Vasco

Vasco

sábado, 1 de fevereiro de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - MOLEQUE DE RUA TIROU FUSCÃO PRETO DA GARAGEM

LP lançado após estouro do compacto Fuscão Preto
 Lançado, no Brasil, em 3 de janeiro de 1959, o besouro da Wolkswagen ganhou, por aqui, o apelido de Fusca. Em 1970, passou por grande transformação e ficou com 1.500 cilindradas, a pelo segundo semestre, com 52 cavalos-vapor de potência. Incluiu-se uma barra compensadora, no eixo traseiro, para dar-lhe maior estabilidade, e o capô do motor teve aberturas pra melhorar a ventilação. Vieram, também, novas lanternas, cintos de segurança e, opcionalmente, freios a disco na dianteira.
Por aquela época, Almir Rogério era mais um cantor que tentava acontecer na linha das baladas românticas, mais um concorrente de Agnaldo Timóteo. Mas não deu pra encarar. O sucesso não pintou.
 Por aqui entra aquela história do sacomé, né? Almir estava em Brasilia e, andando pelas ruas da capita federal, ouviu um moleque cantando algo que achou interessante. A melodia tomou conta de sua cuca e ele decidiu grava-la.
Motoqueiro aprendeu as sacanagens
do dono do Fuscão preto
 Era outubro de 1981 e Almir Rogério, cidadão registrado e batizado por Nestor de Medeiro, nascido em Bragança Paulista (12.07.1952), estourou nas paradas de 1982. Antes, Fuscão Preto, composto por Jeca Mineiro e Astílio Versutti, não engrenava nenhuma marcha, com quatro temporadas na estrada. Mas com Almir engatou. Em ritmo de batidão, sacudiu legal os garimpeiros da então coqueluche Serra Pelada, tornou-a a mais pedida das rádios interioranas e  passou até a ser tocada nas vitrolas das boates da onda do Sul do país.
 O rapaz de Bragança Paulista vendeu 1,5 milhão de discos, passou 43 semanas nas paradas de sucesso do Rio de Janeiro e de São Paulo e motivou a gravação de 39 versões do hit car, lançado, em 33 rotações, por compacto simples de vinil, com uma música de cada lado. Botou no bolso o então maior sucesso da música sertaneja, O Menino da Porteira, lançado por Sérgio Reis, em 1973.    
Fez sucesso e foi com Xuxa ao cinema
 A letra de Fuscao Preto contava uma xifrada motorizada, da mulher que trocava o marido pelo dono de um besouro negro da Wolks. Aos 32 de idade, Almir Rogério passou a cobrar Cr$ 400 mil cruzeiros (dinheiraço, na época), por show e tinha agenda lotadíssima. As TVs disputavam a sua presença e ele, malandramente, chegava dirigindo um dito cujo – era proprietário, também, de um Passat verde-metálico.
 Com tanta badalação, o Fuscão Preto não ficava mesmo na garagem. Teve paródias, respostas e foi parar nas telas dos cinemas, com um dos filmes estrelado por Xuxa e com Almir Rogério participando. Um outro, estrelado por Denise Dumont e Monique Lafond, duas divas da hora, contava história de moças do interior seduzidas pelo cheiro da gasolina do automóvel.
 Enquanto isso, Almir Rogério aproveitou o sucesso que pintou por conta do modelo imaginado por Ferdinand Porsche, na Alemanha de 1935, e lançou um LP (discos com 12 a 14 músicas, em 33 rotações por minuto) em que o novo herói era O Motoqueiro, sujeito que roubava a passageira de um Fuscão preto, no dia do casamento dela – o cara trocara o besouro pela motoca?          

Nenhum comentário:

Postar um comentário