Vasco

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

APITO FINAL! TIME DO CÉU, PRECISANDO DE GOLEADOR, LEVA O VASCAÍNO CÉLIO.


 Célio Taveira Filha, neto do remador Antônio Taveira, integrante do primeiro grupo campeão de remo pelo Vasco da Gama, em 1906, foi levado pela Covid-19, durante a madrugada de hoje. Desde o dia 23 ele esteve internado no Hospital Samaritano, da paraibana João Pessoa.
Reprodução da
 Revista do Esporte
 Sujeito espiritualista, que dizia não existir a morte, fazia conferências espíritas e orações em casas de quem o pedia. Também, gostava de enviar e-mail aos chegados, contendo mensagens religiosas. Partiu deixando quatro filhos (dois homens e duas mulheres, oito netos e dois bisnetos)
 Maior goleador vascaíno da década-1960, Célio foi campeão de torneios amistosos no México e no Chile; do I Toro Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro, da I Taça Guanabara-1965, e da principal disputa brasileira daquela  época, o Torneio Rio-São Paulo-1966. Jogou, também, pela Seleção Brasileira - chegou  formar dupla fatal com Pelé - e pelo Corinthians, mas a sua fase mais produtiva aconteceu defendendo o uruguaio Nacional, de Montevidéu, pelo qual tornou-se o segundo maior goleador do clube em Taças Libertadores - e terceiro entre os brasileiros. Era um grande ídolo da torcida tricolor. Tanto que o clube o convidava para todas as suas grandes comemorações.
A Rádio Globo-RJ foi a Uruguai,
 transmitir estreia de Célio, no Nacional 
Foto: álbum do repórter Deni Menezes
Célio era uma espécie de “Rei da Cidade”, na capital uruguaia. Ao ponto de uma emissora de rádio, para ganhar pontos na audiência, evidentemente, ofereceu-lhe a presentação de um programa. Num deles, Célio arrombou o horário, entrevistando Roberto Carlos, que estava no auge, em 1967, e com discos vendendo muito por Uruguai, Argentina, Chile e no Paraguai, gravados em espanhol. Ele foi ao hotel onde o Roberto se hospedava e o deixou muito alegre pela visita, pois o “Brasa” era torcedor vascaíno. E contou-lhe uma história interessante:  durante noite em que ele e Erasmo compunham, o “Tremendão” deixara um rádio ligado, baixinho, para acompanhar a estreia de Garrincha no Corinthians, contra o Vasco. Quando Célio marcou o seu segundo gol na partida, Erasmo quase o esmaga, com um abraço, gritando:
 “Celhaço" na rede, bicho!”
 Este jogo lembrado por Roberto Carlos foi durante a noite de 2 de março de 1966, no paulistano estádio do Pacaembu, diante de mais de 40 torcedores, e está anotado no caderninho do então repórter Deni Menezes, da Rádio Globo-RJ. A atuação de Célio foi tão boa, contava o locutor Orlando Baptista, da Rádio Mauá-RJ, que o presidente do uruguaio Nacional, presente ao prélio, não sossegou enquanto não o contratou. Para ele, Célio seria o substituto de Atílio Garcia, o até então insubstituível artilheiro que o seu clube procurava há mais de uma década.
Célio estreou quebrando tabu, de várias temporadas, sem vitórias do Nacional sobre o rival Peñarol. Dali por diante ninguém mais o segurou. Só o goleiro Manga, ex-Botafogo.
Célio (C), entre Luizinho Goiano, Mário Tilico, Lorico e Zezinho foi campeão
o principal goleador da I Taça Guanabara - foto reproduzida da revista
carioca Manchete
Contava Célio que o proprietário de um posto de gasolina, perto de onde treinava o Nacional, por ser torcedor do clube, ofereceu desconto aos atletas e cartolas que abastecessem o carro em seu estabelecimento. Um dia, quando ele aproveitava a promoção, o frentista cobrou-lhe uma conta deixada pelo Manga (Aílton Correa de Arruda). Pagou, mas foi em cima do Manguinha, querendo saber que história era aquela, e ouviu:
- Célio, você é o rei de Montevidéu. Como ninguém lhe cobra nada e eu estava duro, de um migué no cara.
Célio deu um esporro no Manga, que fez que não ouviu e, dias depois, repetiu o golpe. Saiu com outra:
- Célio! Segura mais esta. Se tiver pênalti contra a gente, no domingo pego, pra você. E se vire lá na frente.
 Quis o destino que, aos 40 do segundo tempo, houve uma penalidade máxima contra o Nacional. E não rolou de Manguinha ir lá catar a bola!
Aos 45, com juiz já levando o apito a boca, pra encerrar a contenda, Célio marcou o gol da vitória, por 1 x 0. Quando os jogadores chegaram ao vestiário, após a peleja, o glorioso Manga chegou pra Célio, dizendo:
- Esta vale mais um tanque de gasolina, né?

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