Vasco

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sábado, 21 de março de 2020

HISTÓRIAS DO KIKE - CORONEL, O HOMEM DA PATENTE + ALTA DO FUTEBOL BRAZUCA

 Coronel era considerado por Garrincha o seu melhor marcador, mas não o perdoava. “Vocês pode, ver na televisão ele me driblando hoje, ontem, amanhã, me derrubando na ginga. Mas eu lhe dava o troco. Senti que o negocio era não deixa-lo dominar a bola. Então, eu o marcava, com os olhos, tendo de sair para combat|ê-lo, como um foguete. Tinha de interceptar a jogada, contando com a cobertura do quarto-zagueiro Orlando (Peçanha, campeão mundial em 1958). Mas se o Mané pegasse na bola era imarcável. O que eu podia fazer era so dar três passos para trás e assistir”, contava o antigo atleta.

 Natural de Quatis (RJ), Coronel ganhou este apelido porque o seu padrinho, Delio Sampaio, observou que ele era um líder entre os colegas de escola e de peladas. “Como eu morava no interior, me chamavam por Coroné”, lembrava, sendo que a correção gramatical do apelido do garoto surgiu no Vasco da Gama, onde chegou, aos 17 de idade, em 1952 e, logo. se deslumbrou com o futebol de Barbosa, Augusto, Danilo, Maneca, Ademir e muito outros que faziam do time de São Januário um dos melhores do mundo. “Passei por três gerações de jogadores vascaínos. Cheguei juvenil (ainda não havia juniores), subi para o time principal, em 53, e me firmei como titular, em 54, na equipe da geração de Paulinho (de Almeida), Bellini, Orlando, Vavá e Pinga, impulsionado pelo titulo carioca juvenil de 1952”.

 A liderança que demonstrava em campo levou Coronel a capitão da Seleção Carioca que foi campeã brasileira, em 1954. Mas foi 1956 a sua grande temporada. “Terminamos o campeonato com seis pontos a frente do segundo colocado, o Flamengo, e eu joguei todas as partidas. Tínhamos um timaço. Carlos Alberto (Cavalheiro), Paulinho (de Almeida) e Bellini; Laerte, Orlando (Peçanha) e Coronel;  Sabará, Livinho, Vavá, Válter Marciano  e Pinga. Éramos tão fortes que, numa excursão à Europa, em 18 jogos e só caímos em dois, na Rússia, devido o superfrio”, afirmava.

 Por ter participado de conquistas vascaínas importantes, como Torneio de Paris; Taça Tereza Herrera (Espanha), ambos em 1957;  Octogonais do México e do Chile; SuperSuper Campeonato Carioca e Torneio Rio-São Paulo, abos de 1958, Coronel esperava convocação para a Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo da Suécia-1958. Porém, o convocado para a reserva do “unanimidade” Nilton Santos foi Oreco, do Corinthians. Pior foi em 1962. Ele tinha a convocação garantia, mas no ultimo jogo do Torneio Rio-São Paulo sentiu uma distensão muscular e perdeu a vaga para Altair, do Fluminense. Mas vestiu a camisa canarinha, em 1959, durante o Sul-Americano, após Nilton Santos ter se machucado, no primeiro jogo. “Fui o único reserva do “Enciclopédia” a jogar. Fui titular no restante do torneio, atuando ao lado de Garrincha, Didi, Pelé, as feras todas. Fiz 16 jogos  canarinhos, sem perder nenhum”, regozija-se.

 Foi durante um treino para os jogos da Copa Roca (contra os argentinos) que o lateral Coronel viveu um dos seus momentos mais engraçados no futebol. Ele estava no gramado, conversando com repórteres, quando Pele  chegou, parou, bateu continência e brincou. “Coronel, permissão para ficar a vontade”.

 Após nove anos como titular no Vasco, em 1963, Coronel foi para o pernambucano Náutico e ganhou o titulo pernambucano estadual da temporada. Aos 31 de idade, encerrou a carreira, defendendo o Santa Marta, da Colômbia, onde ficou três temporadas.  Depois, passou seis anos como auxiliar-técnico de Mario Travaglini, no Vasco da Gama. Na carreira de treinador, passou por Uberaba-MG, Paysandu-PA, Volta Redonda-RJ, Moto Club-MA, Firpo, de El Salvador, onde foi campeão. Paranavaí-PR, Matsubara-PR e Atlético-PR.

Coronel analisava assim os velhos companheiros vascaínos: Paulinho de Almeida – nasceu com estrela brilhante. Pena não ter sido campeão mundial; Bellini – um grande líder, um grande capitão; Orlando Peçanha – um dos maiores quarto-zagueiros que conheci, tanto que foi capitão do (argentino) Boca Juniors. E dificílimo um brasileiro capitanear time argentino. Não era um grande líder, mas o anjo da guarda da defesa; Brito – era mais jogador, mas não tinha a liderança de Bellini; Lorico – meia que jogava para o time, exclusivamente. Fabuloso nos lançamentos; Saulzinho – Muito técnico, seria o Romário daquele tempo. Baixinho, fazia gols de todos os jeitos; Maranhão - técnico, habilidoso, sabia como ninguém a hora de esfriar o jogo; Vilad|ônega – um baianinho danado, grande jogador; Da Silva – ponta-esquerda veloz, dificílimo de marcar.  Futebol semelhante ao do grande Julinho Botelho. Tinha força e técnica; Tiriça – Outro ponta-esquerda infernal.  Batia escanteio de letra  Era uma espécie de Garrincha pela esquerda. Pena que ele e o Da Silva não foram campeões. Isso e fatal; Ecio – altamente técnico e com uma grande facilidade de comunicação; Sabará – Um dos maiores jogadores que eu conheci. Foi titular do Vasco por 14 temporadas. Estressava Nilton Santos, que não tinha a sua velocidade. Ganhamos vários jogos contra o Botafogo com o moleque aprontando. Ele resolvia em cima do Botafogo, ligando o motor; Ita – goleiro de regular para bom. 

Embora considerasse Garrincha imarcÁvel, Coronel elegeu Tele Santana, do Fluminense, como o jogador mais preocupante que enfrentou. “Nnão guardava posição, me confundia, eu não conseguia acompanha-lo. Garrincha, não. Eu sabia onde ele estava. A questão era só não lhe deixar dominar a bola. Resultado. Em dez anos de confrontos, so o venci duas vezes”, enumerava.

 ESTE TEXTO FOI PUBLICADA PELO JORNAL DE BRASILIA DE 28.07.2004. VIAJOU NO TEMPO E VEIO PARAR NESTA PÁGINA. LINK ABAIXO:

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