Vasco

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sábado, 28 de março de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - LIVRO INGLÊS DE 1971 TRAZIA O CLIMA DE CORONAVIRUS

Reprodução da capa do livro
Os escritores ingleses George Orwell - com  “1984” -, e Aldous Huxley - em “A Ilha” -  fizeram sucesso, ficcionando, respectivamente, tempos em que as nossas vidas seriam fiscalizadas por câmeras filmadoras e vivendo em uma sociedade perfeita. Impressionaram muito! Mas vigias eletrônicas demoraram muito mais do que o tempo previsto por Orwell, enquanto a sociedade perfeita sonhada por Huxley ainda estamos à espera.
 Tudo indica que a bola de cristal de outros dois ficcionistas súditos de Sua Majestade - Kit Pedler e Gerry Davis – resplandeceu mais. Em 1972, eles lançaram Mutant 59: The Plastic Eater, contando história assombrante que faz lembrar o que, neste momento, ocorre no planeta Terra, por conta do Covid-19.  Da mesma forma que Orwell e Huxley, as dupla fatal escolheu Londres por centro dos acontecimentos horrorosos.   
  No caso do Coronavirus, ele já era conhecido pelos terráqueos desde 1935, quando foi isolado. Em 1965, ganhou nome pomposo, por parecer uma coroa dentro dos microscópios. Voltou no último dia de 2019, em Wuham, na China, e tornou-se pandemia.
 No livro de Pedler & Davis, um cientista estuda a criação de bactéria capaz de devorar fragmento de plásticos atirado por um dos seus capetinhas na tubulação de canos de sua casa. Segue caminho em que bactérias são preparadas, por várias culturas, por meio de mutação genética com ácido nucléico, e tira  as proteínas da alimentação delas, substituindo-as por materiais com estrutura lembrando cadeias das moléculas de plástico. E as submete a radiaçõs de cobalto.
 O cientista, porém, não leva em conta que o plástico fazia parte de tudo na vida moderna, tomando o lugar de quase todos os materiais usados pelo homem, completamente dependente dele. Esquece que sua matéra isolava fios, ligava tubulações de gás, enfim, sem ele, deixaria de haver, por exemplo,  telefone, rádio, televisão, refrigeração, luz e automóveis – quase tudo, mesmo! 
Quando examinava a 59ª variação de um bacilo levado ao microscópio e conclui que era por ali, o cientista vibra tanto que uma de suas artérias não segura a onda e jorra sangue em seu tecido crebral. Enquanto ele desaba, um tubo com bactérias se quebra pelas beiradas de um pia e um líquido opaco e amarelado desce pelo cano, indo parar nos esgotos de Londres.   
Kit Pedler e Garry Davis reproduzidos  de www.amnoapps.com
 Rola o tempo e chega ao mercado consumidor uma garrafa bio-solúvel, com moléculas similares às que haviam descido pelo esgoto. Pronto! O encontro torna a bactéria poderossíma, capaz de devorar tudo o que contém plástico, inclusive robôs, aviões e até submarinos nuleares. Instala-se o pandemônio em Londres, e o que ocorre é semelhante ao que hoje temos governos fazendo: fechando fronteiras; restringindo deslocamentos de pessoas; recomendando-as ficarem em casa; ditando normas para transportes coletivos e locais públicos - bibliotecas, bares, restaurantes, clubes, cinemas, teatros, enfim, por onde circule gente.
Diante da situação, a polícia passsa a levar pessoas para desinfecções, deixando-as nuas e confiscando as suas roupas.  O caso torna-se tão preocupante que a Rainha, por meio do
Conselho Privado, adota o Estado de Emergência,  como estamos vendo agora, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro partindo para isso.
O livro foi lançado no Brasil, no mesmo 1972, pela Distribuidora Record, com tradução por Áurea Weisenberg. São 247 páginas de muita expectativa, para quem gosta de tragédias. No final, Pedler e Davis exportam o terror para a Planície Conrad, a 300 quilômetros ao norte do Equador de Marte, levado por uma sonda não tripulada – o horroshow não poderia parar.
               

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