que por aqui se anunciavam. É claro que o samba jamais saiu do coração e mentes brasileiras, desde 1916, quando nasceu. E ele tem sempre conviveu bem mambos, boleros, rumbas, chorinhos, o carvalho. Então! Veio a década-1960, e um novo rei chegou à música brasileira, Roberto Carlos Braga, que mandou as rádios arquivarem, por um bom tempo, ritmos que não agradavam a juventude verde-e-amarela, que queria sacudir o esqueleto. E, na onda dos ingleses The Beatles, o capixaba Roberto Carlos tornou-se “Rei do Iê-iê-Iê”. E fiquemos por aqui, porque, em cada tempo de uma nova onda, tem-se vários “monarcas”, como o rei do ziriguidum; da cocada preta; do milho; do arroz; soja, enfim, uma longa dinastia.
 Se carnavalescos e a música criaram os seus reis, porque o futebol, também, não teria os seus? Assunto para o “Rei Pelé”, o atleta que maravilhou o mundo com a bola nos pés. Em reverência à sua arte, torcedores chegaram a expulsar um árbitro de campo e governos pararam  guerra para vê-lo rolar a "Maricota".  De sua parte, o atacante Mário Sérgio Pontes de Paiva, quando defendia o São Paulo Futebol Clube, certa vez, pegou o seu revólver e disparou tiros para o alto, a fim de afugentar torcedores adversários que não o deixavam dormir, em hotel. Imediatamente, a imprensa paulista o coroou  “Rei do Gatilho”.     
Pois é! A lista de reis brasileiros é imensa. Aliás, um que deveria fazer parte dela e não faz e o intrépidol Sebastião Rodrigues Maia, que trouxe a norte-americana “soul music” para cá. Fez muito sucesso com ela. “Reio do Soul!” Porque não?  O glorioso Bastião , isto é, Tim Maia, por sinal, mandou ver com o sucessasso “Dia de Santos Reis”, alusão a uma tradição católica celebrada nos 6 dos janeiros, aludindo aos três Reis Magos – Baltazer, Gaspar e Melchior – que levaram presentes para recém nascido Jesus Cristo.
 O Dia de Reis  surgiu em Portugal e desembarcou por aqui na mochila dos colonizadores. Assim como Tim Maia, o Brasil poderia ter um outro “rei torto”. Mas este jogou a sua coroa na lama. Poderia ter sido o Don Luís da Silva I. Já ouviu falar dele? Não? Frequenta um lava jato, ali na esquina.

 

Um comentário:

  1. Paramédico Voador - SP8 de janeiro de 2017 às 01:18

    Bom dia, sr. Kike! Ótimas considerações em seu editorial. Ficou criativo e incrementado. Peço um favor: entregue ao "mítico" vô da internet brasileira, o Joaquin Teixeira, os seguintes tweets. Eu os coleciono e, como a antiga conta foi tirada do ar, ele pode achar interessante repostá-los. Grato.

    - ASSANDO UM CHURRASCO OPRESSOR, BEBENDO UMA CERVEJA AUTORITÁRIA, FUMANDO UM CIGARRO FASCISTA E OUVINDO UMA MÚSICA GOLPISTA. E VOCÊS?

    - 3 PASSOS PARA SE TORNAR UM 'INTELECTUAL' NO BRASIL: 1. FUME MACONHA 2. DÊ A BUNDA 3. DEFENDA MARGINAL

    - VO NO MEQUIDONALD'S E DEMORO 38 MINUTOS PRA ESCOLHER MEU SANDUÍCHE SÓ PRA IRRITAR OS JÓVENS.

    Att.

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