Uma
das instituições mais sublimes da cidade do Rio de Janeiro é o Museu de Arte
Moderna- MAMM, pelo que exibe e a sua história de luta muito dura para nascer.
Por sinal, não nasceu da barriga de uma mulher, mas da cabeça de uma delas,
portadora de visão futurista.
Na verdade, a primeira gota de esperma a cair
no útero gerador da casa partiu de Raymundo de Castro Maya, apoiado por vários
mecenas das artes. A proposta, porém, não entusiasmava e o menino não crescia. Até aparecer,
em 1951, Niomar Moniz Sodré, a verdadeira mãe da questão.
Provisoriamente, o museu funcionou emparedado
entre pilotos do prédio do Ministério da Educação. Incansável, Niomar
impressionava o seu companheiro de lutas Santiago Dantas – foi deputado
federal, chanceler, ministro da Fazenda e único intelectual das esquerdas
brasileiras das décadas-1950/1960 - pela capacidade de sonhar. Em 1953, ela
exibia o documento de posse do terreno e, em 1954, o presidente da República,
Café Filho, batia a primeira estaca do sonho.
Até chegar ali Niomar fez deus e o diabo se
digladiaram muito. A Igreja Católica considerava-se dono do terreno,
obrigando-a passar quatro meses lutando contra o bispo-auxiliar do Rio de
Janeiro, Don Hélder Câmara, para levantar a casa. Quem diria? Pois foi! A
primavera de 1954 rolava e o MAM era excomungado por todos os santos, que não o
queriam fazendo parte da vista da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Mulher como Beatriz está muito difícil de encontrar, atualmente. |
O tempo foi passando e o MAM não tinha grana
para pagar as suas contas. O jeito foi Niomar e a sua patota bater às portas do
Congresso Nacional e da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pedindo uma
esmolinha. Até conseguiu-se alguns trocados, mas o caminho mesmo pra valer seria
“assaltar” a boa vontade de banqueiros, comerciantes fortes e industriais – ou
o museu desabaria. Houve momentos em que rolou até apelar-se para os “papagaios”.
Afinal, o MAM era da terra do Maracanã, das aves psitaciforme,
da família Psittacidae, também conhecidas, mulata-maracanã e papagaio-de-cara-branca.
Antes do MAM, havia
artistas brasileiros que diziam até passar fome. Nem recomendação de famosos jornalistas
críticos de arte motivava compradores. Era difícil vender telas de Emílio
Goeldi, de Alberto Guignar, só para citar dois extraordinários artistas.
Cândido Portinari temia participar de exposição e ver oferecimento de “preço de
banana” por um quadro dele. Momento horror-show!
Inaugurado o MAM, em janeiro de 1958, as coisas
mudaram. Os grandes e, indiscutivelmente, talentosos artistas da moderna
pintura brasileira passaram a ser mais conhecidos, pela divulgação da imprensa
e, por conseguinte, venderem mais. Não era mais preciso, por exemplo, Djanira
pendurar-se ao telefone e passar o dia cobrando de quem comprara e não lhe
pagara.
Graças ao empenho de Niomar, principalmente, Manabu
Mabe, Di Cavalcanti, Antônio Bandeira, Tanaka e muitos outros viram novos
horizontes. Compradores de arte já
subiam ao bondinho de Santa Teresa e iam
ao atelier de Djaira. Que legal!
FOTO REPRODUZIDA DA REVISTA MANCHETE
Nenhum comentário:
Postar um comentário