Natural de
Quatis (RJ), Coronel ganhou este apelido porque o seu padrinho, Delio Sampaio,
observou que ele era um líder entre os colegas de escola e de peladas. “Como eu
morava no interior, me chamavam por Coroné”, lembrava, sendo que a correção
gramatical do apelido do garoto surgiu no Vasco da Gama, onde chegou, aos 17 de
idade, em 1952 e, logo. se deslumbrou com o futebol de Barbosa, Augusto,
Danilo, Maneca, Ademir e muito outros que faziam do time de São Januário um dos
melhores do mundo. “Passei por três gerações de jogadores vascaínos. Cheguei
juvenil (ainda não havia juniores), subi para o time principal, em 53, e me
firmei como titular, em 54, na equipe da geração de Paulinho (de Almeida),
Bellini, Orlando, Vavá e Pinga, impulsionado pelo titulo carioca juvenil de
1952”.
A liderança
que demonstrava em campo levou Coronel a capitão da Seleção Carioca que foi
campeã brasileira, em 1954. Mas foi 1956 a sua grande temporada. “Terminamos o
campeonato com seis pontos a frente do segundo colocado, o Flamengo, e eu
joguei todas as partidas. Tínhamos um timaço. Carlos Alberto (Cavalheiro),
Paulinho (de Almeida) e Bellini; Laerte, Orlando (Peçanha) e Coronel;
Sabará, Livinho, Vavá, Válter Marciano e Pinga. Éramos tão fortes que,
numa excursão à Europa, em 18 jogos e só caímos em dois, na Rússia, devido o
superfrio”, afirmava.
Por ter
participado de conquistas vascaínas importantes, como Torneio de Paris; Taça
Tereza Herrera (Espanha), ambos em 1957; Octogonais do México e do Chile;
SuperSuper Campeonato Carioca e Torneio Rio-São Paulo, abos de 1958, Coronel
esperava convocação para a Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo da
Suécia-1958. Porém, o convocado para a reserva do “unanimidade” Nilton Santos
foi Oreco, do Corinthians. Pior foi em 1962. Ele tinha a convocação garantia,
mas no ultimo jogo do Torneio Rio-São Paulo sentiu uma distensão muscular e
perdeu a vaga para Altair, do Fluminense. Mas vestiu a camisa canarinha, em
1959, durante o Sul-Americano, após Nilton Santos ter se machucado, no primeiro
jogo. “Fui o único reserva do “Enciclopédia” a jogar. Fui titular no restante
do torneio, atuando ao lado de Garrincha, Didi, Pelé, as feras todas. Fiz 16
jogos canarinhos, sem perder nenhum”, regozija-se.
Foi durante
um treino para os jogos da Copa Roca (contra os argentinos) que o lateral
Coronel viveu um dos seus momentos mais engraçados no futebol. Ele estava no
gramado, conversando com repórteres, quando Pele chegou, parou, bateu
continência e brincou. “Coronel, permissão para ficar a vontade”.
Após nove
anos como titular no Vasco, em 1963, Coronel foi para o pernambucano Náutico e
ganhou o titulo pernambucano estadual da temporada. Aos 31 de idade, encerrou a
carreira, defendendo o Santa Marta, da Colômbia, onde ficou três
temporadas. Depois, passou seis anos como auxiliar-técnico de Mario
Travaglini, no Vasco da Gama. Na carreira de treinador, passou por Uberaba-MG,
Paysandu-PA, Volta Redonda-RJ, Moto Club-MA, Firpo, de El Salvador, onde foi
campeão. Paranavaí-PR, Matsubara-PR e Atlético-PR.
Coronel analisava
assim os velhos companheiros vascaínos: Paulinho de Almeida – nasceu com
estrela brilhante. Pena não ter sido campeão mundial; Bellini – um grande
líder, um grande capitão; Orlando Peçanha – um dos maiores quarto-zagueiros que
conheci, tanto que foi capitão do (argentino) Boca Juniors. E dificílimo um
brasileiro capitanear time argentino. Não era um grande líder, mas o anjo da
guarda da defesa; Brito – era mais jogador, mas não tinha a liderança de
Bellini; Lorico – meia que jogava para o time, exclusivamente. Fabuloso nos
lançamentos; Saulzinho – Muito técnico, seria o Romário daquele tempo.
Baixinho, fazia gols de todos os jeitos; Maranhão - técnico, habilidoso, sabia
como ninguém a hora de esfriar o jogo; Vilad|ônega – um baianinho danado,
grande jogador; Da Silva – ponta-esquerda veloz, dificílimo de marcar.
Futebol semelhante ao do grande Julinho Botelho. Tinha força e técnica; Tiriça
– Outro ponta-esquerda infernal. Batia escanteio de letra Era
uma espécie de Garrincha pela esquerda. Pena que ele e o Da Silva não foram
campeões. Isso e fatal; Ecio – altamente técnico e com uma grande facilidade de
comunicação; Sabará – Um dos maiores jogadores que eu conheci. Foi titular do
Vasco por 14 temporadas. Estressava Nilton Santos, que não tinha a sua
velocidade. Ganhamos vários jogos contra o Botafogo com o moleque aprontando.
Ele resolvia em cima do Botafogo, ligando o motor; Ita – goleiro de regular
para bom.
Embora considerasse
Garrincha imarcÁvel, Coronel elegeu Tele Santana, do Fluminense, como o jogador
mais preocupante que enfrentou. “Nnão guardava posição, me confundia, eu não
conseguia acompanha-lo. Garrincha, não. Eu sabia onde ele estava. A questão era
só não lhe deixar dominar a bola. Resultado. Em dez anos de confrontos, so o
venci duas vezes”, enumerava.
ESTE TEXTO FOI PUBLICADA PELO JORNAL DE BRASILIA DE 28.07.2004. VIAJOU NO TEMPO E VEIO PARAR NESTA PÁGINA. LINK ABAIXO:
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