Vasco

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

O VENENO DO ESCORIÃO. ATÉ POR MARES REVOLTOZAÇOS 'SOY LOCO POR TI BRACIL'

    Durante algum tempo do século passado, rolou a frase “este não é um país sério”, atribuída ao Brasil. Poderia até ser, dado o número de rolos em que se metia o “Pindorama”’, principalmente, quando nada tinha a ver com questões envolvendo ditadores latino-americanos. Se bem ter havido situações em que o Brasil caiu de paraquedas no circuito, como leremos abaixo.

Era o 22 de janeiro de 1961 quando o capitão português Henrique Galvão sequestrou o transatlântico Santa Maria, achando que a sua iniciativa ajudaria a derrubar o governo do ditador e ex-amigo Antônio de Oliveira Salazar, do qual tornara-se inimigo pela década-1950, quando fora preso e expulso do Exército.

Em 1959, o Galvão conseguiu fugir, refugiar-se na embaixada argentina de Lisboa e obter asilo político na Venezuela. Por aquele tempo, os inimigos salazaristas o cultuavam, o tornaram popularíssimo. Motivo para ele aproveitar o exílio venezuelano e planejar o primeiro sequestro marítimo do planeta. Em 9 de janeiro de 1961, quando o Santa Maria partiu de Lisboa, rumo aos Estados Unidos, durante escala no porto venezuelano de La Guaira, ele adentrou à nave, juntamente com gente de sua patota, e se juntou a outros 20 embarcados, em Portugal, incógnitos, dentre 612 passageiros e 350 tripulantes.

 Rolava a madrugada da de 22 de janeiro daquele 1961, quando os 24 parceiros do capitão Galvão dominaram o navio e mataram um oficial resistente. Os demais se renderam e o navio foi redirecionado para a África, a fim de chegar a Luanda e, dali, partir para a derrubada do governo Salazar. O capitão Galvão só não contava cruzar com um cargueiro dinamarquês que o dedurou, o fez ser localizado por avião norte-americano e, de quebra, meteu o Brasil no rolo.

Reprodução de capa de livro


 Chegou-se a 2 de fevereiro e o navio sequestrado fugiu para Recifel. O capitão Galvão, então, reuniu a sua patota e convenceu a rapaziada de que o melhor, naquele momento, seria se entregar às autoridades brasileiras, que lhes concederam asilo político - pra desagrado do ditador Oliveira Salazar, que lamentou não ser mais “Pindorama” uma colônia lusitana, e descascou vitupérios impublicáveis pra cima dos brazucas

 Cinco dias depois, o presidente Janio Quadros, que vivia início de governo e só “tava´ í  pro que fosse um bom uísque pelos finais de expediente, mandou devolver o navio aos portugueses e deixou o Galvão viver por aqui (até 1970, quando um Alzheimer o sequestrou desta vida) - nesta, xingamentos do Salazar incluídos, realmente,  o Brasil entrou de gaiato no navio

 

 

 


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