Antigamente, mulher no Brasil não
poderia praticar “desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”.
Determinava o artigo 54 do decreto-lei 3.199,
do presidente Getúlio Vargas, assinado no 14 de abril de 1941.
A norma valeu
até 1979, quando ficou para trás o entendimento de que “a ‘natureza
feminina é ser mãe”, pela ideologia do Estado Novo, segundo o qual a mulher deveria
só cuidar da família e gerar os ‘filhos fortes da nação’”.
Como tudo o que é proibido desperta
curiosidade, as mulheres desafiavam proibições. A partir de 1964, quando os
generais-presidentes levaram o Brasil à ditadura, eles patrocinaram uma tremenda pressão
moral e, em 1965, disseram em quais esportes não queriam ver mulher metida
neles - entre outros beisebol, futebol, halterofilismo, polo aquático...., etc, etc
Há sete décadas, quem imaginava ver anúncio de academia desportiva chamando a mulher para treinar boxe? |
Há
notícias de jornais sobre mulheres que foram detidas pela polícia, por desafiarem
a norma, em cidades dos interiores de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas
Gerais e do Rio Grande do Sul.
Esta tal ideologia de parar os
ímpetos desportivos da mulher a ridicularizava e a humilhava. Para isso,
contou-se, muito evidentemente, com o apoio de médicos afinados com o regime. Sustentavam eles que elas não poderiam,
por exemplo, jogar futebol, porque ficariam expostas a cotoveladas no útero e nos seios, correndo o risco da
infertilidade e da incapacidade de amamentação.
Devido tal postura, o esporte mais apreciado
pelo brasileiro atrasou-se tanto no setor feminino que só sete décadas após o país formar a sua primeira
seleção nacional masculina a entidade dirigente da modalidade, a
Confederação Brasileira de Desportos (atual CBFutebol), montou um selecionado
feminino, em 1988, quando as primeiras atletas destacadas foram Pretinha, Sisi
e Michael Jackson, que participaram da Copa do Mundo “experimental” da FIFA,
na China – a primeira oficial foi em 1991
Se a norma de Getúlio Vargas ainda
vigorasse, o Brasil teria deixado de conquistar cinco medalhas de ouro em Jogos
Olímpicos. Vejamos abaixo:
Ingeborg Pfeiffer, em lançamento do dardo, reproduzida de Manchete Esportiva |
1 - Sara Gabrielle Cabral de Menezes, primeira brasileira dourada no judô, nas Olimpíadas de Londres-2012;
2 – Rafaela Silva ouro do peso-leve (até
57kg), nas Olimpíadas do Rio de Janeiro-2016; 3 – meninas do vôlei, em Pequim-2008 (Carol Albuquerque, Fabi Alvim, Fabiana Claudino, Hélia ‘Fofão’, Jaqueline
Carvalho, Mari Stein, Paula Pequeno, Sheilla Castro, Sassá, Thaisa Menezes, Valeskinha Menezes, Walewska Oliveira) e em Londres-2012 (Fabiana Claudino, Dani Lins, Paula Pequeno, Adenízia
Silva, Thaisa Menezes, Fernandinha Ferreira, Jaqueline
Carvalho, Tandara, Natália
Pereira, Sheilla Castro, Fabi e Fernanda Garay); 4 – ouro no vôlei de
praia (Jaqueline Silva e Sandra Pires), em Atlanta-EUA-1996; 5 - ouro na vela,
por Martine Grael e Kahena Kunze, na classe 49ER-FX, em Rio de Janeiro-2016.
Hoje, quando as mulheres praticam o
esporte que desejarem, elas atuam, também, em arbitragens de várias modalidades e
fazem comentários e narração esportiva radiofônica e televisava. Também, são repórteres e editoras no jornalismo esportivo impresso.
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