1 - Enaldo Rodrigues encerrava a
carreira de atleta meio-campista pelo Galícia, lá pelos longínquos 1967/68,
disputando o seu último Campeonato Baiano. De repente, o presidente do clube,
Raul Bulhosa y Bulhosa, resolveu que o cara deveria ser jogador e treinador,
começando a partida no banco dos reservas. Entrava em campo quando as coisas
estivessem complicadas. Bulhosa, que gostava de sentar-se também, no mesmo
banco, chamava o massagista Secundino das Virgens e passava instruções os
jogadores. Enaldo fazia que não via nada. Até que, lá pelas tantas, o homem
gritava:
- Enaldo! Você tem carta branca.
Mas tire Apaná Suvela da zaga e recue o Quinha.
Enaldo seguia sem ouvir nada.
Bulhosa gritava, de novo. Enaldo continuava surdo. De repente, perdendo a
paciência, Bulhosa determinava:
- Enaldo! Entre aí nesse
meio-de-campo, pra ver se você dá um jeito nessa rapaziada. A moçada, hoje, tá
mais molde do que angu - e o treinador Enaldo virva jogador pra cumprir as
ordens do presidente.
Durante um jogo, em Vitória da
Conquista, houve um pênalti a favor do Galícia, faltando poucos minutos para o
final. Sem deixar Enaldo nem fazer o aquecimento, Bulhosa ordenou que ele solicitasse
substituição ao árbitro Clinamute Vieira França, entrasse na pugna e executar a
cobrança, pois o cobrador oficial, o centroavante Ouri, havia desperdiçado
dois, ultimamente. Enaldo obedeceu ao homem, entrou nas quatro linhas e bateu o
penal. Até aí nada que os ouvintes da Rádio Sociedade da Bahia não estivessem
acostumados a ouvir. Só que a bola fez uma tremenda curva e bateu na rede, pelo
lado lateral de fora. Inédito, até então, em qualquer parte do planeta.
- Enaldo! Você tem carta branca.
Não se avexe. Acontece!
Enaldo tinha carta branca pra sentar-se
na ponta, no meio ou até ficar em pé do lado do banco. Só que Bulhosa Y Bulhosa
não havia explicado direito.
2 – Por aqueles gloriosos tempos em
que Raul Bulhosa Y Bulhosa presidia o Galícia – espanhol radicado na Bahia, há
tanto tempo, mesmo assim ele falava Raliça
-, o seu homem de confiança no time era o zagueiro Apaná Suvela. Se jogasse
bem, ele enchia o cara de elogios. Se atuasse mais ou menos, cobrava. Se pisasse
na bola, mandava tirá-lo de campo. Certa vez, Mituca, do Ideal, se Santo Amro
da Purificação, entrou pra rachar em cima de Apaná. Pegou tão bem pegado que
era pra, no mínimo, quebrar a canela em dois pedaços. Mas Apaná Suvela levantou-se,
rápido, e saiu assoviando. Abaixou o meião atingido, beijou dois dedos da mão
direita e tascou-lhe beijos na canela. Que era protegida por capa de pneu. Como
ainda não havia caneleiras por aqueles tempos do futebol baiano, Apaná que, nas
horas vagas, fazia um bico em uma borracharia, inventou a sua tecnologia contra
porradas – cabra bom!
3 – Toninho Baiano, isto é, Antônio
Dias dos Santos, era um touro de tão forte. Residia da Ilha de Itaparica – onde
nascera, em 07.06.1948 -, pegava o ferry boat, pulava fora, em Salvador, e ia,
de bicicleta, até os treinos do São Cristóvão, o Tricolor Mirim da Bahia, time do qual ele, o goleiro Mamoeiro e o centroavante
Ventilador eram os maiores cartazes. Entusiasmado com a bola do glorioso Toninho,
que era chamado na Bahia por Antônio, o cartolão Bulhosa Y Bulhosa o contratou
para o Galícia. Em 1969, o negociou, com o Fluminense-RJ, para o rapaz ser campeão carioca-1971/73/75.
Em 1976, foi para o Flamengo, ser bi estadual-19878/79. Foram 238 jogos, 160
vitórias, 53 empates e 25 gols rubro-negros. Disputou a Copa do Mundo-1978, na
Argentina, e, em 1979, esteve no Al Nasser, de Saudi Arábia. Em 1980, encerrou
a carreira, pelo Bangu. Em 1999, Toninho foi convidado por João Jerônimo de
Moura o centroavante Joãozinho, maior goleador da história dos Campeonatos
Candangos de Futebol, para treinar o time do Brazlândia. Topou e, no dia da sua
estreia, houve um pênalti para o seu time, com placar no 0 x 0, os 40 minutos
do segundo tempo. Toninho gritou:
- Chefe! Bate você.
Joãozinho, reproduzido do álbum do atleta e do almanaquedofutebol brasiliense |
- Sim, chefe! Quem é o chefe aqui? Você, o
presidente do clube. Não tem aquela história do que pênalti ser tão importante e
dever ser batido pelo presidente?
Graças a Toninho Baiano, o matador Joãozinho,
que jogou pela Seleção Brasileira de Novos-1986, junto com Jorginho Amorim e Dunga,
entre outros, é o único presidente de clube a marcar um gol de pênalti em jogos
de atletas profissionais.
4 – João de Deus era treinador do
Taguatinga Esporte Clube, que disputava, com o Canarinho, o título de um
torneio, pelos inícios da década-1980. Para carregar o caneco, o Taguá precisava que o Gama vencesse o Canarinho,
na última rodada. Em difícil situação financeira, o Canarinho, do Seu Manoel, negociava fusão, com Justo Magalhães, presidente do
Taguatinga. A tal fusão rolava bem, até com os dois times já dividindo o mesmo treinador.
Veio a rodada e o Canarinho mandou 2 x 0 Gama, tirando o título do Taguatinga.
Mas não ficou campeão, porque precisar ganhar por três gols de vantagem. Sobrou
pra quem? Pra João de Deus, que foi demitido pelos dois clubes, ao mesmo tempo.
Quem mandou não ser campeão por nenhum dos dois?
5 – Vando, ponta-esquerda (dos
antigos e autênticos) revelado pelo juvenil do Brasília Esporte Clube, foi
negociado com o Vasco da Gama, na década-1980. Durante um treino, da fase em
que era testado para ser lançado no time de cima, ele cobrou um escanteio, pelo
lado direito do gramado, e a bola percorreu todo o espaço do travessão.
Fantástico! Vando assou toda a careira tentando repetir o feito, sem jamais
conseguir. Quando defendia o português Benfica, de Lisboa, em partida contra
time pequeno, ele acertou uma bola em cada trave e uma no travessão. Coisas da
caprichosa Maricota!
PLÁ DO KIKE
Esta Kika é uma tarada. Podes crer! Madrinhou casamento de amiga, no sábado, nas Oropas, e, hoje, mandou estas cinco notas pra La Tanita colocar na kaluna - caso precissasse. Em vez de passear, foi abrir laptop e pesquisar antiga notas lhe passadas pelo chefe aqui do Kike - puxa sako!
Sem problemas: neta semana, ela fará um tour por redações de jornais, revistas e saites parisienses. No mais, mandou dizer pra La Tanita que, antes de voltar, vai cortar os cabelos e chegar por aqui com novo layout.
Tubo bem! O Kike só espera que ela não fique muito diferente e seja preciso comprar uma outra tela da Solange Aparecida, para mudar a vinheta dos Mexericos da Kikinha. Caso sim, vamos botar na conta dela, no seu espetacular salário de estagiária.
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