Filha
de uma tradicional família mineira que gerou até um vice-presidente da República
– José Maria Alkmin - a garota Neila
veio a este mundo com poderes espirituais que os seus pais, tremendamente
católicos, rejeitavam. Para eles, tudo não passava de coisas de menina de mente
fértil demais.
Mesmo tendo ela sentido, aos três de idade,
que o bisavô, de 90, chegava ao seu final e acertando, aos cinco, a mesma
ocorrência com a avó, os seus pais seguiam rejeitando as sua premonições. A pior
delas aconteceu, em 1958, quando já era casada e “premoniu que um filho, ainda
pequeno, sofreria um acidente automobilístico que o deixaria paralítico, aos 19
de idade. E aconteceu.
As
premonições de Neila Alkmin tornaram-se mais acentuadas depois que um seu avô
arranjou-lhe um casamento com um homem 16 anos mais velho – ficou casada por
sete temporadas e teve três filhos. Diante de tantas visões, decidiu largar o
emprego em um cartório e sentiu-se na obrigação de orientar as pessoas.
Para
Neila, os seus poderes eram um dom que
Deus lhe dera. Este, afirmava, ampliava os seus conhecimentos
extra-sensoriais, permitindo-lhe prever fatos que aconteceriam, as vezes, até
10, ou 20 anos depois, mostrando-os na forma de quadros de um filme
cinematográfico pelo qual Jesus Cristo era o mestre.
Segundo Neila, as suas visões “independiam” de
horários e quando eram muito chocantes abalavam a sua sensibilidade. Quando as
visões fluíam, ela poderia escrever um livro, ininterruptamente. Desde 1953,
ela anotava todas as suas visões, as conferia se viravam realidade e - caso sim
– nem sempre as entendia.
Entre as premonições de Neila Alkmin, a mais famosas
foram a localização de um avião que chocara-se, em 1980, com o Pico do Frade, em Paraty-RJ, quando
todas as buscas haviam sido frustradas e a conquista, pelo Flamengo, do título
de campeão brasileiro-1982. Por estas e outras, o Ministério de Minas e Energia
recorria-lhe muito para apontar onde havia veios de minérios. Os mesmos militares
que pediam-lhe ajuda, impediram a divulgação das suas premonições sobre a saída
do general Golbery do Couto e Silva, do Governo ditatorial, e o infarto do
presidente João Figueiredo.
Neila, que estudou em colégio de freiras, quando
usava a mente para ajudar as pessoas, fazia do seu local de concentração o
porão de sua casa. Só recebia a visita do seu secretário, que tinha de estar
com as mãos absurdamente limpas, pois se tocasse em seus objetos e estas não
estivessem daquele jeito, poderia prejudicar a sua mentalização.
Em Conceição do Rio Verde, ela recebia visita
de amigos e de um filho residente em São Paulo e falava com pessoas, pelo
telefone. Como falou comigo, durante entrevista para a Rádio Nacional de Brasília,
pelo final da década 1980, quando contou acreditar em reencarnação, ser a vida
era feita por individualidades e admitiu que os seus conhecimentos espirituais
teriam passado por ancestrais.
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