Repórter patrocinou Dirceu Lopes sem direito a roubar camisa do craque
Era abril de 1978 e o Governo do DF marcou a inauguração oficial do estádio de futebol de Tagutinga, que já havia tido um jogo entre o Taguatinga Esporte Clube e o Vila Nova, de Goiânia. Como era época de Brasil com governos militares e tudo teria que haver pompa, touxeram, então, o Fluminense para a grande festa, com entrada franquedada ao povão que, evidentemente, lotou a casa que ganhou o nome de Estádio Governador Elmo Serejo, que virou Serejão.
Durante a
semana que antecedeu à inauguração oficial, o presidente do Taguatinga e
torcedor vascaino Justo Magalhães Moraes,
pediu a comerciantes amigos para
patrocinarem a vinda de alguns antigos atletas para reforçarem o time do Águia,
com gente em final, ou que houvesse pendurado as chuteiras há pouquíssio tempo.
Eu, que era seu velho amigo, desde tempos de horário de almoço na Universidade
de Brasilia – ele cursava Matemática -, não escapei do seu ataque. “Você ganha
muito no Jornal de Brasília (eu era repórter), pode ajudar o Taguá”, me chegou
no canto da parede. Então, comprometí-me a ver a possibilidade de patrocinar a
vinda do (para este colunista) maiora craque de futebol que já pintara na face
do planeta, Dirceu Lopes, ex-Cruzeiro. Me lembro que um empresário torcedor do
Fluminense. Também, pagou – não me lembro mais quem - um cachê para trazer o
goleiro Félix, tricmpeão na Copa do Mundo-1970, no México.
A
inauguração oficial foi em uma manhã de feriado, ou de um domingo, pelos finais
de abril, ou inícios de maio de 1978, preciso pesquisar a exatidão no
calendário. Foi dia de tantas festas, que até o candidato a presidente e
torcedor declarado do Flu, João Figueiredo (já estava escolhido pelo general
Ernesto Geisel) compareceu e acertou o palpite o placar: tricolores 4 x 1.
O Fluminense
daquele tempo tinha por treinador o multicampeão Mário Jorge Lobo Zagallo,
ganhador em duas Copas do Mundo como atleta e em uma sendo treinador, além de
vários títulos jogando e treinado América-RJ, Flamengo, Botafogo e Fluminense.
Aqui, em Brasília, ele era amigão do jornalista carioca e botafoguense Jorge
Martins - assessor de imprensa do Tribunal Federal de Recursos e representante
do clube da Estrela Solitária – e combinaram para almoçarem junto depois do
amistoso.
Rolou a pelota e o Flu mandou os 4 x 1 advinhados
pelo futuro presidente Figueiredo. Terminada a pugna, fui ao vestiário do
Taguá entrevistar os astros Félix e
Dirceu Lopes, de quem roubei a camisa 10, com a qual macara o gol do time do
Águia. Depis, fui ao vestiário do Flu entrevistar Robertinho, Kleber e Zagallo.
Lá estava eu entrvistsando o Zagallo, muito alegrão com a camisa do Dirceu,
quando chega o Justo Magalhães, atravessando a entrevista e batendo na marca do
pênalti: “Devolva a camsia que você roubou. O Taguatinga é time pobre. Se vocês
da imprensa roubarem uma camisa em cada jogo, logo, logo, seremos um time de
descamisados”.
O goleiro Félix juntou-se a Dirceu na festa de 'Taguá'
Foi a primeira vez quer ouvi o termo “Time dos Descamisados”, que ficaria famoso, quase uma década depois, falado pelo então presidente da república Fernando Collor. Quanto a mim, que patrocinei a escalação do Dirceu Lopes - com a graninha que eu, sujeito solteiro, ganhava no Jornal de Brasília -, saí de campo como “repórter-ladrão-de-camisa”. E chorei tanto por ter sido um “ladrão-amador” que o Justo Magalhães, com pena do meu choro, prometeu, quando um novo jogo de camisas chegasse, me doar a velha jaqueta 10 com a qual o craque mineiro havia jogado. Até hoje estou esperando.
FOTOS REPRODUZIDA DO JORNAL DE BRASÍLIA
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