KIKE EDITORIAL- ANO
NOVO
O primeiro de janeiro, tradicionalmente, é o
Dia da Confraternização Universal. Será mesmo? Pelo menos, esta prática não
passa muito, coronariamente, pelos “shake hands” de árabes e judeus; russos e
norte-americanos; vascaínos e flamenguistas, bem como de Justiça e políticos
brasileiros. Confere?
O Ano Novo começou a ser comemorado na
Babilônia, há dois mil anos antes de Cristo-AC. De lá para cá, a celebração mudou data e ritos no lado
ocidental do planeta. Os babilônios, por exemplo, o começavam em março, quando
a primavera chegava e eles iniciavam as novas plantações. Era farra de 11 dias.
Que beleza! E o nosso Carnaval é só de três!
Pois bem! O tempo rolou e quando já era o ano
600 AC, os gregos comemoravam o início de sua primavera botando o bloco na rua
e desfilavam exibindo um bebê simbolizando a nova estação do ano. Isso tudo em
honra a Dionísio, o deus deles do vinho e da fertilidade. Claro! Não iriam
perder a oportunidade para uma comemoração literal à base de muitas carraspanas
e pegas amistosos na horizontal. O tempo recomendava.
Chegado a 153 AC, começou a sacanagem dos
políticos. Os senadores da Roma antiga levaram os festejos do Ano Novo
para o primeiro dia do janeiro, que era
o início e o final dos seus mandatos. Decreto carimbado, rotulado. Quem não
gostasse que fosse se queixar ao Papa. Mas, como ainda não havia Papa, o jeito
era deixar rolar. Para felicidade geral dos puxa-sacos legislativos.
E, já que o Senado da antiga Roma achava-se no
direito de mudar as regras dos forrobodós, a Santa Madre Igreja Católica
Apostólica Romana, também, resolveu mexer no regulamento, servindo de exemplo
para os futuros constituintes brasileiros, a começar pelo chefe Don Pedro I,
que convocou e dissolveu a primeira Assembleia. Mas, como vínhamos papeando, o
Papa Sérgio IV (1.109-1.112) mudou o início
do Ano Novo medieval, a partir de 1.100 depois de Cristo-DC, para o 25 de
dezembro, coincidindo com o Natal, isto é, o aniversário de Jesus Cristo – para
a Igreja Católica, é claro, pois a ciência calcula ter o Homem Lá de Cima
nascido em maio.
Passados 482 anos, o lance do Serejão saiu
pela linha de fundo. Lá na esquina lhe esperava o calendário gregoriano, para
avisar que toda a galera católica europeia achava que os romanos faziam a coisa
certa. E o primeiro de janeiro voltou a emplacar “o Happy New Year e o Feliz Año
Nuevo”. Ordem de Gregório XIII.
Como vimos, já são três viradas de mesa para
se definir quando o ano começaria: a dos políticos romanos, em 153 AC; a da
Igreja Católica, em 1.100 DC, e a do
Gregorão, em 1.582. E pareceu que a rapaziada gostou mais do primeiro de
janeiro. Tanto que, em 1.752, já com os tempos modernos ameaçando chegar para
mudar muitas maracutaias dos donos do poder, os Estados Unidos e até os países que
privilegiavam a religião protestante entraram no furdunço.
Nesses
tempos pós-modernos, o primeiro do ano chega sempre de uma forma comum à
terminologia arquitetônica, isto é, pré-moldado. Explode-se o Céu (com fogos de
artifício, é claro!); molha-se o pescoço por dentro (com quentes e frios);
agasalha-se o estômago (com secos e molhados) e sacaneia-se aves e suínos,
mandando-os para o mundo dos ex-vivos. Evidentemente, fazendo escalas pela
língua de muito sujeito linguarudo que passou o ano todo falando mal do Governo,
do chefe no trabalho e da patroa, com quem brigou pelos 365 dias anteriores.
O Kike só acha uma coisa: que a véspera do Ano
Novo deveria ser na antevéspera do Carnaval, em uma quarta-feira. Oficialmente,
seriam sete dias de celebrações. E ainda ficaríamos no prejuízo, tendo em vista
que, na Babilônia, era um time de 24 horas: 11 dias. Portanto, procuremos
um deputado para apresentar o projeto. Não já teve um que apresentou proposta
proibindo a convocação de Pelé para a Seleção Brasileira? E um outro que queria
o lance lateral cobrado com os pés?
Nenhum comentário:
Postar um comentário