Maria
Bonita foi uma bandida, ou, simplesmente, uma analfabeta que acompanhava o
seu homem por onde ele andasse, sem se
importar com o que ele fazia? A heroína Anita Garibaldi, que tem estátua em
praça pública, na catarinense Laguna,
teve trajetória assim. Só fez acompanhar Giuseppe Garibaldi, um conenado à forca,
que fugiu da Itália, para toranr-se herói farrapo dos gaúchos que enfrentaram
as forças do império brasaleiro. Por ali, Anita trocou alguns tiros, de longe e
de dentro de uma embarcação, com as tropas legais. Logo, naquele momento, era
uma bandida.
Maria Bonita e Antia Garibaldi são semelhantes
até em outro iten: eram mulheres de sapateiros e abandonaram os seus maridos por
causa de um outro macho. Talvez, mereça muito mais apreço do que elas uma outra
mulher valente, a baiana Maria Quitéria, que também, encarou a luta por uma
ideologia. Mas isso é uma outra história.
Maria Bonita, em foto da Aba Filme, do Ceará, reproduzida da revista 'O Cruzeiro', de 03.10.1953, à página 41 |
Os cangaceiros arruavam companheiros por
raptos, ou oferecimento de pais temorosos. As mulheres que mais marcaram na história
do cangaço foram as parceiras de chefes importantes, entre elas, Sila, de Zé Sereno,
Dadá, de Corisco, e Maria Bonita. Por sinal, a antipatia demonstrada por esta a
Dadá terminou separando de seus dois amázios.
Seguinte: raptada por Corisco, quando tinha 12 anos de idade, em 1928, Sérgia
Ribiero da Silva, nascida na pernambucana Belém do São Francisco ( 25.04.1915),
era a mais valente e corajosa das cangaceira. Seu nome era mais respeitado e temido do que o de muitos bandoleiros,
que invejavam Corisco, por vê-la a mulher ideal para um cangaceiro. Era por aí
que Maria Bonita se invocava. Não gostava do prestígio de Dadá, sua comadre. Ainda
mais quando Lampião a elogiava, razão das indiretas que Dadá ouvia, sem
responder, a pedido de Corisco.
Maria Bonita, como todas as mulheres de
cangaceiros, não usava calça comprida. Era proibido. Trajava-se com saias
abaixo dos joelhos, feitas de mesclas, blusa de mangas compridas, meias,
perneiras de couro e sapatos ou alpercatas do mesmo material. Normalmente,
dispunha de um chapéu de feltro. No pescoço, carregava lenço e adornos
religiosos, bem como medalhas e correntinhas de ouro. Os cabelos eram em forma
de cocó ou trança. Cabelo curto, para ela, era uma imoralidade. Vaidosa, usava
perfume à vontade.
Morador em Santa Brígida, no interior da
Bahia, Maria Bonita era casada com o sapateiro Zé de Nenén, quando o abandonou
para seguir Lampião. No meio do grupo, era tratada por Dona Maria, ou Maria do
Capitão. Jamais por Maria Bonita. Durante os tiroteios do seu bando com a polícia,
saiu ferida em em duas oportunidades. Quando da emboscada que matou Lampião, em
28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, foi degolada pela volante comandada
por João Bezerra.
A história de Dadá (com Corisco) virou filme, de Rosemberg Cariry, lançado em 1996. |
Dentre as lendas que correm sobre Maria Bonita,
contam que a canção “Mulher Rendeira” fora bolada para ela, por Lampião. Há, também,
quem atribua os versos ao cangaceiro Asa Banca. Lendas. Primeriamente, Lampião
jamais mexeu com isso. Segundo, houve dois Asa Branca, um chamado Cícero Costa,
que tinha seu próprio bando, mas participou de vários de ataques de Lampião, e
o outro, Antônio Luís Tavares, que passou quatro anos com o “capitão”, até ser
preso, em 1927.
Na
verdade, o autor de “Mulher Rendeira” foi um músico da paraibana Cajazeiras, conhecido
por Zé do Norte – Alfredo Ricardo do Nascimeno, que a lançou emn 1953, pelo
filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, cantada pela atriz Vanja Orico, com coro
do grupo “Demônio da Garoa”. Na época, Maria Bonita já não existia, há 15 anos
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